12| À um passo de cair da corda bamba.

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ANNE MALLOY

Eu sabia, não devia estar tão empolgada com o convite de Thomas. O que aliás, não foi bem um convite. Eu nem sabia o que pensar em relação à isso ou o que usar no dia. Eu não queria me preocupar tanto com impressioná-lo, não achei que fosse esse tipo de garota mas pelo visto me enganei terrivelmente, queria que ele me visse bonita e como alguém capaz de despertar seu interesse e não só sua amizade.

Claro que eu já me sentia feliz por ter essa dádiva de ser sua amiga, mas o que seria pior, estar apaixonada por alguém que não sabe de sua existência ou por um amigo?

De qualquer forma não mudaria nada, eu ainda estaria presa naquela corda bamba. Cheguei até fechar meus olhos e só andar nas pontas dos pés seguindo o meu coração. Não sabia quanto tempo tinha até a corda acabar ou até que eu caísse de tão alto, o dia que meu coração gritaria ao ponto de me fazer tropeçar e cair do meu penhasco imaginário. Adentrar ainda mais na escuridão do vazio que se instalaria em meu coração.

Mas os sorrisos de Thomas ou os seus olhares fazia essa corrida na corda parecer tão incrível. Como se me desse sua mão e me guiasse à caminho de seu coração. Seu sorriso dizia que eu podia entrar, mas as chaves que seu olhar me dava não funcionavam. Então, eu não entrava e só ficava ao lado da porta na esperança que ela se abrisse por conta própria.

Só queria saber a combinação de seu coração, talvez fosse todas as palavras confusas que seus olhos me mandavam. Talvez fosse o que sua boca que ficava entreaberta queria dizer, mas ele não dizia nada. Eu nunca saberia a combinação exata.

Diferente de mim, ele deixava seu coração bem guardado à sete chaves e cadeados, não só uma mas várias combinações. Tentar entrar à força só me machucaria e talvez o caminho nessa corda bamba nunca terminasse, mesmo que eu cambaleasse algumas vezes com o seu olhar, eu sabia que eu nunca iria cair.

De repente fiquei forte demais para suportar seu olhar em mim, àquela piscada que parecia que ia me causar um infarto só serviu como ponte. Uma ponte que eu podia subir e ficar segura por um tempo antes de voltar para a maldita corda. Um momento em não andei sozinha, o momento em ele me chamava para dentro de seu coração. Por um momento, eu senti e eu sei que meus sentimentos são traiçoeiros as vezes, mas eu me senti tão bem como se Thomas também me quisesse.

— Ele te chamou para festa, por que você não está feliz? — Hollie disse antes de tomar seu milkshake.

Nós estávamos na Jô Pierce's, acredito que era o unico lugar legal ali por perto. Eu e Hollie íamos apenas as vezes quando o assunto era de extrema importância e esse com certeza, era.

— Ele me chamou como amigo.

— Anne, todas as relações precisam de um começo — ela disse com seu olhar solidário. — Ele não vai se apaixonar por você da noite pro dia.

Ele não ia mesmo e talvez nunca fosse.

— Você tem razão, ele não vai — eu disse sem ânimo algum.

Eu sabia que eu nunca intrigaria ninguém. Gostava do meu eu e de ser tão simples assim, mas eu gostar não significava que os outros sentiriam o mesmo.

— Não foi isso que eu quis dizer — minha amiga se pronunciou ao entender o meu olhar. — Você é incrível Anne e ele se interessou em conhecer você sem que fizesse nada para isso! Talvez ele acabe gostando tanto de você como você dele, mas isso pode não acontecer também.

— Eu sei — suspirei fundo.

E eu sabia mesmo, era só no que eu pensava.

— Thomas não é o tipo de cara que se apaixonaria por mim.

O Caderninho De Anne MalloyOnde histórias criam vida. Descubra agora