THOMAS ANDREWS
O intervalo passado havia sido estranho, após eu dizer que Anne era sim uma pessoa interessante, ela ficou quieta demais. Imaginei que estivesse envergonhada. E ela ficou com vergonha, ficou se esquivando demais e começou a direcionar suas palavras só para Rose. Ela fez isso até o sinal tocar e então não nos falamos mais.
E eu sabia o motivo dela começar agir estranho, eu sabia que era culpa minha e do que eu havia dito. Mas alguém tinha que dizer que ela era uma pessoa interessante, ainda mais alguém que tivesse tanta importância para ela como eu tinha.
E não era mentira, não disse só para que ela se sentisse bem ou algo assim. Eu disse a verdade. E eu não conseguia entender o porque dela se achar desinteressante.
Anne era engraçada, leve, desajeitada e muito, muito sorridente. Quando sua boca não se abria para um sorriso, era seus olhos que riam. E eles riam, se divertiam com o brilho e me explicavam como seria tão fácil me apaixonar por ela. Me olhavam e me faziam pensar por longos segundos, davam sentidos a coisas bobas e roubavam toda a minha atenção.
Era tão satisfatório a observar mas ela sempre ia embora, me deixava sozinho e eu ria, balançava a cabeça. Negava qualquer tipo de pensamento, eu não ousaria me interessar por ela e então a machucar. O amor sempre tinha o mesmo final e eu não seria o cara que a deixaria amargurada.
Gostava do seu jeito de levar a vida, tão leve e simples como se só viver fosse necessário, sem se importar com o resto. Eu queria ser assim, se eu não me importasse com a relação de meus pais, talvez eu acreditasse no amor.
Mas eu tinha o exemplo em casa e eu não queria viver aquilo.Anne ainda veria que o amor não era tudo aquilo, mas não era eu quem faria isso. Seria como dizer à uma criança que papai noel não existia. Ela acreditava muito no amor e eu sabia que ele de fato existia, dava certo raramente para raros casais. E com a sorte que eu tinha, eu sabia que não daria certo para mim.
Uma pena, porque Anne era alguém por quem eu me apaixonaria.
Com toda a chatice do mundo, é legal se arriscar no amor.
Me aventurar no seu olhar, fugir para qualquer outro lugar e nunca mais voltar. Eu nunca voltaria de lá, mas ele nem ao menos me deixa entrar.
Então eu fico no frio à beira de seu olhar.
A porta trancada e ele não escuta minhas batidas, ele não me enxerga, ele não faz parte do meu mundo e eu fico tentando entrar no seu à força.
Eu nunca consigo, só fico pensando bobagem e escrevendo poesias, mas nunca faço algo quanto à isso.
Eu gosto muito dele mas a timidez me vence sempre, eu nunca irei falar nada. O que eu diria? "Eu sou apaixonada por você, seus olhos e tudo, até escrevo sobre isso. Não, eu não sou maluca, só tenho o coração muito fácil. Eu sei que você nunca falou comigo, não me conhece mas eu me apaixonei..." Não, definitivamente não!
Isso ficará só no meu coração.— Eu acho que você disse que eu precisava de ar, mas aqui é outro lugar fechado — Anne já reclamava ao entrar no ginásio da escola. — Sem falar que não pode ficar aqui sem um professor.
— Eu gosto daqui — disse dando de ombros e pegando a bola de basquete que estava por ali.
Eu quis a levar para outro lugar e no ginásio eu poderia fazer algo que eu gostasse, ela reclamou muito no caminho e disse que se fosse para passar o intervalo fora da biblioteca, ela passaria com Hollie. Eu a convenci, acho que não precisei de muito.
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O Caderninho De Anne Malloy
Teen FictionAnne Malloy acha que escrever sobre seus sentimentos em um caderninho de capa rosa é melhor do que simplesmente só pensar sobre, então ela escreveu tudo, tudo que sentia por Thomas Andrews. Mas ela nunca pensou que perderia aquele caderninho... "E...