Capítulo 1: But I Want Him So Much

514 39 21
                                    

Shouto e Momo eram casados e juntos eles formavam o poderoso duo de heróis que estampavam frequentemente as capas de revistas familiares, ostentando seu saudável relacionamento.

Um homem e uma mulher que respeitavam e apreciavam um ao outro, a epítome de um relacionamento ideal e tradicional.

Na realidade, era apenas uma conveniência.

Os dois de fato se respeitavam, eram melhores amigos desde a época da escola, mas essa era a extensão de seu relacionamento. Nunca houve atração entre eles, não desse jeito.

Todavia os dois tinham famílias opressivas e tradicionais demais, e além disso, viviam em uma sociedade onde dois heróis, ou honestamente qualquer pessoa, abertamente homossexuais não teriam uma chance sequer nos destaques.

Shouto Todoroki nasceu de uma família forjada. O casamento de Enji e Rei foi uma farsa muito mais desprezível que a sua própria, o que por muito tempo fez com que ele se sentisse enojado por sequer considerar a hipótese.

Sabia que existiam outras pessoas que faziam aquilo, pelo país inteiro, porém preferia pensar que o seu caso era diferente. Porque Momo e ele eram amigos, e eram honestos um com o outro, porque fizeram aquilo de comum acordo, ou porque ninguém havia sido forçado em um relacionamento indesejado — bem, essa parte era apenas meio verdade.

Os dois lamentavam a realidade em que viviam com frequência, mas concordaram que fazia sentido para eles. Afinal, se Todoroki não se casasse com Yaoyorozu, seu pai teria dado um jeito de forçar-lhe a uma mulher de sua escolha, como havia insinuado muitas vezes. No início, Enji dizia que apesar de Momo ser uma pessoa incrível, sua individualidade não era compatível com a de Shouto, e que havia uma possibilidade de seus herdeiros nascerem fracos, ou pouco úteis no campo heróico.

Não importava o que Enji achava, Shouto nunca deu a mínima para isso — não totalmente. Ele e Momo tinham um arranjo funcional, e enquanto não era a situação ideal, era o que eles podiam fazer em um país em que a mentalidade das pessoas ainda era tão retrógrada.

Se aquelas pessoas soubessem o tipo de vida que ele levava entre quatro paredes. Ele se perguntava se elas gostariam tanto do herói Shouto se soubessem da verdade? Mas tinha suas dúvidas quanto a isso.

O bicolor suspirou, afastando os pensamentos de sua mente. Havia acabado de chegar em casa após mais um dia de trabalho árduo, largando as chaves no móvel próximo a sua porta. Ele não estranhou em ser recebido pelo silêncio, subindo para o seu quarto. Viu alguns bilhetinhos colados no espelho, Momo avisando onde estaria caso ele precisasse de alguma coisa. Shouto sorriu ao lê-los, antes de destacá-los dali e guardá-los em uma gaveta.

Momo era carinhosa, independente da natureza da relação deles, e isso fazia toda a diferença do mundo para o bicolor, pois sabia que tinha uma aliada nela. Ainda que não pudesse amá-la como mulher, sabia que jamais conseguiria viver sem ela em sua vida.

Deixando outro suspiro abandonar seus pulmões, Shouto se preparou para iniciar seu ritual.

Dirigiu-se ao banheiro, tomou um banho quente e relaxante, vestindo roupas confortáveis em seguida. Quando voltou ao quarto, sentou-se na cama e removeu sua aliança, puxando a última gaveta da mesa de cabeceira, tirando de lá uma pequena caixinha aveludada. O adorno dourado foi cuidadosamente posicionado lá dentro, retornando ao seu lugar de origem.

Shouto se deitou na cama, tomando espaço, espreguiçando-se sobre o colchão macio. Momo provavelmente tinha ido encontrar-se com Jirou, sabia que era isso que ela fazia neste dia específico. Logo balançou a cabeça, afastando esses pensamentos, pois não era o momento de pensar sobre ela.

Wounds We Don't Want To Stitch - bnha | tdbkOnde histórias criam vida. Descubra agora