Capítulo 5: Mama, Will I Ever Be Free?

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— Ah, Shouto! — Sua mãe cumprimentou docemente ao abrir a porta de sua pequena casa, para onde ela havia se mudado logo que havia saído do hospital.

— Oi, mãe. — Ele entrou, fechando a porta atrás de si e se aproximando, para poder se sentar no sofá da sala.

— O que aconteceu, Shouto? — Bastou que ela olhasse para ele por meros segundos, para que imediatamente percebesse que algo estava errado.

Shouto odiava preocupar Rei com seus problemas, por isso ele só a visitava quando estava se sentindo relaxado, ou junto de Fuyumi e Natsuo, onde podia disfarçar melhor suas emoções, para não preocupá-la.

Rei sempre foi uma mulher sensível e intuitiva, e se na noite passada ele havia conseguido controlar-se, agora bastou apenas o toque suave de sua querida mãe segurando seu rosto, e quando ela o puxou para um abraço, as lágrimas começaram a rolar, como se tivesse aberto uma torneira que não sabia como fechar. Era um choro doloroso, toda a exaustão de seus dias parecendo desabar sobre ele de uma só vez, esmagando-o.

— Mamãe, eu não aguento mais isso, não aguento... — Sentia-se novamente uma criança, pequeno e frágil, molhando a blusa de sua mãe com lágrimas, enquanto a segurava com suas mãozinhas minúsculas.

Só que agora ele era um adulto feito, dono de suas próprias decisões. Um herói para muitos, com deveres e responsabilidades. Todavia bastava um único dia na presença opressiva de Enji para que tornasse a se sentir completamente vulnerável, sem qualquer controle sobre sua própria vida.

— Shh, vai ficar tudo bem, meu amor. — Sua mãe acariciava seus cabelos, tentando acalmá-lo. Levou um tempo até que ele conseguisse parar o choro e pudesse levantar o rosto novamente, e ainda assim, ela colocou as duas mãos em seu rosto, limpando as lágrimas e sorrindo. — O que aconteceu, hm? Converse comigo.

— Eu não... — Ele mordeu o lábio, tentando não deixar que outra crise de choro tomasse conta de si. Sentia-se um pouco patético, mas não podia evitar. — Você sabe que não estou mais casado com a Momo... E eu... Endeavor me fez conhecer uma mulher hoje.

— Oh. — Sua mãe levantou as duas sobrancelhas, surpresa. — Seu pai nunca teve muito tato com as coisas... — Shouto desviou o olhar. — Shouto, o que mais?

Ele respirou fundo, como se estivesse se preparando para um discurso, ou algo assim. Queria não ter que encará-la para o que estava prestes a dizer, porque não aguentaria ver a decepção em sua face, não aguentaria machucá-la de novo, mas era insuportável carregar tudo aquilo sozinho.

— Eu sou uma farsa, mãe.

— Uma farsa? — Ela o fitou com atenção, inclinando um pouco o rosto em confusão.

Ele não aguentava mais olhar para ela, então encarou as próprias mãos em seu colo.

— Eu não sei, eu só... sinto como se estivesse vivendo uma mentira. Todos os dias. E eu não quero mais viver assim, mas eu não sei o que fazer, eu não... eu não sei por onde começar, sinto que me perdi no meio do caminho, e–

Novamente ele sentiu seu rosto ser tocado pela mulher. Rei olhava para ele com carinho e o quebrava ainda mais não ser capaz de lhe dizer o que realmente queria, contar a verdade que ele não poderia novamente formar uma outra "família", porque nada disso era o que ele queria.

Gostaria de lhe dizer que em algum momento, houve alguém com quem ele queria fazer todas essas coisas e essa pessoa não era Momo, nem nenhuma das outras mulheres que seu pai poderia tentar empurrar em sua direção. Só havia uma pessoa e agora essa pessoa também tinha ido embora.

Wounds We Don't Want To Stitch - bnha | tdbkWhere stories live. Discover now