14. Bolo Com Mel

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Março de 1820 — Grécia — Karpenissi

Tive sonhos agitados, comecei a me mexer na cama me virando de um lado para o outro tentando achar uma posição confortável novamente, mas estava difícil. Abri os olhos e estava escuro, era de noite, tinha algumas velas acesas iluminando meu quarto. Sentei-me na cama, dessa vez eu já conseguia ver um pouco melhor com meu olho inchado.

Koúkla, posso entrar? — disse Dimitri baixinho batendo na porta.

— Entre. — respondi me espreguiçando.

Ele entrou trazendo uma bandeja com comida e bebida. Levantei uma sobrancelha mostrando que tinha achado estranho ele a essa hora no meu quarto.

— É que eu estava passando e ouvi você se mexer na cama, então fui à cozinha e peguei seu jantar. Dona Despina fez um caldo de galinha bem nutritivo para você. — disse ele colocando a bandeja ao meu lado.

— Nossa, eu me mexi tanto assim?

— Eu tenho a audição muito boa.

— Obrigada pela comida, eu só preciso lavar o rosto para despertar.

Arrumei meu robe e tirei a coberta de cima de mim, Dimitri me ajudou a levantar da cama e me sentou na penteadeira. Tinha uma bacia com água, coloquei meu cabelo para trás, peguei a água com as mãos formando uma concha e levei até meu rosto sentindo aquela água fria me despertando. Peguei a toalhinha e me sequei, olhei-me no espelho e meu olho até que não estava tão feio, apesar de bastante roxo e dolorido. Meu cabelo estava horrível, amassado e embaraçado, peguei a escova e comecei a penteá-lo, mas meus braços estavam doloridos. Dimitri, que estava observando toda a cena, se posicionou atrás de mim e pegou a escova da minha mão.

— Deixa que eu faço isso, moça. — disse me olhando pelo espelho.

Nossa! Não estava acreditando que ele iria pentear meus cabelos. Ajeitei-me na cadeira e fiquei esperando ansiosa pelas mãos dele. Assim que ele colocou as mãos em minha cabeça separando as mechas para pentear, meu coração acelerou e eu respirei fundo fechando os olhos. Eu sentia um prazer tão grande, achava o ato de alguém pentear os cabelos de outra pessoa um gesto de carinho sem igual. Acabei suspirando de prazer.

— É tão gostoso assim?

— Muito. — respondi aproveitando aquela carícia.

Dimitri passava a escova lentamente em meus cabelos, muitas vezes passando os dedos macios em minha cabeça. Era muito prazeroso.

— Bom, acho que terminei, e você precisa comer a sopa que já está esfriando.

Ele me ajudou a levantar da cadeira e me sentou na cama e começamos a comer juntos e a beber. Ele adorava me dar comida na boca e eu gostava disso. Era incrível como nos dávamos tão bem. Eu adorava passar um tempo sozinha com ele.

— A sopa estava deliciosa, mas agora estou com vontade de comer algo doce bem gostoso.

— Fico feliz de te ver com apetite. Éla, vou preparar algo doce para você, Koúkla. — falou ele se levantando.

Dimitri me pegou no colo, coloquei os braços em torno do seu pescoço. Estávamos bem colados um no outro. Fomos descendo as escadas sem fazer barulho, a casa estava bastante silenciosa e escura, deveria passar da meia-noite. Chegamos à cozinha, ele me sentou em cima da mesa e foi acender umas lamparinas, eu puxei uma cadeira na mesa e me sentei.

— Bom, vamos ver o que temos aqui. — disse ele abrindo as portas dos armários e pegando vários ingredientes e vasilhas, colocando tudo em cima da mesa.

Koúkla Mou - Livro 1 - A Viagem dos Meus SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora