Capítulo 8 - Pequenas e Doces Vinganças

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As outras aulas do dia passaram depressa.
Poções não era tão difícil se você prestasse atenção.
Não gostava muito de cozinhar, então não me interessei particularmente por essa aula.

O fato de Snape lecionar para lufanos e corvinos também ajudava bastante.
Sem os grifinórios, ele não tinha ninguém para perturbar, e sem os sonserinos, ninguém para favorecer, então isso criava um ambiente neutro quase agradável.

História da Magia não era tão chata quanto parecia. A matéria em si era bem interessante, mas o Professor Binns, de fato, dava sono.

Draco parecia até um anjo dormindo. Seu rosto ficava completamente relaxado, sem a usual expressão de desgosto e superioridade que carregava.
Sorri. Ele ficaria surpreso com o quanto ele e Harry eram parecidos. Para começar, ambos colocavam o sono em dia na aula de História da Magia.

Depois do almoço, em meu tempo livre, me sentei debaixo de uma árvore nos arredores de Hogwarts.
Pensei em escrever para minha família, talvez Amata conseguisse achá-los, de alguma forma.
Puxei um pedaço de pergaminho, uma pena e um tinteiro e comecei:

"Queridos mamãe, papai e Nicolas,
Acreditem ou não, estou em Hogwarts. A escola de magia de Harry Potter (pode parar, pai, sei que está fazendo careta).
Estou ótima. Mais feliz impossível. Fui selecionada para a casa que amo e já aprendi algumas coisas"

A tinta espirrou no pergaminho, manchando as palavras. Como era difícil ter de escrever com pena e tinta!

"Daria tudo por uma simples caneta", pensei. "Bruxos não são nada práticos".

Amassei o pedaço de pergaminho e atirei longe, com raiva.
Puxei outro e comecei de novo.

– Ei! - uma voz conhecida reclamou.

Olhei para cima e vi Draco com um pedaço de pergaminho amassado em mãos. Ele estava acompanhado com sua gangue de sempre: Crabbe, Goyle, Pansy, Blaise e Theo.

– Foi você que jogou isso em mim, sua sujeitinha de sangue-ruim? - perguntou ele, a expressão de desgosto de volta em seu rosto.

– Ah, me desculpa. Foi sem querer - disse, voltando a escrever.

– O que você tanto escreve? - perguntou Draco, arrancando o pedaço de pergaminho de minhas mãos - "Queridos mamãe, papai e Nicolas". Que fofo. Quem é Nicolas? Seu namorado?

– Meu irmão - disse, me levantando - Agora me devolve.

– Ah, não - disse ele, debochando - Vamos ler mais.

Todos riram.

– Vou te dar mais uma chance - disse, estendendo a mão - Me devolve.

– "Vou te dar mais uma chance" - disse Draco, me imitando - Acha que assusta alguém, sangue-ruim?

Accio - o pergaminho pulou das mãos dele para as minhas.

Juntei minhas coisas, me virei e comecei a andar em direção ao castelo.

– Vai fugir, é? - provocou Draco - Covarde!

– Não mais do que você - disse, me virando - Everte Statum!

Ele voou para longe, dando cambalhotas no ar.
Dessa vez, todos os seus amigos riram dele.

– Parem! - gritou Draco - Parem de rir agora! Se contarem isso para alguém eu mato vocês.

***

Passei pela porta para ver Luna revirando a Comunal inteira.

– O que está procurando? - perguntei, me aproximando dela.

– Minha bolsa - disse Luna - Estava aqui em algum lugar... mas não consigo achar.

Pelo canto do olho, pude ver Felicity se segurando para não rir.

"Alguém da nossa própria casa?", pensei. "Que vergonha!"

Se bem que depois de Quirrell e Lockhart, infelizmente deveria esperar qualquer coisa de um corvino.

– Vamos, Luna - disse - Vamos achar a sua bolsa.

***

Não demoramos muito para achá-la. Estava pendurada no alto da Torre Norte.
Com um simples "Accio" eu a trouxe de volta e entreguei para Luna.

Quando estava a caminho da aula de Herbologia, lancei um "Travalíngua" em Felicity.
Fiquei sabendo que todos riram quando ela tentou apresentar seu trabalho de Transfiguração.
Daria tudo para ter visto.

Ao final do dia, voltei para o Salão Comunal e encontrei Luna observando as estrelas.

– Luna - chamei, me aproximando dela.

– Ah, oi Nicole - disse ela, sorrindo - O céu é tão lindo, não?

– É, sim - disse, sorrindo - Sabe, fiquei um pouco preocupada hoje.

– Por quê? - Luna me olhou, virando a cabeça de lado como um cachorro.

– Por você - disse - As pessoas te zoam e escondem suas coisas. Não gosto disso.

– Está tudo bem - disse ela - Já estou acostumada.

– Por isso mesmo! Não era para estar - disse - Não está certo! Sei que pode parecer estranho... mas tenho um dormitório só para mim e não gosto muito. É bem solitário.

Luna me olhou, ainda tentando entender onde eu queria chegar.

– O que quero dizer é que me sentiria melhor se você se mudasse e dormisse junto comigo - disse - Só se quiser, claro. Podemos transfigurar uma cama para você e até aumentar o tamanho do quarto se quiser.

– Seria legal - disse ela, sorrindo - Ter uma amiga para variar.

Na mesma hora ela levou suas coisas até o que seria, a partir daquele dia, o nosso dormitório.
Para que ninguém pudesse entrar e mexer nas coisas dela, coloquei um feitiço de senha na porta.

– Luna ama pudim - disse, a porta se abrindo para me deixar entrar.

Deitei na cama e encarei o teto. Tentaria dormir um pouco até a aula de Astronomia. Olhei para o lado e vi que Luna ainda estava acordada.

– Estava pensando... De onde será que a aldrava tira todos esses enigmas? - pensei alto - Será que ela tem alguma espécie de cérebro como o Chapéu Seletor, que torna possível conversar com ela? Ou será que ela simplesmente diz os enigmas e abre a porta?

– Você é tão normal quanto eu, não é? - Luna perguntou, sorrindo.

– Não estamos na mesma casa à toa, sabia? - falei, séria.

Olhamos uma para a cara da outra e caímos na gargalhada.

– Você é uma boa amiga, Nicole - disse ela, bocejando.

– Você também, Luna - disse, sorrindo - Você também.

Fixing Hogwarts Where stories live. Discover now