I'm falling - View of Miranda

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AVISO DE GATILHO - VIOLÊNCIA DOMÉSTICA, VIOLÊNCIA FÍSICA, VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA. 

LIGUEM 180, PEÇAM AJUDA E NUNCA, NUNCA SE SINTAM CULPADAS!

ACREDITEM EM VOCÊS!

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Eu ouvi a porta da entrada de fechar, era ela, eu sabia ser ela. Sai o mais rápido que eu pude para que ela pudesse me ajudar, mas já era tarde, lá estava ela como a mais de um ano, parada me olhando, mas dessa vez os seus olhos não tinham medo, tinham magoa e dor, pude ver em suas mãos as flores que eu tanto amo e os brigadeiros da Glorious Food que ela certamente comprara para mim. 

Mas antes que eu pudesse falar algo senti ele ao logo atrás de mim, senti sua respiração na minha nuca, me faltou coragem, ele poderia machucar Andrea, eu sabia que sim. Senti a mão dele apertar minha cintura com força, me acovardei como em todas às vezes que ele me apertou assim, como todas às vezes que ele me deixou marcada.

Andrea me deu as costas, eu implorava mentalmente que ela percebesse que eu estava desesperada, que ela visse nos meus olhos o medo que me apossava, implorei que ela saísse dali e pedisse ajuda. Mas ela não voltou, ninguém voltou, eu estava sozinha.

- Finalmente a sós querida.

- Não me chame assim, sabe que eu detesto.

- Você gostava no início...

- No início quando você não era um filho da puta...

- Sua vagabunda, ordinária. - senti o primeiro tapa. 

Meu rosto ardeu, senti uma lágrima escorrer. Eu fora enganada, não havia prova alguma, não havia herança, não havia nada. Stephen só precisava de um pretexto para ficar perto de mim outra vez, ele sabia que eu mandaria as meninas para outro lugar, sabia que eu não faria mal a Andrea. Ele me conhecia bem até demais, ele previu todos os meus passos.

Eu fiquei ali, sentada entre às duas poltronas, eu não sabia o que ele faria comigo, quando ele se virou para pegar a milésima dose do whisky que estava quase no fim eu não tive dúvida, me levantei e corri para fora da sala. Eu precisava chegar as escadas. 

- Onde você acha que vai sua maldita, você não vai escapar de mim.

- Me solta, socorro!

- Se você gritar mais uma vez eu te jogo escada abaixo e acabo com a vidinha da sua amante. 

Eu parei de me debater e ele me colocou no chão, eu precisava de um telefone, eu precisava de ajuda. O telefone mais perto era o do meu quarto, eu precisava chegar até ele. Tirei os sapatos e corri mais uma vez escada acima em direção ao quarto.

- Sua vagabunda, eu vou acabar com você.

Stephen me puxou pela cintura a poucos metros do quarto e me arremessou contra a parede, nunca imaginei que ele tivesse tanta força. Minhas costas bateram com tanta força na parede que me faltou o ar. Senti sua mão enrolar nos meus cabelos, ele levantou minha cabeça e me fez olhar para ele. 

- Você achou que ia ser fácil, que ia me trocar por uma garota secretariazinha, que iria me deixar na miséria e que eu ia aceitar? 

- Stephen, por favor, podemos fazer um acordo...

- Você já fez o acordo Miranda, esse é o acordo, você é minha mulher e só será minha mulher.

Ele tentou me beijar e eu mordi sua boca até sangrar. 

- Sua bruxa, vadia sem alma... - o segundo tapa veio e terceiro não demorou a chegar.

Ele foi até a janela no fim do corredor, meu rosto ardia, minhas costas doíam e a falta de ar estava me deixando zonza, nessa altura eu já achava que ele realmente me mataria. Mas com a promessa de rever minhas filhas e ter mais uma vez Andrea nos braços me levantei e corri para o quarto, fechei a porta e passei a chave, eu tinha uma porta bem reforçada e com o estado que Stephen se encontrava devido à bebida ele não teria coordenação para arrombar ela. Como eu tinha me deixado ser enganada dessa forma? Como pude aceitar isso, eu fui tão estúpida.

- Sua vadia, ainda não acabou, espera para ver o que preparei para nossa noite amanhã.

Ele deu alguns chutes na porta e eu me encolhi no canto do quarto, o choro fazia minha respiração ficar pior e a dor maior, mas eu não conseguia parar. Rastejei até o telefone que ficava na minha cabeceira, mas não tinha linha. 

Eu estava perdida, eu precisaria aguardar que o amanhecer chegasse e rezar para que algum dos meus funcionários percebesse o clima estranho, Roy, ele me levava todas as manhãs, ele daria falta de mim, Andrea, ela também sentiria certo? Ou talvez a essa hora já tenha abandonado a Runway... Oh e minhas filhas, por deus eu não posso morrer, minhas filhas precisam de mim.

Então as luzes se apagaram, ele desligou a casa inteira. Fui até o banheiro e tomei um banho frio e rápido, coloquei uma camisola e me sentei na poltrona, eu estava exausta, mas não tinha coragem de dormir, tinha medo de fechar os olhos pela última vez. 

Com muito esforço consegui arrastar uma cômoda até a porta para dificultar qualquer entrada forçada, tranquei as janelas, eu sabia que ele não conseguiria subir até o terceiro andar, mas a essa altura o medo e a paranoia me dominavam.

Minha costela tinha um roxo que se estendia das costas até quase o meio da barriga, a falta de ar denunciava que algo estava errado. 

- Oh deus, por favor, me ajude, não me deixe morrer nas mãos desse homem.

Em algum ponto a casa ficou em silêncio, mas eu não tinha coragem de sair, não tinha condições de lutar com Stephen, a casa escura não ajudava em nada, eu fui ate minha escrivaninha e peguei a única coisa perfurante que eu tinha, um abridor de cartas de metal, segurei o metal frio bem firme na mão. Escondi ao meu lado embaixo da almofada, se ele entrasse eu poderia atacar sem que ele visse, eu tecia planos de defesa na minha mente.

Quando os primeiros raios apareceram ouvi barulho no corredor, meu sono passou na hora e a adrenalina me acordou.

- Bom dia Miranda querida, estou de saída, volto a noite. Me espere em casa e não ouse sair desse quarto ou pisar na maldita Runway. Até mais meu amor.

- Vá para o inferno Stephen.

- Assim que eu gosto, gosto de você agressiva.

Os passos pararam, fui até a porta e retirei a toalha da porta, espiei pela fechadura e ele não estava mais lá. Corri para o banheiro e vomitei, minha costela parecia que iria me matar. Voltei em direção a cama e ouvi Margaret minha governanta na porta.

- Miranda, está tudo bem?

- Sim, eu não estou muito bem hoje, ficarei em casa.

- Em casa, tem certeza.

- Sim, tenho.

Eu precisava de um plano, mas o que eu faria? E se Stephen descobrisse e se alguém da minha casa tivesse sido comprado por ele? Mas antes que eu pudesse pensar uma fraqueza me tomou e eu senti minhas pernas cederem, senti meu corpo cair e minha cabeça pesar. Eu apaguei.














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