O sonho

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            Ângela Dougherty acordou ofegante como se tivesse corrido uma maratona. Ela sentiu um gosto salgado nos lábios e, surpresa, viu seu rosto ainda estava molhado de lágrimas. Ela sentiu um arrepio ao lembrar-se do sonho terrivel.

            Ela olhou para o relógio da cabeceira e viu que ainda tinha uma hora antes do horário que normalmente ela se levantava. Mas ela já estava bem desperta. Chutou as cobertas e pegando uma toalha dirigiu-se ao banheiro.

            Ângela não era alta, mas não podia ser considerada mignon. Em seu ombro existia um sinal de nascença em forma de estrela. Atualmente na família, somente ela e avó possuíam essa marca. E outro sinal no meio das costas como uma linha curva. Com longos cabelos castanhos e olhos violetas sempre brilhantes, ela sempre chamou atenção dos homens, mas sempre se manteve distante por causa das histórias que rondavam sua família. Mas era sempre risonha e disposta a ajudar os outros. E as pessoas gostavam dela quase que imediatamente.  Embora com idade suficiente para ser independente, amava morar na casa da família com a mãe Elinor e a avó Margaret, também conhecida com Maggie.

            Já de banho tomado, ela encarou seu rosto no espelho por alguns minutos. Parecia que ainda via o rosto da jovem de seu sonho. Era o seu rosto. Ela tinha que parar de ficar lendo romances históricos antes de dormir...

            Ângela desceu as escadas silenciosamente, para não acordar a mãe que dormia no quarto ao lado do seu. A avó dormia no andar térreo.

            Mas qual foi a surpresa da moça, ao entrar na cozinha e encontrar a avó já sentada à mesa tomando café.

            - Oi, vovó. Bom dia. – ela se inclinou dando um beijo na face da senhora.

            Maggie Dougherty fez um afago na mão de sua neta.

            - Oi, querida. Levantou-se mais cedo hoje? Aconteceu algo. – Não era uma pergunta era uma constatação.

            Ângela pegou uma porção de folhas dentro de um pote e colocou dentro de um bule com água.

            - Tive um sonho que me acordou. Tenho que parar de ler antes de dormir.

            A velha senhora inclinou-se para frente com os olhos de um tom raro de azul brilhando.

            - Diga como foi.

            - Eu estava na chuva, tentando subir uma escada de pedra escorregadia. Caindo e machucando-me toda. Era uma espécie de torre. Havia uma batalha e eu tinha visto minha família ser morta. Então eu ouvi alguém me chamar, mas não conseguia ver quem era. O rosto estava difuso. Só sabia que era um homem. Nisso chegou um segundo homem e eles lutavam com espadas. Quando o segundo homem levantou a espada pra matar o primeiro, eu me lancei contra o corpo caído e morri também.

            - Hum. Curioso esse seu sonho... – comentou Maggie com um ar misterioso.

            - Vovó, não comece. Não tem nada de especial nesse sonho. Eu li um romance antes de dormir e pode ser fruto do meu subconsciente.

            - Mas... Também pode ser outra coisa.

            - Como o quê? Ser uma lembrança de outra vida? Se o padre Murphy escutar a senhora falar disso vai lhe dar um sermão.

            - Aquele padre é um intrometido! – a senhora reclamou. – Ele quer mudar coisas que não conhece. A magia está em nossa família e ele não pode mudar isso.

O Anjo e o DemônioWhere stories live. Discover now