11. Balança

85 21 3
                                    


Alex adormeceu agarrado a mim, e eu devo ter cochilado por uma hora ou menos. Saí da cama delicadamente, evitando fazer qualquer tipo de barulho, não queria que ele acordasse. Olhei para o chão e avistei meu celular, aproximei-me dele como se o pobre fosse uma bomba relógio e senti um frio correr pela minha espinha, quando apertei o botão para ligá-lo.

Já podia imaginar o visor acusando um milhão de chamadas perdidas e, eu não me surpreenderia se o próprio Marcus aparecesse naquele hotel atrás de mim. Assim que o visor se iluminou, lembrei de que meus pulmões precisavam de ar, para minha surpresa, apenas duas ligações, uma da Gabi e outra da minha casa.

Eram sete da manhã e eu tinha que dar um sinal de vida, não podia abusar da sorte, entretanto, era com Gabi que eu precisava falar antes. Com uma angustia voltando a crescer dentro de mim, eu tinha de expor minha situação a alguém que conhecia bem toda a minha história.

— Oi, Gabi... —sussurrei, trancada no banheiro.

— Lia, pelo amor de Deus! — ela praticamente rosnou para mim. —Tem ideia de que eu estava pronta para pegar um avião e ir atrás de você?

— Eu sei — assenti, me sentando sobre a tampa do vaso sanitário. — Gabi, eu encontrei o Alex aqui e acabamos passando a noite juntos...Agora, ele está dormindo, na minha cama.

Ela bufou e o barulho incomodou meus ouvidos.

— Eu imaginei que isso, ou algo parecido tivesse acontecido, agora, pensa numa pessoa que está inconformada por não termos encontrado aquela carta antes...

Balancei minha cabeça concordando.

— Nem me fale... Só que pior do que isso é o que vem pela frente. — Comecei a chorar discretamente. — Eu sou louca por esse cara Gabi! Louca — confessei, sentindo meu corpo todo concordar comigo.

— Minha amiga, eu não queria estar na sua pele, juro, estou em pânico por você. — Ela realmente parecia preocupada.

Olhei para os lados, sem esperanças de encontrar uma saída para tamanha confusão em que eu estava metida.

— Eu estou perdida, Gabi. Perdida.

Ela nem ousou me dar nenhum daqueles seus conselhos destemidos, nem mesmo os errados que costumavam ser sua especialidade.

Aquele era o tipo de situação que em que você tem vontade de desaparecer da face da Terra e só voltar quando tudo está resolvido.

Novamente lá estava eu, no mesmo lugar em que estivera há cinco anos e, em minha frente, mais uma vez deparava-me com dois caminhos diferentes que no final, me levariam ao mesmo destino: magoar alguém.

Altruísmo e egoísmo, era tudo o que eu tinha, quando na verdade eu precisava desesperadamente de uma terceira opção, algo no meio disso.

Como cancelar um casamento há duas semanas dele acontecer? Como abandonar um cara tão bacana e amável como o Marcus, praticamente no altar?

Sem contar a barra que eu teria de enfrentar, seria massacrada por toda a cidade e havia também meus os pais. que jamais me perdoariam, eu seria uma vergonha para eles.

Eram tantas as razões, as perguntas e os motivos que me barravam, que me impediam de decidir-me pelo que eu realmente queria.

Por outro lado, era justo deixar de viver aquele amor que queimava e me consumia com tanta voracidade e que vinha se mostrando vital, para manter-me presa a convicções e imposições externas?

Eu gostava muito do Marcus, isso era um fato, mas eu não o amava da maneira que ele merecia, portanto, não seria exatamente honesto estar me casando com ele.

O irmão da noivaWhere stories live. Discover now