Vinte e um

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Havia um novo inquilino no apartamento ao lado. Levou dez semanas para não mais chamar "apartamento de Alfonso". Vi o caminhão em movimento ontem à tarde e um cara da minha idade arrastando caixas intermináveis para dentro. Provavelmente deveria ter ajudado. Isso é o que os vizinhos faziam, certo?

Eu estava realmente tentando. Desde que voltei. Desde que superei meu pequeno período de meia-loucura sobre o desaparecimento de Alfonso. Eu tinha explodido a raiva. Saí bebendo. Flertei com outros homens. Chorei até dormir. Tornei-me um estereótipo que eu odiava. Por uns bons dois meses, então sai disso.

Havia outros homens. Bons homens. Homens que não aproveitavam da merda que você estava passando e iam embora do nada. Então, eu estava tentando. Saia à noite, mas não me destruía. Na maior parte, parei de tentar facilmente me autodestruir. Eu estava me curando.

Peguei a planta em vaso que eu tinha saído para comprar ontem e fui ao corredor. Tanto quanto tentei negar, houve um aperto no meu peito enquanto levantava minha mão para bater. Mas isso era estúpido e o passado. Eu precisava superar isso.

—   Oi, — o homem abriu a porta, cabelos castanhos claros, rosto bonito, grandes olhos de cor de mel. Amigáveis. Ele parecia legal.

—   Ei, — eu disse, dando o que esperava que fosse um sorriso amigável, não um assassino em série assustador. Estendi a planta. — Eu sou Anahí... do dezesseis, — ainda era doloroso. Maldito seja ele. — Só queria dar as boas vindas ao prédio. — Deus, eu me sentia estúpida. Cada palavra parecia estranha e forçada. — Eu... ah... fico fora a noite toda e gerencio uma linha de sexo por telefone durante o dia. — Isso pareceu mais natural.

Ele ficou parado por um segundo depois jogou a cabeça para trás e riu. — Tudo bem, Anahí. Eu sou Jake. Eu... trabalho em um hotel e meu namorado e eu gostamos de fazer sexo barulhento a noite toda.

—  Bem, isso funciona bem, — eu ri.

—  Quer entrar por um minuto? — perguntou. Não. Oh, deus não. Não podia. Mesmo que estivesse vazio por meses, não consegui pisar dentro depois do dia em que peguei meu cacto de volta.

—   Claro, — eu disse, esticando meus ombros e atravessando a porta.

—   Eu esperava ter que fazer uma tonelada de trabalho em um bairro como este. Mas o último inquilino deve ter feito muito trabalho...

—   Sim, — concordei, passando a mão no armário da cozinha. — Ele fez.

—  Oh, porcaria, — disse Jake, olhando-me cautelosamente. — Ele não... morreu aqui, morreu?

—   Não, — eu ri, balançando a cabeça. — Ele apenas um dia levantou e foi embora. — Me deixou um dia. — Mas o cara antes dele morreu aqui. A heroína é uma cadela.

—   Oh, tudo bem. Bem... vou apenas queimar alguma sálvia ou algo assim, ele sorriu.

—   Bem, parece que você ainda tem muito que desembalar, — eu disse, indo para a porta. — Não vou te atrapalhar. Se quiser, venha jantar amanhã, ficaria feliz em cozinhar. Sei que você provavelmente está vivendo de marmita até conseguir colocar tudo isso no lugar, então talvez... — Eu deveria calar a boca. Eu estava divagando e estranha.

—    Claro, — ele disse ansiosamente, me salvando de qualquer constrangimento adicional. — Isso parece ótimo.

* * *

Jake acabou indo comigo na tarde seguinte para comprar mantimentos, ajudando-me com as sacolas de volta ao meu apartamento. Peguei minhas chaves, mas a porta estava ligeiramente aberta. Revirei os olhos para Jake e abri a porta. — Christopher, você precisa parar de deixar a porta aberta. Christopher, — chamei, deixando as sacolas da mercearia no balcão e caminhando pelo meu apartamento procurando por ele.

For a good time, call...Where stories live. Discover now