XIV

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S/N pov.

Vou poupar os detalhes dos últimos 4 dias. Nem minha mente merece relembrar isso. Depois de chegar a casa naquela hora senti uma atmosfera diferente, mas nem aí imaginei que isso pudesse acontecer. A boa e velha rotina, mas umas vezes pior. Nos últimos dias, não contactei ninguém, e ninguém mesmo. A única pessoa com quem falo desde que chegou é a mamãe. Meu celular está "escondido" num local que minha mãe acredita que é desconhecido a mim. A 2º gaveta da mesa de cabeceira do lado esquerdo da cama dela.

Depois de ter chegado a casa naquele dia, fui cumprimentada com um "Onde você esteve até essa hora?". Tentei, o máximo que consegui, a convencer da verdade, que sai com um amigo que ela não conhecia. Isso trouxe desconfiança e ela garantiu que, depois daquela noite, iria me fazer voltar ás rotinas de antes. Essa noite correu calmamente, um filme, as duas no sofá e cada uma nos seus pensamentos. Eu já estava prevendo o que ia acontecer, mas nunca imaginei que chegaria a esse estado. O espaço entre as 6 e as 8 da manhã é reservado a atividade física. Correr durante 1 hora e treino em casa depois, como antes. Tudo normal, até ela decidir que depois de treinar, tenho que estudar o resto do dia. Todos os livros de biologia revistos em 4 dias. Por muito que quisesse fazer exame de matemática, ela me obrigou a selecionar físico-química, porque acredita que, com esse exame, "a entrada é prioritária". A hora de deitar foi completamente esquecida. Apenas tenho permissão para me deitar quando ela achar que tenho a matéria decorada, ou seja, que a consigo dizer, explicar e responder a qualquer pergunta que ela pegue da internet. As refeições são reduzidas e é ela quem as faz, para não perder tempo de estudo. Quando estou cansada ou não sei responder á pergunta, grita comigo. Gritaria essa que nem me dou ao esforço de devolver.

Nesse momento, estou sentada, olhando para letras e gráficos que não permanecem no papel. Estou tonta e com uma puta dor de cabeça. Não dormi nem 3 horas. Sinto que meu corpo vai quebrar a qualquer momento. Minha mãe acredita que esses dias são os mais importantes da minha vida. São eles que vão decidir quem eu serei no futuro. Já o disse muitas vezes, enquanto gritava comigo. Meus dedos deslizam pelo teclado do computador, com o propósito de fazer algum barulho, visto que pela mais pequena falta de som, minha mãe entra pela maldita porta, que insistiu em ficar aberta. Fones, celular, livros que não sejam da escola, tudo o que considera distração, está fora do espaço á qual fui reservada. Não estou triste, esse sempre foi o jeito dela, á qual estou acostumada. Não esperava esse nível, mas é continuar em frente, só até aos exames. Me pergunto como será depois, se poderei finalmente sair daqui.

Meus olhos querem fechar, e não estou certa se abriram cedo. Sinto meu estomago numa festa, e quem está dançando é o pouco almoço que comi. Engraçado. Eu, que comia bastante, nem vontade de comer tenho. Isso é normal, certo? A mãe diz que é nervos. Quero acreditar nisso, não quero mais confusão. Olhei para a porta, o banheiro não era muito longe. Eu consigo lá ir. Minha mão foi ao braço da cabeira e a apertou com força. Usei a pouca energia que tinha para me levantar e ir deitar isso fora. Corri para o banheiro e pela segunda vez nas ultimas 15 horas, vomitei. De joelhos no chão frio, meu rosto era segurado por minhas mãos, apoiadas pelos cotovelos colados á sanita. Ouvi passos.

"S/N VOCÊ ESTÁ BEM?!" Gritou depois de bater com a porta. Senti preocupação na sua voz. Irónico né?

"Sim mãe, deve ter sido algo que comi" Falei, levantando meu rosto de dentro da sanita.

"Você não come o suficiente para vomitar. Não anda com boa cara, está enjoada?" Falou, me olhado. Seu corpo tinha permanecido no local de entrada, com um certo nojo de entrar. Não a julgo, eu faria o meso.

"Sim" Falei, sincera.

" Você andou a beber?" Meu rosto se virou rapidamente para encontrar os olhos dela. Que? Ela tinha enlouquecido de vez?

Lost in the Summer (Bakugo x reader) [REESCREVENDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora