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Karol: Não acho que você esqueceu. Sobre isso, admito que você sempre vai ocupar um lugar no meu coração Ruggero, você foi a pessoa que me ensinou a amar, e o único cara que eu já amei na vida. -nessa última frase, meu coração palpita mais forte, e eu sinto borboletas dentro de mim. Que brega.- Mas eu segui a vida, e você também. Então acho melhor não misturarmos nada. Acho melhor se formos apenas amigos. -olho para ela, boquiaberto, e ela desvia o olhar. Sinto que está escondendo alguma coisa, como se não fosse capaz de me encarar. Quando ela finalmente me olha nos olhos, vejo algo totalmente diferente do que ela me disse. O brilho do seu olhar continua o mesmo desde a primeira vez que a beijei, na oitava série, três anos atrás.

Ruggero: Ah, claro. Concordo com você, acho legal sermos amigos. -dou um sorriso amarelo. -Penso o mesmo que você.

Karol: Legal... -ela suspira, e nos encaramos por alguns segundos que pareciam anos. Por que o tempo parecia congelar quando nos olhávamos?- vamos então.- ela diz, soltando sua mão da minha.

Enquanto esperávamos as pipocas ficarem prontas, a fitei com o canto do olho. Ela estava nitidamente nervosa, meio distraída, e com certeza, desconfortável. Não sei o que aconteceu para essa mudança de humor tão repentina, mas preferi ficar quieto, não estava na posição de tirar satisfações. Quando Karol ergueu a mão para retirar o balde de pipoca, notei que ela não estava mais usando a pulseira. Sem perceber, vi que ela se virou para mim, e ao ver que eu a encarava -obviamente com uma cara de bobo- a mesma enrubesceu. Não sei se o que ela falou pra mim há poucos minutos atrás era verdade, mas deve ter uma boa razão para isso, e é melhor ter sua amizade do que qualquer outra coisa. Pelo menos desse jeito, não deixarei meus sentimentos incertos me dominarem. Entramos no cinema, e nos acomodamos um ao lado do outro para ver o filme.

Karol on: Passei o filme inteiro pensando na conversa com Ruggero, mais cedo. Não sei se sugerir uma amizade entre nós foi a coisa certa a fazer, não quero criar falsas expectativas e nem me apegar -se é que já não estava apegada. Os dois casais passaram o filme todo se pegando, o que foi meio desconfortável, pois só estávamos Ruggero e eu atentos ao mundo real. Quando o filme estava prestes a acabar, nossas mãos se tocaram de leve ao tentarmos, ao mesmo tempo, pegar o resto da pipoca que estava dentro do balde. Nesse momento foi como se um choque elétrico tivesse atingido a nós dois, e ficamos paralisados. Foi como se o tempo parasse, e só restasse nós dois nessa sala -ou no mundo. Nossos olhares se encontraram, e pude ver meu reflexo congelado no brilho dos seus olhos castanho claros. Como ele tem olhos lindos... e o olhar era tão intenso... Senti como se nada mais importasse, e o calor do seu toque nas pontas dos meus dedos não era nada perto do fogo que queimava dentro de mim, pedindo para se apagar. Mas eu sabia que a chama sempre continuaria acesa, pois a única pessoa capaz de apagar estava sentada bem na minha frente, a centímetros de distância. Não percebi que estávamos lentamente nos aproximando, até conseguir sentir seu hálito doce e quente, e ouvir sua respiração pesada. Estávamos prestes a nos beijar, quando as luzes do cinema se acenderam, e uma música alta começou a tocar, indicando que o filme terminara. Nos afastamos de supetão, e desviamos o olhar um do outro, constrangidos.

Valen: Querem ir lá pra casa? Podemos pedir uma pizza... -a Valen sugeriu, se espreguiçando. Todos concordaram, exceto Ruggero -e eu.

Ruggero: Na verdade, tenho umas coisas para fazer, mas posso passar lá mais tarde.

Karol: Eu adoraria amiga, mas preciso mesmo ir pra casa. Tenho tantas caixas e malas pra arrumar que nem sei como eu vou organizar tudo antes das minhas aulas começarem.

Ao sairmos do cinema, não voltamos a nos olhar, nem mesmo falar. A caminho de casa, perdida em meus pensamentos, não conseguia tirar aquele quase beijo da minha cabeça, e em como o desejo de que tivesse acontecido algo, era muito maior do que o meu cérebro dizendo que foi burrice. Se doía tanto ficar longe dele, será mesmo que essa seria a decisão certa?

Aiai, essas dúvidas...
O que tão achando da fic gente?

O Desafio Where stories live. Discover now