Capítulo 3- Any

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Ele tem que ir embora, ele tem que sair. Ele tem que parar de me olhar, ele tem que ser como os outros e sair correndo. Tem que me olhar com desgosto e me culpar.

Ele tem que ir embora!

Ele não pode ser diferente, não pode! Ele deve seguir a rotina de sempre, tem que fazer como se tudo na minha vida fosse um roteiro. E está parte não está em nenhum lugar dele.

As crianças correm e fazem barulho na minha frente. Josh me olha pelo canto do olho como se eu não pudesse ver o que está fazendo.

- Ok, você já está cinco minutos segurando um palito sem sorvete algum. Poderia me dar para que eu jogue no lixo?- ele perguntou, estendendo sua mão.

Coloquei o palito e o plástico em sua mão, ele se levantou e provavelmente andou até a lixeira. Não segui seus passos para onde andou, apenas continuei vendo as crianças brincando.

"Aproveitem" eu tenho vontade de dizer a cada uma. "Eu também gostava de brincar."

Agachei para pegar minha mochila no chão, tirando o casaco dele de dentro. Andei com essa mochila dês do dia que ele colocou o casaco sobre meus ombros, torcendo para que um dia pudesse devolvê-lo ao real dono.

- Ser criança é tão mais fácil.- Josh murmurou, se sentando ao meu lado novamente.

- Aqui, isso é seu.- sussurro, é estranho lembrar que ainda tenho voz- Obrigada por ter me emprestado e pelo sorvete.

Ele sorriu pegando o casaco, um sorriso que parecia aliviado. Talvez esse seja o casaco favorito dele.

Meus olhos se arregalaram quando olhei seu rosto, assim que voltou a olhar para frente. Ele não tinha isso semanas atrás.

- Josh, seu maxilar está bem roxo. Você não está sentindo dor?- pergunto passando os dedos pela área roxeada em seu rosto.

- Esta doendo um pouco, vou colocar gelo quando chegar em casa.

Ele não teria feito uma careta se a dor fosse pouca quando pressionei sem querer sua pele.

- Isso foi hoje? Você se meteu em uma briga? Um... U-um acidente?

Não diga essa palavra Any, você disse que não iria mais dizer.

- Não tenho uma fama muito legal pela cidade, Any. Já me acostumei a receber isso, estou bem.- ele falou, segurando minha mão para tirá-la do seu rosto.

Não, não. Nada bem. Bateram nele, não deveriam... Não podiam. Por que fariam isso? Ele não parece conseguir fazer mal a uma formiga.

- Também não tenho uma fama legal pela cidade, Josh. E mesmo assim eles não detonam meu rosto.

- Mas tentam te envenenar e jogam lixo em cima de você.

E acham que a todo momento eu vou matar alguém.

- E isso? Onde arrumou?- perguntei, apontando para cicatriz em seu braço, ignorando sua fala.

- Ah isso, foi pelo homem do canivete.- ele respondeu passando a mão pelo braço.

- Ele tinha um canivete!- falo abismada

- Pois é. Até hoje eu me pergunto porque diabos ele anda com um canivete.

- Mas o que você fez? Estava tentando assalta-lo? Roubando a bolsa de uma velhinha?

- Estava tirando os espinhos da rosa para dar a filha dele.- sussurrou.

- Meu Deus!

- Todos acham que eu sou perigoso, que vou machucar alguém a qualquer  momento.- ele falou sorrindo, como pode estar sorrindo?

De repente... Você!Onde histórias criam vida. Descubra agora