Duskwood - You Are The Key | Nova Versão

01 - Stella

Há uma semana, eu decidi deixar Detroit para trás e vir até essa cidadezinha escondida em meio a colinas e florestas. Duskwood... seu nome já carrega um peso, quase como se fosse o prenúncio de tudo que me espera.

Eu sei, parece insano largar tudo e vir até aqui, mas as mensagens, as ameaças e, principalmente, aquela última chamada que recebi, deixaram claro que não havia outra saída. Hannah está desaparecida, e se há algo que posso fazer para ajudar, eu preciso fazer.

Hoje, enquanto terminava de desempacotar minhas poucas coisas, recebi uma mensagem de Thomas. Ele e os outros querem se reunir comigo amanhã. Uma parte de mim sente medo; a outra, curiosidade. Afinal, cada um deles conhece uma versão diferente de Hannah, e é nessas lacunas entre as versões que reside o mistério.

Quem é a verdadeira Hannah Donfort? E por que, de todas as pessoas, ela confiou meu número como sua última mensagem?

A noite em Duskwood era densa, com uma escuridão quase palpável. O silêncio absoluto cortado apenas pelo som ocasional de galhos se quebrando na floresta. O tipo de lugar que faria qualquer um pensar duas vezes antes de sair à noite.

Em Detroit, eu tinha uma vida tranquila, mas aqui, sentia como se estivesse pisando em solo proibido, entrando num mundo do qual não conhecia as regras. E sabia que, por mais que tentasse, não seria fácil me sentir segura aqui.

Deitada no colchão improvisado no chão, rolei na cama sem conseguir dormir. Os olhos grudados no teto do pequeno quarto, enquanto tentava ordenar as tantas informações que havia recebido desde que aquela primeira mensagem surgiu. Sete pessoas, cada uma com uma história e um segredo que as unia a Hannah. Mas até que ponto essas histórias seriam verdadeiras?

No fundo, havia algo mais assustador do que a escuridão de Duskwood ou os segredos dos amigos de Hannah. Era o homem sem rosto. Uma lenda urbana, algo que Thomas e os outros insistiam em dizer que era apenas um mito para assustar as crianças da cidade. Mas ao mesmo tempo, Alfie, o garotinho do hotel, afirmava com convicção que o tinha visto. Será que Hannah acreditava nisso também?

As horas passaram lentamente, até que, finalmente, o alvorecer chegou. A luz fraca da manhã atravessava a janela e, por um momento, parecia que a cidade havia voltado a ser normal. O encontro estava marcado para as nove, em uma lanchonete simples no centro da cidade. Um lugar público, o que me deu um pouco mais de tranquilidade — mas nada ali parecia exatamente seguro.

Cheguei ao local e notei que Thomas já estava lá, com o semblante tenso e as mãos entrelaçadas sobre a mesa. Ao seu lado, a garota loira que deduzi ser Lilly, irmã de Hannah. Ela me lançou um olhar desafiador assim que entrei, e parecia estar se preparando para me interrogar, como se eu fosse a culpada pelo sumiço da irmã. Cleo e Richy chegaram logo depois, ambos parecendo nervosos, o olhar deles fugindo do meu como se tivessem algo a esconder. Finalmente, Jessy, Dan, Phil se juntaram ao grupo, completando o círculo de rostos marcados pela incerteza.

Thomas respirou fundo e quebrou o silêncio.

— Stella, obrigado por ter vindo. Acho que precisamos de toda a ajuda possível. Mas antes de começarmos, preciso saber uma coisa — ele hesitou, o olhar fixo em mim. — Você realmente acredita que algo... algo não humano, esteja por trás disso?

Senti um calafrio na espinha. Algo não humano? Não era exatamente o que eu esperava ouvir. E, ao mesmo tempo, as palavras dele trouxeram à tona as imagens que eu tentava manter afastadas: a sensação de estar sendo observada, as ameaças, as fotos perturbadoras que vi. Eu tinha sido cética por toda a minha vida, mas agora, tudo parecia possível.