02 - Stella

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A luz voltou ao bar Aurora, mas o clima permaneceu tenso. A mensagem no meu celular parecia brilhar como um aviso sombrio. "Já estou te observando, Stella. É melhor começar a correr." Meus olhos ainda fixos na tela, sentia o coração batendo forte, e a sensação de ser observada só aumentava.

Phil se aproximou, atento, como se soubesse que eu tinha acabado de receber uma mensagem que mudaria tudo. Ele olhou para mim, sua expressão carregada de preocupação.

— Quem era? — perguntou ele, a voz baixa, mas firme.

Respirei fundo, tentando organizar as palavras na mente, mas parecia impossível. Mostrar-lhe a mensagem? Contar o que estava acontecendo? Parte de mim achava que sim; ele já estava envolvido nisso, querendo ou não. Mas a outra parte hesitava, temendo que qualquer pessoa que soubesse mais do que o necessário corria perigo.

— Alguém que não quer que eu fique por aqui. — Murmurei, guardando o celular e forçando um sorriso tranquilizador. — Nada que eu já não esperasse.

Phil observou-me em silêncio, os olhos escuros estreitados, como se tentasse ler além da minha fachada. Ele encostou-se no balcão, balançando a cabeça.

— Sabe, Duskwood é cheia de segredos, mas a maioria deles é inofensiva. — Ele sorriu, tentando aliviar o clima. — Ou assim costumava ser.

A cada segundo, sentia um nó na garganta. Havia algo de opressor naquelas palavras, como se cada uma delas tivesse mais peso do que aparentava. No fundo, era difícil ignorar o instinto de que estava em um jogo perigoso, do qual não sabia se conseguiria sair.

Tentei me recompor, mas quando fiz menção de me levantar para sair, Phil segurou meu braço.

— Se precisar de alguma coisa, qualquer coisa... Você sabe onde me encontrar, certo?

O toque dele era quente, reconfortante, mas ao mesmo tempo um alerta silencioso de que eu deveria tomar cuidado com quem confiava.

Assenti, agradecendo silenciosamente, e deixei o bar, a noite já avançada e fria. Ao pisar do lado de fora, tudo parecia intensamente quieto. Duskwood parecia um mundo isolado, as sombras das árvores ao longe sussurrando segredos que nunca seriam ditos em voz alta.

Meu celular vibrou mais uma vez, quase como se o próprio silêncio da noite estivesse conspirando contra mim. Outra mensagem. Hesitei antes de desbloquear a tela.

"Vá para o lago. Agora. Venha sozinha. Ou as consequências serão suas."

A mensagem estava assinada com um símbolo que nunca tinha visto antes: um simples corvo preto.

A ideia de ir ao lago sozinha a essa hora me deixava desconfortável, mas eu sabia que ignorar essa mensagem significava perder uma chance de descobrir algo sobre o desaparecimento de Hannah. Parecia mais uma ameaça do que um convite. E, ao mesmo tempo, um mistério que talvez eu não tivesse outra oportunidade de desvendar.

Sem perder tempo, voltei ao Aurora. Phil ainda estava atrás do balcão, e ele ergueu os olhos assim que me viu, como se já soubesse que algo estava errado. A familiaridade no olhar dele era reconfortante, e naquele momento eu me senti grata por ter alguém com quem contar.

— Precisamos conversar. É sério. — Falei, tentando manter o tom controlado. Ele percebeu minha seriedade e, sem hesitar, veio até mim.

Duskwood - You Are The Key | Nova VersãoWhere stories live. Discover now