Capítulo Único

1.9K 184 162
                                    

Aquele pirralho maldito

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Aquele pirralho maldito. 

Tantos dos seus homens morrendo, tanta tristeza e destruição. O objetivo não era liberdade e paz? Então por que parecia que estava de volta ao período negro da Tropa de Exploração onde, a cada expedição, metade dos seus colegas morriam? Por que ele estava dentro de uma guerra novamente?

Levi tinha um olhar caído depois de ter subido dirigível, as costas pareciam que carregava uma pedra gigante, era um fardo pesado e doía ver pessoas inocentes, que carregavam o mesmo sangue que ele, morrendo esmagadas por causa de uma guerra que ele sequer sabia o motivo. 

A história do seu povo era confusa, tudo tinha se perdido na linha tênue do tempo e do ódio, e ninguém sabia quem estava certo. Avançar e matar o inimigo era um sistema de defesa, mas quantos inocentes tinham morrido por causa disso? Quantos também esperavam paz e tranquilidade no meio daquela guerra além deles? Avançar e matar o inimigo era um sistema de defesa, mas era egoísta. Pensar que só você precisa de liberdade é egoísta. Dizer que só você é oprimido é egoísta.

Pelo que Levi sabia, todos os Eldianos de fora da ilha também eram oprimidos, também sofriam, também morriam e eram usados em guerra. Eles foram abandonados pelo Rei das Muralhas, e até agora, tinham sofrido nas mãos dos grandes países; cuspidos, pisados e humilhados. Erem os portadores do sangue dos demônios, monstros imperdoáveis, raça opressora.

Carregar o fardo dos erros dos outros também era sofrimento. 

O Ackerman encostou na parede metálica, sentindo o novo DMT bater e tinir. Onde estava, logo atrás da cabine de comando, estava quase vazio, exceto pelo Jaeger loiro que na sua presença, preferia ficar quieto ao usar o tom soberbo que carregava a maior parte do tempo. Zeke sabia com quem mexia, e ver Levi tão tenso, o deixava com medo. Se pisasse na bola, ele poderia não ver o dia seguinte. 

O silêncio e tensão foram cortados quando Armin saiu da cabine e se posicionou na porta principal do dirigível, abrindo-a. Com o vento, ele pode ver o característico cabelo cor de chocolate de Eren sendo bagunçado pelo vento, e logo ao lado, Mikasa que tinha um olhar tão pesado quanto o dele.

O clima não era bom, tinha-se passado quatro anos e Levi já não reconhecia mais o seu garoto, aquele que com olhos verdes brilhantes, insistiu que o mundo era um lugar cheio de paz e maravilhoso. Ele estava tão errado. 

Levi deveria saber, ele que veio de um lugar onde a paz não existia, mais do que ninguém, deveria saber que sonhos em um mundo cruel, são impossíveis. Ainda assim, Eren tinha avançado para matar o inimigo. Essa era a paz e liberdade que ele almejava tanto? O Ackerman sabia que não. Podia ver nos olhos. Olhos que estavam cabisbaixo, tendo a plena consciência de que aquilo era uma carnificina, e que ele tinha matado centenas de inocentes com o mesmo sangue que ele. 

Ao mesmo tempo que entendia. 

O mundo tinha declarado guerra contra os Eldianos de Paradis. Então eles não podiam ficar sentados apenas esperando que uma bomba caísse dentro das muralhas e destruísse tudo. Precisavam revidar e defender seu povo, que por cem anos, foram oprimidos com o sofrimento de serem comidos por titãs. E que agora que tinham sentido o gostinho da liberdade, estava prestes a ter ela tirada das suas mãos novamente. 

Apenas Essa Noite | Ereri - Riren Where stories live. Discover now