20. Opostos e Conflitantes

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"Às vezes eu não te entendo. Você me trata como amiga, e aí então como algo mais do que só amiga e depois como se fôssemos estranhos"


Eu preciso voltar pra casa, nem que somente por uns dois dias.

Não casa como em "meu apartamento", mas casa como em "Oakville, meu lar".

Já estou há quase duas semanas sob o olhar cuidadoso de Luke, mas eu não sinto mais como se ele estivesse me fazendo companhia, é mais como se ele fosse o guarda que cuida da minha cela. Meu próprio agente penitenciário.

Avisei à administração do prédio sobre a quase invasão, mas diminuí bastante o acontecido, pedindo apenas que verificassem as câmeras. Nada foi encontrado novamente.

A falta de resolução desse caso fez Luke querer ir até à polícia, mas eu o impedi e brigamos por isso. Ele ficou ainda mais calado depois, como se fosse possível.

Ele não brinca mais comigo, não me trata bem nem mal, apenas me olha com pena em raras ocasiões quando se dispõe a virar o rosto na minha direção.

Estou começando a esquecer a textura da pele dele. Acho que a minha imaginação está afetando a lembrança real de como é tocá-lo de verdade.

Já estou cansada de me perguntar pra onde foi aquele Luke que me fez cócegas até a alma sair do meu corpo, aquele que me queria próxima, queria me ensinar coisas...

Sei que foi algo que ele conversou com Jenna. Desde a ligação que ouvi, ele se afastou de mim.

Hemmings segue meu carro para que eu chegue segura aos lugares e eu sou grata por isso, mas me mata que ele não esteja fazendo isso porque quer. Eu sei que ele se sente na obrigação.

Meu problema mudou a rotina dele e agora a banda vai ensaiar lá em casa três vezes na semana para que ele não tenha que sair. Eu amo a presença dos garotos e isso dá um tempo para eu e Luke respirarmos fora desse clima tenso que nos cerca.

Nem é mais implicância, é a ausência de tudo. Fingimos que o outro não está ali.

Quer dizer, ele finge e eu só reajo.

Victor me visitou um dia desses, mas Luke fez cara feia pra ele e o moreno percebeu, então achamos melhor nos vermos em outros lugares, o que acabou não acontecendo porque Luke virou meu guarda costas.

Preciso ao menos de um final de semana fora desse domo que está sufocando nós dois e, quando eu voltar, vou arrumar outro lugar seguro para ficar. Tenho certeza que Felicity não vai virar as costas pra mim.

Estou tentando não abusar da hospitalidade dele e talvez ele esteja farto da minha presença em seu espaço pessoal. Essa forma de agir pode ser um sinal, então acho que já é minha hora de ir.

- Luke? - chamo ele batendo em sua porta.

- Entra - ouço ele dizer.

Abro a porta devagar ensaiando o que vou falar e o encontro na cama com um violão no colo e Petunia do lado.

- Queria falar uma coisa contigo - sento na ponta do colchão e afago a cadela.

- Hum - ele nem me olha.

Respiro fundo antes de falar algo que talvez inicie uma das nossas brigas. Nem isso a gente tem feito mais.

Não tem nada de saudável nessa nossa inconsistência e eu tenho medo de que isso me puxe ainda mais pra baixo.

- Você pode olhar pra mim primeiro? - peço tentando não perder a paciência.

Ele para de mexer no violão e levanta o rosto.

Beautiful Stranger | Luke HemmingsWhere stories live. Discover now