Duquesa comprada: A história pelos olhos do Liam

Capítulo 16. LIAM, VÁ FUNDO!

"Coração vazio é bem melhor do que coração partido."

Gossip Girl

...1798...

- São apenas alguns pés... – dou de ombros com um sorriso. – Para consumo próprio.

- Você está tentando me comprar! – ela declara e dá um tapa no meu braço.

Talvez...

- Eu nunca faria isso. – Declaro, mas sou incapaz de desmanchar o sorriso. Que tipo de homem estou me tornando? – Talvez a Odette tenha me dado a dica, mas eu realmente gosto de figos.

- Isso é uma confissão? – Kate indaga seriamente.

- Ela me viu colocando-os na cesta e comentou que você gostava, não imaginei que fosse tanto. – Falo enquanto ela contina me encarando. – Acha que pode me perdoar?

Meu olhar recai sobre as bochechas coradas pelo sol e os lábios de Kate um pouco mais escuros por conta do suco de uva que tomamos, eles estão mais vivos e parecem mais cheios. Seu escrutínio continua sobre mim enquanto sinto uma onda bater conta mim, mas dessa vez é de... desejo. Eu estou desejando minha esposa, mas não posso tocá-la.

- Só se você tiver mais alguns desses... – Kate responde à minha pergunta e indica o pote na minha mão.

- Vou providenciar alguns depois. – Declaro e decido ir fundo, então pisco para ela e sorrio. Observo Kate com atenção enquanto ela me encara e seu sorriso some dos lábios, ela parece divagar por um momento. – Está tudo bem? – pergunto, trazendo-a de volta.

- Me desculpe, eu estava viajando em meus pensamentos... – ela diz enquanto chacoalha a cabeça, parecendo querer se livrar de seja lá o que for que estivesse pensando.

Algo me diz que estou conseguindo atingir meu objetivo e continuo firme nele.

- Acho que pude notar... – comento e sorrio de novo. Céus, eu estou virando um sedutor sem limites. – Em que estava pensando?

Kate nem mesmo hesita ao dizer:

- Em você! – ela parece surpresa com as próprias palavras. – Nã-não... Em nós... na-nada...

Ela cora completamente e me sinto completamente apaixonado. Meu corpo age antes que a minha mente raciocine e acabo me aproximando dela.

- Kate... – digo em um sussurro, sem nem mesmo saber direito o que estou pensando em dizer. Seguro seu queixo com os dedos e fixo meu olhar no dela enquanto vou em direção aos seus lábios com toda a certeza que já tive na vida. – Você fica linda envergonhada. – Declaro antes de beijá-la.

Me empenho no beijo, tornando-o intenso, urgente e apaixonado. Coloco tudo que sou e que sinto, tudo que não sou capaz de dizer, e sinto Kate retribuir. Deixo que seus movimentos guiem os meus e sinto o doce gosto dos figos em sua boca enquanto sinto a maior onda de todas colidir e me refazer. É aqui que quero estar, ao lado dela e beijando-a, para sempre. Algo dentro de mim grita para que eu vá fundo, que eu dê tudo que posso, e eu atendo ao pedido que grita: LIAM, VÁ FUNDO!

Com uma hesitação notável, Kate se afasta de mim e me repreendo por ter ido rápido demais. Talvez eu tenha apressado as coisas. Kate permanece de olhos fechados e eu encosto a testa contra a sua, incapaz de me afastar nesse momento, quero mais desse contato, mais do seu toque. Quando ela abre os olhos e encara os meus, deixo que Kate veja tudo que sou, tudo que sinto... e vejo dentro dela também.

Vejo sua hesitação, seu receio, seu sofrimento. É isso que faz com que eu me afaste e quebre nosso contado, não suporto ver o sofrimento no olhar dela quando acabei de me entregar totalmente a um beijo, me entregar a ela.

- Me desculpe. – Peço, desviando o olhar. – Acho que fui rápido demais.

- Está tudo bem. – Kate responde em um sussurro. – Você é meu marido.

- É claro... eu sou seu marido. – Minha voz acaba saindo mais sussurrada e sarcástica do que eu pretendia, mas não me importo muito no momento. 

Voltamos para casa alguns minutos depois do beijo, em um silêncio pesado e constrangedor. Kate sobe direto para o quarto e eu vou para o escritório, me esconder mais uma vez.

Sento-me na cadeira e no segundo seguinte a porta se abre, Jeffrey entra com um sorriso animado no rosto, como uma daquelas velhas fofoqueiras prestes a descobrir que um lorde tem um caso com a lavadeira.

- Como foi? – ele indaga.

Dou de ombros, desinteressado.

- Perfeito. – Falo. – Até nos beijamos.

Ele parece surpreso.

- É mesmo? – aceno em confirmação. – E depois?

Suspiro.

- Ela se afastou e parecia muito contrariada por ter feito aquilo, então eu me desculpei, disse que fomos rápido demais. Ela garantiu que estava tudo bem, porque sou o marido dela.

Jeff se senta em uma das cadeiras do outro lado da mesa.

- E qual o problema disso? Por que essa cara?

Fúria permeia meus pensamentos e tenho certeza que ilumina meu olhar, porque Jeff se encolhe um pouco.

- Quero que Kate me beije porque me ama, não porque está tudo bem um marido beijar sua esposa. Quero que ela deseje o beijo, não que seja uma obrigação que ela deve suportar.

Jeff acena e permanece pensativo.

- Você forçou o beijo? – ele pergunta.

Encaro-o, incrédulo. Ele acha que sou esse tipo de homem?

- Óbvio que não! – exclamo.

- Ela também o queria?

Penso nas palavras de Kate, na forma como ela corou ao dizer que estava pensando em mim...

- Tenho quase certeza que sim.

- Então não se culpe. Não fez nada errado.

Continuo encarando-o. Como assim não fiz nada errado? Se eu tivesse esperado mais, se Kate tivesse dado o primeiro passo, se tivesse dito como se sinto... se... se... se... são tantos se que nem sei por onde começar a enumerar.

- Isso não vai dar certo, Jeff. – Falo.

Ele me dá aquele olhar de pai que acabou de pegar o filho aprontando uma e que vai começar um sermão enorme, mas então apenas suspira.

- Bem, talvez precise de um tempo para decidir o que quer, depois que tiver certeza podemos retomar isso.

Jeff se levanta, abre seu terno e tira dois envelopes de dentro deles, estende-os para mim e abre um sorriso.

- Vamos torcer para ser boas notícias. – Comenta ele.

Franzindo a testa, pego os dois envelopes. Um tem o celo do meu pai, outro vem de Gruffin.

- Provocações e reclamações, com certeza não são coisas boas. – Falo com um suspiro enquanto Jeff vai para a porta.

Fico sozinho, com um coração partido e duas cartas.