Quero ir pra casa

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Ohana:

Aquelas palavras haviam me surpreendido de uma forma inexplicável. Me mantive em silêncio por alguns segundos e isso foi o suficiente para que ela desviasse o olhar e voltasse para o banco do passageiro.

-Ohana: Eu não... - tentei falar.

-Larissa: Quero ir pra casa. - Ela me interrompeu dizendo baixo, convicta.

Suas atitudes versáteis me deixavam ainda mais confusa com o que estava acontecendo. Ela era a culpada da história qual eu ainda não sabia e talvez nem imaginasse, ou uma vítima com trauma da suposição que eu tinha? Eu mal podia reconhecer seu olhar e toca-la agora era tudo que eu não podia fazer... ela não permitia.

-Ohana: Tem certeza? - questionei outra vez, tentando tocar sua mão.

-Larissa: Tenho. - saiu quase em um sussurro.

Ela retirou minha mão da sua, apoiou a cabeça na janela lateral e se manteve em silêncio o percurso inteiro. Quando chegamos em casa, ela apenas desceu do carro, passou por mim e subiu as escadas.

-Jimmy: Está tudo bem? - o segurança da porta principal perguntou ao mesmo tempo em que eu parei, coloquei as mãos dentro dos bolsos do sobretudo e respirei fundo.

-Ohana: É... está. - sorri de canto e ele moveu a cabeça milimetricamente, assentindo.

Estava frio lá fora, morávamos na parte alta de Xangai e o local era pouco habitado. A neblina estava intensa e tornava tudo mais dificultoso de ver.

-Jimmy: Quer que eu me afaste? - ele questionou gentil ao me notar desconfortável.

Eu movi a cabeça afirmando e por fim ele saiu. Retirei o celular do bolso e sorri fraco por perceber que não era somente eu quem tinha acesso sobre aquele aparelho. A inteligência de Larissa sempre me chocou, mas agora me surpreendia muito mais pela sua facilidade em saber tudo que eu fazia sem precisar colocar os dedos no pequeno objeto.

Me sentei na pequena escada na entrada da porta e me mantive em silêncio por longos minutos. Larissa precisava de um tempo e talvez eu tivesse revivido um trauma que ela escondeu por anos.

(...)

Narrador:

Ohana entrou no quarto e enquanto retirava o sobretudo analisava a morena deitada na cama que evitava olhá-la a todo custo.

-Ohana: Esse celular não foi um presente... - a loira sorriu de canto erguendo o aparelho em mãos. - Por que?

-Larissa: Eu não confiava em você totalmente. - ela respondeu séria.

-Ohana: Então por que não me avisou? Confia mesmo em mim? - falava paciente.

-Larissa: A gente vai brigar por isso? - a morena questionou ainda séria.

-Ohana: Não, a gente não vai brigar. - a loira sentou-se na cama após a morena fazer o mesmo. - Eu só quero que confie em mim pra ser você mesma, mas você não se permite. Já parou pra perceber o quanto sabe sobre mim e eu nem se quer tenho certeza de onde você nasceu? Eu só quero conversar com você.

Larissa se manteve em silêncio, era irredutível.

-Ohana: Quer ficar sozinha? - questionou carinhosa.

 𝕃𝕒 𝕄𝕒𝕣𝕗𝕚𝕒 - Ohanitta Onde histórias criam vida. Descubra agora