Presilha retirada, cabeça descansada e luzes apagadas, a hora chama e a noite clama, preciso dormir; claro, não necessariamente a penumbra atrai o sono, que desliza preguiçoso e ansioso sem saber onde ficar; o que fazer amanhã? relatórios, compromissos, o tempo passa e me afasto daquilo que preciso; conciso, minha memória relembra e traz de volta o que deveria ter esquecido; apagado, desgastado do dia e do passado, o presente incita o futuro imaginado, as pálpebras deitam e mergulham num desespero inevitável, não durmo; soturno, afastado pelo que deveria o aproximar, o horário acabo de checar.
— duas horas, deitado e frustrado, preciso desligar.
Uma performance noturna sobre minha cama, movimentos agoniados e sem esperança; inseguro, com o amanhã que a cada passo, a cada segundo do relógio corre sem se importar com a minúscula vontade de descansar; desmaiar talvez fosse uma opção — o sono mais próximo da morte me agraciaria com sua formosa aparição? — pois claro que não. Ó Hypnos, me acalma e abraça com o toque da mansidão. quatro horas. Já consigo ouvir o tinir das estrelas arrastando-se para longe fugindo do mais velho irmão; provisão, uma alma cansada que nada necessita além de perdão;
Nas ondas em movimento Os céus lançam seu lamento A noite aos poucos se esvai Tudo que resta é o tormento
Urge a luz que invade as trevas E carrega consigo o descanso O dia aguça o sopro das relvas Mas para mim, é o início do remanso
Bom dia —Me pergunto para quem — hoje começou como ontem terminou, um estilhaço; embaraço, não meu cabelo, mas minha cabeça. Os olhos carregam bolsas fundas e vazias, escuras como a noite que as criou, revelam o mais profundo interior do espírito sofredor, vítima do mais torpe temor: ser escravo de uma noite mal dormida.
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Poucas palavras
PoetryAlgumas poesias em prosa com breves relatos de acontecimentos do dia-a-dia
