Adoraria um café, ou uma água até. Me disse o esquálido cidadão que esperava a meu lado; na tensão alta, minha mente inevitavelmente se exalta, na dúvida de uma ação, uma interrupção. Na tentativa de criar, pensar ou imaginar, apenas consigo me desesperar; esperar um momento para descansar, no limiar do sossego aspirar um segundo para finalmente ter a chance de relaxar e poder observar; na pequena multidão distraída vejo minha vida em comunhão, mesmo que na realidade esteja na contramão; propagação, o sentimento reverbera, se espalha como ondas num mar selvagem, a convicção de existir e não estar, de viver e não avançar. A espera é curta, mas parece uma eternidade, vou entrar, tragar a vontade de vomitar, o nervosismo faz palpitar a esperança de continuar.
— Bom dia. Ou será boa tarde? O início incomoda, pus tudo a perder. O processo continua, mas ainda não me movi; repetido, o resultado já é conhecido, mas ainda não terminou, apenas começou; o frenesi alimenta a coragem que tira a pressão, e faz escapar tudo que tenho para me orgulhar.
— Obrigado. Me disse com um sorriso amarelado.
E recebida a mensagem do possível retorno esperado, parto sem destino; sol a pino, esquentando a cabeça cansada, cozinhando a mente fadada a uma vida falida.
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Poucas palavras
PoetryAlgumas poesias em prosa com breves relatos de acontecimentos do dia-a-dia