No es de tu incumbencia

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Ana

Eu não estou confortável em lidar com Juan Carlos tão cedo, convenhamos, nem tão tarde. Talvez, não queira lidar com ele nunca mais, mas isso não é importante, no momento. Ele me olhava com aquela cara de vítima, odiava quando usava esse drama todo. O que me falta é paciência para lidar com tudo isso.

Olhei com total desdém esperando a sua resposta. Juan Carlos é pai dos meus filhos e isso será mantido, apenas isso. Nossa relação será estritamente familiar, não posso viver em comodismo, sem alguém que realmente me apoie nas minhas decisões. Ele não concordava e não apoiava nas minhas decisões, como se eu fosse obrigada a deixar meus interesses de lado por algo maior.

Ele ficou algum momento, me analisando, o mesmo sabia que não seria uma conversa fácil, admiro que tenha vindo aqui.

– Bom... – Deu uma pausa, me dando um sorriso sem graça.

Revirei os olhos.

– Me admira que você tenha vindo aqui, sem pensar o que exatamente falaria. – Meu sorriso forçado e falso, foi exposto. – Então, assinou os papéis? – Indaguei sem pausar ou demonstrar nenhuma das minhas emoções.

Juan Carlos engoliu em seco.

– Ana, você deveria pensar melhor sobre este assunto! – Revirei os olhos e repensei, muitas vezes, do que porquê casei com Juan Carlos. Sinceramente, não achei respostas.

– Ah, você acha? – Perguntei ironicamente.

– Sim, acho! – Respondeu cinicamente.

– O que você acha, não me importa. A partir do momento, que você se deitou com outra, ignorando o fato que estava casado, que tem filhos e uma relação a honrar, você perdeu o direito de me pedir para pensar melhor ou considerar as suas escolhas. – Me virei, no intuito de dar fim aquela conversa desnecessária, mas o que ele me falou em seguida...

– Você também traiu e desonrou nossa relação... – No mesmo momento, me voltei a ele com ódio que poderia ser sentido em todo o ambiente. Repensei em várias formas de não surtar e dar na cara dele, não perca a sanidade por homens, Ana.

Gargalhei ironicamente, internamente estava pegando fogo de tanta raiva.

– Eu me senti muito mal pelo que fiz, porque pensei que você nunca faria isso comigo, mas vejamos, não só fez... – Pausei e olhei bem em seus olhos. – Como fez me sentir uma idiota, babaca e, principalmente, uma mulher desonrosa com meus compromissos. – Andei de um lado para o outro e continuei descarregando o que estava engasgado. – Fui verdadeira contigo, contei o que se passava e não fui covarde como você. Saberia que isso iria te machucar, me machucar, mas pensei que nossa relação valia a pena, e você? Ficou jogando na minha cara, me fazendo me sentir pior ser humano na terra por ter sido sincera com você, Juan Carlos. – Parei para respirar, estava falando com tanto ódio e euforia. – Então, você não tem nenhum direito de me pedir para pensar melhor, porque já tomei a decisão de nunca mais voltar. – O encarei. 

Ele me olhou incrédulo.

– Nunca diga, nunca! – Murmurou em negação. – Espero que esteja aproveitando bem quem seja, porque a pessoa te marcou bem. – Olhei confusa para ele. Pressionei os lábios e fechando os olhos e me lembrando do chupão — droga o chupão.

– Isso não é da sua conta. Eu já assinei os papéis e não sou mais nada sua, além de mãe dos seus filhos. – Me aproximei e minha voz saiu serena – Só espero que honre seus filhos, porque eles não merecem ter o coração quebrado ou serem tratados como nada. Eu sei que você não fará isso, mas se ocorrer, saiba que vou tomar providências. – Me posicionei no centro da sala.

– Então, vamos jogar 20 anos fora? – Me indagou, ainda não aceitando a derrota, bufei.

– Você jogou fora quando se deitou com a Tere. – Passei a mão no rosto, estava com pouca paciência.

Juan Carlos me olhou, deu um sorriso forçado.

– Você ganhou, Ana. – Meu melhor sorriso vitorioso estava ali, suspirei aliviada.

– Sempre será bem vindo como pai dos meus filhos, mas já deixo avisado que a minha vida particular, daqui para frente, não é mais da sua conta. – Aquilo havia drenado toda minha paciência, boas energias e tudo que aconteceu de bom no café da manhã. – Você não é o primeiro e não será o último homem a me insultar, rebaixar e desonrar, porém, levo desaforo para o lado pessoal e sei defender muito bem o que acredito e quem amo. Espero que entenda e siga a sua vida! – Mariana apareceu na sala com Valentina. Juan Carlos me olhou surpreso. – O que? – Indaguei pegando a minha pequena no colo, os dentes realmente estavam a incomodar.

– O que ela faz aqui? – Apontou para Mariana, a deixando completamente desconfortável.

– Não é da sua conta. Essa casa não é mais sua, mas só para não deixar te curioso. Eu a chamei de volta, porque não foi erro dela esconder algo para me proteger. – Balancei Vale e olhei de forma reconfortante para Mariana. – Mais alguma coisa ou já acabou?

Me olhou inconformado e, aparentemente, desistiu de qualquer tentativa de mudar minha ideia sobre o divórcio.

– Não. Vou indo, tenho coisas para fazer. – Concordei e sorri.

Não deixaria de perturbar com os papéis.

– Por favor, entre em contato com a minha advogada e assine os papéis quanto mais rápido, melhor. Preciso dar continuidade na minha vida. – Meus olhos automaticamente repousaram nos de Mariana, que retribuiu com sorriso. Não deixei de sorrir e ele percebeu.

– Pode deixar, vou entrar sim. Que você seja feliz, independente de quem seja. – Sua voz transparecia o desconforto diante do que viu.

– Que você siga a sua vida e seja feliz também! – Exclamei, deixando bem claro que estava confortável com a minha decisão e com a continuidade das nossas vidas separadas. – Alta, poderia acompanhar o Sr. Juan Carlos até a porta. – Alta o acompanhou até a porta, eu e Mariana voltamos para a cozinha.

Nós nos sentamos, silêncio mortal prevalecia. Fechei os olhos e tentei retornar a realidade sem me sentir incomodada com tudo que aconteceu.

– Você está bem, Ana? – Mariana indagou, quebrando o silêncio e pegando em minha mão, acariciando levemente em cima da mesa.

Resfoleguei, pensei em responder algo que não a preocupasse, mas ser sincera era o melhor caminho.

– Estou incomodada, mas estou bem. – Me esforcei para dar um sorriso, Valentina ainda estava no meu colo e colocou a mãozinha sobre as nossas.

Demos um sorriso mútuo.

– Posso te perguntar algo? – Perguntei sem graça, porém, precisava.

– Claro!

– Por acaso tem algum chupão no meu pescoço? – Deixei meu pescoço a mostra, Mariana corou.

– Hm, sim... Eu prometo que na próxima vez, não vou deixar nenhum chupão. – Mariana respondeu timidamente.

– Bom dia! Que chupão? – Ceci indagou entrando na cozinha, nos olhando. Nossos olhos se encontraram e o sentimento de cavar um buraco, entrar, era mútuo. 

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