Fênix

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Presente-Parte 4/4
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Nenhuma das centenas de cartas foi respondida, ela sumiu, ou foi capturada, talvez ela os tinha enganado e após conseguir seja lá qual for a informação que precisava fugiu, me obriguei a apagar este último pensamento.
Lucien estava fora de si, além de todos os problemas com a magia, a fuga daqueles milhares de pássaros, agora ela tinha sumido, sua amiga, sua espiã, sua irmã.

"Jurian, mande qualquer espião confiável para o Sul, Vassa você sabe oque fazer."

"Temos outros problemas para resolver Lucien, ela pode ter tido apenas um imprevisto logo vai aparecer, e Vassa não é só um passarinho comum que pode pousar em janelas e ouvir conversas de senhoras tomando o chá da tarde, ela seria notada."

Desejei poder me pronunciar, desejei que ela estivesse aqui para mandá-los parar de falar como se eu não entendesse, voei até a janela e olhei para Lucien, Jurian soltou um ar irritado mas Lucien concordou, não poderíamos abandona-la. Mas eu não fiz o que Lucien queria, eu tinha informações que eles não possuíam e eu sabia exatamente onde procurar.

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Esperei o anoitecer, estava empoleirada no telhado da taverna, após o brilho leve da transformação vesti as roupas que trouxe, e deslizei até a janela do primeiro corredor no andar de cima, a porta do quarto estava aberta, para qualquer um que olha se o quarto estaria normal, bolsas em cima da cama perfeitamente arrumadas, produtos de beleza abertos e espalhados na penteadeira, mas ao abrir as bolsas elas estavam cheias de roupas elegantes e caras, roupas caras não eram necessárias em uma missão para se infiltrar em uma união rebelde de humanos desafortunados, e Ellora também não era do tipo que usa produtos de beleza, não precisa deles, peguei o que estava aberto "realça o brilho e hidrata a pele" . A cena tinha sido montada, para que qualquer um que a procura-se acreditasse que ela estava por perto, ela sabia que tinha a chance de nós procurarmos por ela.

Procurei por qualquer mensagem ou pista de onde ela poderia ter ido, tudo que encontrei foi um bilhete de navio rasgado, peguei alguns tecidos leves, para cobrir meu rosto. Seria difícil sair por ai para pedir informações como uma feérica e mais difícil ainda como uma fênix. De volta ao telhado, lancei uma oração a Mãe e pedi para que ela a protegesse, mas quando vi os capuzes azul marinho eu sabia que nem mesmo a Mãe poderia nos proteger.

Deslizei de telhado em telhado, me mantendo afastada da luz, eram dois homens, pela largura dos ombros. Pareciam estar com pressa, eles pararam em um beco escuro, onde outra pessoa com a mesma capa esperava, mais baixo que os demais, a figura abaixou seu capuz e longos cabelos loiros se libertaram, feérica. Apurei a audição.

"Parece que vai chover, não acham?"

"Uma tempestade de raios, senhorita." Aquele era o código e eu fiz uma nota mental.

"Ela foi vista voando para o norte, fugindo como um passarinho medroso, mandamos os cinco melhores soldados."

"Apenas cinco? O quão bons são seus soldados?"

"Eles são os melhores."

"Espero que você tenha razão, comandante, porquê ela vale por um exército."

"Será mesmo? Os espiões disseram que os poderes dela andam falhando, creio que esteja enganada sobre a menina."

Em um segundo ele estava em pé com uma pose presunçosa, no outro a cabeça dele estava rolando e parando aos pés do outro homem, a fêmea estava com uma lâmina longa em mãos, pingando sangue.

"Creio que você seja o novo comandante agora, parabéns pela sua promoção." Sua voz era doce, delicada, como se ela não tivesse acabado de arrancar a cabeça de alguém. "Deixe-me explicar umas coisas, (1) eu não cometo enganos, (2) Ela não é uma menina, e se quer captura-la para manter sua cabeça colada ao pescoço, então tenha isso em mente, (3) Ela deve ser trazida até mim viva. Agora vá."

Eu não esperei que ela saísse do beco, eu sabia que era idiota deixá-la ir e perde-la, mas o meu foco agora é encontrar Ellora antes deles.

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Voei, escalei, persegui e cacei por dias, o feérico que ainda devia estar sangrando no chão do galpão, havia me dado informações cruciais sobre a localização dela, continuava seguindo para o norte na direção da corte primaveril, eles a estavam caçando como se ela fosse uma corça, eles estavam brincando, capturando e então deixando que ela fugisse um pouco mais, deixando-a fraca e ferida. Ela estava tentando chegar em um ponto onde a magia fosse mais forte.

Agora eu estava no Limite, onde antes a monstruosa muralha ficava, antes da guerra. Senti o cheiro de sangue, após fazer o reconhecimento aéreo da área, pousei e levei um tempo para assimilar a cena.

Corpos, e pedaços dos mesmos por toda parte daquela pequena clareira, a corte primaveril estava alguns metros a frente, o cheiro de Ellora estava ali entre o cheiro de sangue e de corpos começando a se decompor, uma espada que eu reconhecia estava jogadas perto de uma poça de sangue. Me aproximei, o sangue pertencia a Ellora, mas graças a mãe nenhum dos cinco corpos ali eram dela, as lâminas da espada de Ellora estava escura, e algo como uma fumaça negra ainda deslizava pela cena, sombras, as fiéis escuderias de Ellora.
Eu queria falar, queria perguntar a elas onde encontra-la, queria gritar, queria me encolher e chorar, contar para o mundo o que poderia acontecer com ela e com todos nós se a capturarem. Mas apenas me empoleirei na árvore mais próxima, e esperei o anoitecer.

"Olá" Eu disse em minha mente, mas não sabia se elas poderiam me entender, ou sequer me ouvir. "Eu preciso de ajuda, eu...eu não sei como encontra-la, para onde devo seguir. Por favor me ajudem."

Elas se juntaram ao meu redor, me acolhendo, como uma espécie de abraço, elas sabiam quem eu era, e se fecharam o máximo possível ao meu redor, contendo a luz quando as penas sumiram, e eu me transformei, pronta para completar minha missão. Eu não estava mais sozinha.
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1018 palavras


A Corte de Sombras e Verdades- AzrielWo Geschichten leben. Entdecke jetzt