Um céu amarelo empoeirado.
Uma estrada onde o asfalto negro reluzia graças à luz do pequeno sol pálido e fixo além da atmosfera rarefeita.
Um deserto vermelho e homogêneo em que a única coisa que se destacava nessa paisagem era a própria rodovia que se perdia no horizonte.
Um veículo terrestre solitário atravessava essa imensidão. Uma espécie de ônibus, adaptado para a gravidade e atmosfera do lugar, e nele algumas famílias a bordo, todas visivelmente cansadas, olhavam a extensa vista melancolicamente pela janela.
Após algumas horas de viagem o tédio prevalecia, uma vez que tudo que se podia contemplar se resumia a rochas vermelhas, terra vermelha e montanhas ainda mais vermelhas.
Uma senhora, aparentemente viajando sozinha, olhou para uma pequena garotinha de olhos e cabelos negros como a noite no banco ao lado. Tímida a garota tentou esconder seu rosto contra o busto da sua mãe que a carrega no colo.
A senhora em questão precisava conversar com alguém, do contrário ficaria louca naquele silêncio sepulcral. Puxou assunto com a mãe da garotinha.
— Olá. Qual o nome dessa garotinha linda? — Perguntou a senhora.
— Olá, essa menina assustada aqui? — Disse a mãe. — Ela se chama Éris.
— Que nome interessante minha pequena. — Respondeu a velha senhora.
— Diga oi para a senhora, — diante do silêncio da criança a mãe a enxotou a responder — seja educada Éris.
— Oi. — Respondeu sem vontade a pequena garota.
— Oi, tudo bem com você? Quantos aninhos têm? — Perguntou a velha mulher se inclinando para a criança.
A menina não respondeu.
— Ela está te fazendo uma pergunta Éris. — Brigou a mãe com a menina.
— Anos da Terra? — A pequena respondeu à pergunta com outra pergunta.
— Sim, anos terráqueos. Quantos aninhos? — Sorriu a idosa.
A garotinha usou os dedos das mãos para mostrar a idade para a mulher. Ela abriu toda a mão esquerda e na mão direita usou só o indicador em riste.
— Olha! Que linda! Seis aninhos. — A senhora bateu palmas. — Perdão, como é mesmo seu nome?
— Éris. — Relembrou a garota.
— Olha que lindo! — A curiosa mulher levou a mão ao queixo de forma reflexiva. — Exótico...
— Exótico? — Questionou a mãe.
— Sim. — Afirmou a senhora. — Não é comum hoje em dia as crianças ganharem nomes de planetoides. Porque escolheu Éris?
— É verdade, — a mãe deu de ombros — normalmente as crianças são batizadas com nomes de constelações, estrelas ou planetas. Planetoides e asteroides não andam na moda.
— E houve motivo para escolher este nome em especial para essa princesinha? — Pertinente insistiu a velha mulher.
— Na verdade não... — A mãe olhou para cima, como se buscasse uma resposta em suas memórias. — Eu quis fugir um pouco do padrão, dar um pouco de exclusividade para ela. Sabe? Exótico como a senhora disse.
— Sei sim. — A mulher concordou com a cabeça.
A criança tornou a se afundar no busto da mãe evitando contato visual com a senhora de idade.
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Paradoxo de Fermi
Science FictionMesmo se nos fosse possível contar quantos minúsculos grãos de areia todas as praias da Terra possuem, ainda assim, não conseguiríamos um número grande o suficiente para bater a quantidade de estrelas existentes no universo observável. Parece bizarr...