Capítulo 4

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"Não importa onde esteja, não importa para onde for.

Se é a milhares de milhas de distância ou

somente a 10 milhas à frente. Entenda, leve consigo quando você for"

- Who says you can't go home? (Bon Jovi)



Passamos o resto da tarde de sábado no Parque Ibirapuera andando de bicicleta, tomando água de coco e reabastecendo a Vitamina D dos nossos corpos, graças ao belo dia ensolarado que a selva de pedra nos proporcionou.

Terminamos a noite em um barzinho próximo da casa de Roberta. Giovanni também apareceu com alguns amigos e assim como havia prometido para mim mesma, não toquei em nenhum assunto embaraçoso. Estava tudo bem entre nós.

Como já estava tarde, pedi um Uber ao invés de voltar de metrô. Gio se ofereceu para me levar, mas não fazia sentido já que a casa dele ficava para o outro lado. Agradeci e fui embora sozinha.

Domingo chegou e eu optei por dormir até mais tarde novamente. Fazia tempo que eu não descansava. Estava mesmo precisando.

Depois da hora do almoço fui passear na Avenida Paulista. Eu adorava andar por lá de domingo quando eles fechavam o fluxo de carros. É possível apreciar a avenida mais movimentada da cidade com calma, admirar a arte das pessoas, comprar bobagens, comer coisas deliciosas, ler na tradicional Livraria Cultura do Conjunto Nacional e até visitar uma exposição no MASP. Como eu adoro São Paulo!

Depois de um dia todo fora, tomei um banho demorado e aproveitei para fazer uma hidratação de óleo de coco no meu cabelo, o coitadinho estava precisando. Quando em fim me sentei no sofá para finalizar o final de semana com uma boa série, meu celular começou a vibrar. Assim que vi quem era, o sorriso preencheu meu rosto e meu coração ficou quentinho.

— Ooooooi família! — Atendi radiante

Os três rostos que eu mais amava no mundo apareceram na tela: Clara, Mafê e Bruno.

— Oi meu amor! — respondeu mamãe toda sorridente

— Princesa! Que saudades! — disse papai animado

— Chatona! Quanto tempo maninha! — provocou Clara

Eles estavam radiantes. Era sempre muito bom conversar com a minha família. A gente se falava o tempo todo pelo whats, mas por vídeo era sempre mais especial. Era como se a gente conseguisse estar perto novamente.

Obrigada, tecnologia! Obrigada, internet! Por aproximar quem está longe.

— Como é que vocês estão? Estou com saudades também!

— Por aqui está tudo bem, filha. Calor demais, como sempre — reclamou meu pai com bom humor, enquanto colocava a língua para fora fingindo que estava derretendo, fazendo nós três rir.

— Como estão as coisas por aí filha? Você está comendo direito? Precisa de alguma coisa? — disse minha mãe, sempre preocupada.

— Sim, mamãe! — revirei os olhos — Mas toda vez você vai perguntar isso?

— Claro! — respondeu Clara — Você sempre será a princesinha da mamãe! — me provocou fazendo biquinho.

— Fica quieta, pirralha!

— Ai que saudade que eu estava das minhas Três Marias juntinhas... — ironizou papai

Por serem apaixonados por biologia e por tudo que envolve natureza, meus pais adoravam também estudar sobre as estrelas e universos. Meu pai sempre fez piadinha com a minha mãe sobre ela ser a sua estrela, já que ela se chama Maria e suas estrelas favoritas eram as Três Marias.

As famosas Três Marias são facilmente vistas a olho nu, seja no hemisfério norte ou sul. Elas são estrelas bem maiores que o Sol, e estão a cerca de 1500 anos-luz da Terra. O interessante é que cada cultura dá às Três Marias um diferente significado e isso deixava o meu pai fascinado.

Quando minha mãe ficou grávida de mim, meu pai quis que eu me chamasse Maria. Já a minha mãe, queria que eu me chamasse Julia. Como ninguém cedeu, virei Maria Julia. O mesmo aconteceu com a minha irmãzinha, pois papai queria Maria (sim, ele insistiu no mesmo nome outra vez) e mamãe queria Clara. Como eles continuavam sendo teimosos, decidiram que seria Maria Clara. Dessa forma, meu pai acabou tendo suas próprias Três Marias e ele achava isso o máximo.

Eu já acho brega. Sempre vira piada quando tenho que contar para alguém que minha mãe chama Maria Fernanda, eu sou Maria Julia e minha irmã é Maria Clara. Por isso eu só chamo a pirralha apenas de Clara e gosto quando me chamam de Maju.

Conversamos por quase uma hora e eu já estava caindo de sono. Amanhã estaria de volta à rotina de estudos e trabalho, então precisava descansar. Despedi-me da minha família e segundos antes de apertar o botão vermelho e encerrar a chamada, Clara esgoelou:

— Você sabia que eu vou conhecer o Vi Guerreiro?

Por essa eu não esperava, confesso que fui pega de surpresa.

— Sério? Onde? — respondi curiosa — Não sabia que ele ia fazer show aí em Pernambuco.

— Você não ficou sabendo da promoção? — exclamou Clara indignada

— Fiquei, mas eu não sabia que já tinha saído os resultados. Não começou ontem? — respondi confusa

— Começou ontem mas é obvio que eu vou ganhar por ser mais inteligente que todas! — disse Clara, toda orgulhosa.

— Clara, é um sorteio. Sem querer ser estraga prazer, mas ganha quem for mais sortuda.

— Primrose Everdeen conseguiu ser sorteada na sua PRIMEIRA colheita em Jogos Vorazes. Vou conseguir ser sorteada também! Você vai ver Maria Julia!

— Boa sorte então, Prim. Que nenhuma Katniss apareça e tome o seu lugar! — brinquei com ela.

— Sempre querendo acabar com a graça dos outros né? Af, tchau!

E desligou na minha cara.

Por que tudo sempre parece o fim do mundo para os adolescentes? 


Apaixonada por um RockstarWhere stories live. Discover now