26. Ciclos

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20 de Setembro de 1969

Maya pensou centenas de vezes se deveria mesmo tocar a campainha. Poderia estar cometendo um erro terrível, mas naquele momento não sabia ao certo o que fazer, sua mente estava nublada por angústias e preocupações. Tirar férias de longe foi a melhor decisão que poderia ter tomado, viveu experiências divertidas, intensas e excitantes, mas no momento que pôs os pés em Nova Iorque já foi nocauteada por um enorme problema.

Só havia uma solução possível e, infelizmente, era a mais difícil.

Respirou fundo novamente e tomou coragem de finalmente apertar o botão da campainha. No instante seguinte seu coração acelerou e sentiu uma fraqueza tão intensa no corpo que achou que cairia desmaiada no chão daquele corredor. No momento em que a porta foi aberta precisou usar de sua melhor atuação para esconder o fato de que estava quase tendo uma síncope.

Foi Jimin quem a recebeu, com aquela mesma expressão de desdém que sempre dirigia a ela, sem a mínima preocupação de disfarçar.

— Pois não. — Direcionou um olhar soberbo, percorrendo dos pés à cabeça de forma crítica.

Ele a odiava, certamente. Maya nunca conseguiu compreender o motivo. Quando namorava Jungkook tinha a sensação de que o mordomo estava sempre à espreita, fiscalizando tudo o que ela fazia, perseguindo seus passos. Uma vez teve a impressão de ter visto Jimin espiando em um momento íntimo e desde então passou a ter medo dele.

— Jungkook está?

— Ele está dormindo, mas posso chamar...

— Não precisa, eu mesma vou. — Passou pelo rapaz, adentrando o apartamento antes mesmo de ser convidada.

— Mas, Senhorita...

— Não se preocupe, conheço o caminho. — Dirigiu-se ao corredor que levava aos outros cômodos, antes que Jimin tentasse impedi-la ou boicotá-la de alguma maneira.

Logo adentrou o já tão conhecido quarto de Jungkook, deparando-se com o rapaz encolhido entre os travesseiros. Precisava resolver um assunto urgente, então não podia esperar que ele acordasse. Tratou logo de ir até a janela e abriu as cortinas permitindo que a luz do dia adentrasse, depois puxou a coberta do corpo dele fazendo com que despertasse assustado.

— Vamos, acorde! Precisamos conversar.

Jeon se sentou no colchão e coçou os olhos tentando se acostumar com a claridade. Definitivamente não esperava ser acordado daquela maneira pela manhã, muito menos ter seu quarto subitamente invadido pela ex-noiva.

— Pode me explicar o que está acontecendo?! — perguntou ainda sonolento e completamente confuso.

— Eu preciso resolver um problemão e você será meu cúmplice. — Não foi uma proposta, não estava aberto a discussão. Ela já tinha decidido que seria daquela maneira e ele não teria a opção de negar.

— Eu? — A última vez que os dois conversaram foi para terminarem o relacionamento. Depois disso, nada mais disseram um ao outro a não ser cumprimentos rápidos. Para quem prometeu que nunca mais iria olhar nos olhos dele, o interesse de Maya parecia bastante suspeito.

— Exato. Você me deve isso, nem pense em dizer não. — Ela estava agitada, passando as mãos umas nas outras a todo momento, caminhando a passos curtos de um lado para o outro. — Sabe que eu não viria até você se tivesse outra opção.

De fato. E era justamente isso que alarmava Jungkook. Ela não pediria algo a ele se não fosse um caso de vida ou morte. Pelo semblante, a maneira de agir e a urgência das palavras era óbvio que se tratava de uma coisa grave.

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