Capítulo 05

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Seamus desviou o olhar de mim e encarou Andrej de forma suspeita.

"Quem é esse garoto?"

Andrej se encolheu, olhando para o chão e apoiando o corpo nas laterais dos pés. Fitei-o com certo aperto no peito. Tão novo... E em breve, eu não tinha dúvidas, começaria a fazer mais do que dançar e cantar no bordel de Pansy.

"É um amigo." Falei, e ele ergueu o olhar, sorrindo para mim. Sorri de volta, mas o bufo que Seamus soltou fez com que eu o olhasse, minha mente enchendo-se de perguntas.

"Eu preciso te levar de volta para o palazzo imediatamente. Vamos." Seamus segurou meu braço e começou a me puxar a passos largos. Tudo que pude fazer foi olhar para Andrej e oferecer-lhe um abano de despedida. Ele ficou parado no meio da praça, apenas olhando-nos de forma melancólica enquanto avançávamos através da variedade de pessoas que por ali transitavam.

Quando enfim chegamos a um canal e subimos em uma gôndola, Seamus mirou-me avaliativamente antes de suspirar aliviado por ver que eu estava inteiro e bem. Seus ombros pareceram tornar-se vários quilos mais leves. Depois que o alívio passou, ele me encarou com fúria.

"Eu não falei para você correr de volta para o palazzo? Sabe a confusão que criou? E a encrenca em que me meteu? Eu quase perdi meu emprego por sua culpa! Onde você passou a noite, afinal? Será que você não pensou na preocupação que iria causar no Sr. Potter e nos outros por ter sumido desse jeito logo depois de quase ser estuprado? Sinceramente, que cabeça de vento! O Sr. Potter despachou uma busca atrás de você, por praticamente toda a noite e toda a manhã! Ele está uma fera, é melhor que caía de joelhos e implore por perdão quando o vir!" Seamus descarregou tudo com os olhos faiscando como brasa quente. Eu o olhei quase chorando pelas palavras duras, sabendo que ele estava certo, e ele pareceu incerto e envergonhado ao ver-me assim, e soltou outro bufo, desviando o olhar para a água e remando mais depressa.

"Me desculpe. Eu não pensei..."

"Então pense da próxima vez!" Ele me cortou ainda sem me olhar, seu rosto transfigurado e corado.

"Obrigado." Falei baixinho, e então ele me encarou incrédulo. "Por ter me salvado, ontem. Se você não houvesse aparecido..."

"Era o meu dever." Seamus falou rápido, seu rosto ficando um pouco mais vermelho enquanto ele apertava o remo com força. Notei que três de seus dedos estavam enfaixados e duros, como se não conseguisse dobrá-los. "O Sr. Potter me mataria se eu deixasse alguma coisa acontecer com você. Ele já quase me matou por ter perdido você de vista." Ele explicou mal-humorado.

"Mesmo assim. Obrigado." Repeti com sinceridade. Ele resmungou alguma coisa e não falou mais nada pelo resto do caminho. Meu coração começou a retumbar com força conforme nos aproximávamos da casa. Eu estava com medo de encarar Harry. Eu nunca havia feito nada que o desagradasse antes, e tampouco o havia visto brabo ou irritado. Não realmente. Torci as mãos, nervoso.

Quando chegamos, observei os ornamentos mouriscos da entrada do palazzo, com sua fachada de pedra polida e seus arcos estreitos e pontiagudos. Era de um verde tão denso que a tinta usada parecia ter sido misturada com a água turva e esverdeada dos canais. Senti-me melhor quando entramos. O palazzo sempre seria o lugar onde eu me sentiria protegido e aquecido. Na entrada, as escadas que desciam curvas pelas laterais pareciam querer abraçar os recém chegados, e o tapete vermelho que as cobria e chegava até a porta dupla da entrada era como um convite de boas-vindas.

Era Uma Vez em Veneza ● DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora