Quando encontrei você (DISPONÍVEL NA AMAZON)

Capítulo 1

— Tchau, tia, até à noite — me despeço com um beijo ao sair para mais uma entrevista de emprego, na expectativa de que esse dê certo.

As coisas não têm corrido bem desde que o tio Jack morreu, há um ano. A situação financeira está ruim, as contas estão se acumulando mais e mais a cada dia, o dinheiro que tínhamos, que o tio Jack havia deixado, quase não dá para comprar os alimentos, fora que a tia Natasha adquiriu uma doença que a faz depender de remédios, e os mesmos são muito caros, o governo não os dão.

Essa deve ser a quinta entrevista que irei, orei tanto para que essa desse certo, que eu conseguisse esse emprego e pudesse ajudar a minha tia e assim começar também a cursar uma faculdade.

Sigo por uma ruela para encurtar o caminho, quero chegar cedo e evitar quaisquer imprevistos. É tarde, e o laranja no céu fazendo contraste com o azul daria um perfeito quadro pintado por mãos celestiais, sorrio comigo mesma. Ando pensando sobre a entrevista quando sinto uma mão grande segurar os meus braços por trás e a outra vir ao encontro do meu rosto com algum pano, pelo que pude brevemente ver. Tento me soltar como posso, mas quem quer que seja é forte, tento gritar através do pano, mas algo nele me faz ficar tonta até que tudo o que vejo é uma escuridão à minha frente.

Acordo numa completa escuridão, estou deitada em algo macio e cheiroso, passo as mãos percebendo ser uma cama, parece ser simples e de solteiro, sento, mas logo levanto e saio tateando a parede em busca de alguma janela, porta ou interruptor, não ando muito quando escuto o barulho de porta sendo aberta, corro até a cama e me sento com medo de quem irá entrar. Uma luz é acessa fazendo as minhas mãos cobrirem o meu rosto com a claridade repentina, uns segundos depois eu as abaixo e vejo um homem alto perto da porta que se encontra fechada, ele me olha sem expressão, me encosto na parede e abraço as minhas pernas, o homem começa a andar devagar em minha direção, meu coração dispara, tenho medo, por algum motivo tenho medo dele. Ele chega até mim e senta-se na cama, me encolho ainda mais no canto da mesma, observo os seus gestos, sua mão se levanta e aproxima-se do meu rosto, fecho os olhos instantaneamente, não sinto seu toque e os abro novamente, ele me analisa e nesses minutos nada é dito, apenas respirações são ouvidas. Depois de uns minutos que pareceram horas, ele se levanta e o olho apreensiva.

— Levante-se — ouço a sua voz soar como ordem por ser grossa e imponente. Continuo o olhando querendo perguntar quem é ele e o que estou fazendo aqui, mas alguma força me impede de expressar-me — Não tornarei repetir - ele vira-se para mim e imediatamente me levanto.

Ele segue até a porta, imagino que é para segui-lo, o faço, olho rapidamente para trás e vejo o quarto, que não tinha prestado atenção desde que ele entrou, saio e vejo um corredor com paredes de metal, parecem sólidas, não consigo escutar nenhum barulho, com exceção dos nossos calçados ao tocarem o chão, ando segurando as mãos uma na outra na altura do peito.

Subimos uma escada em espiral e chegamos a uma porta de aço, acho, puro, ele faz algo e ela destrava. Deus, onde estou e o que vai acontecer comigo? Ele para e observo ao meu redor, uma sala grande, com janelas de vidro, o ambiente parece cortar o som, visto que nada é ouvido do lado de fora, me vem na mente o quão embaixo eu estava, me faz sentir um pouco de falta de ar, subo o meu peito aspirando.

— Co-com licença — ele para de andar. Junto toda a coragem que nunca tive na vida para perguntar: — Quem é o senhor e, por que eu estou aqui? Quero ir para casa. Por favor, senhor — ele nada diz. Resolvo pedir novamente — Senhor... — ele não me deixa concluir a frase, pega no meu braço com força, apertando-o, fazendo-me gemer de dor e arrasta-me para algum lugar — Senhor, por favor, quero ir para casa. Você me sequestrou? Por quê? Eu não tenho nada. Senhor! — suplico, mas é como água jogada no mar, não faz diferença alguma.