AO MEU ULTIMO SORRISOEntão é isso... A sede etérica me devora!
À mesa, todas as mágoas são fiéis,
Nunca me deixam só, e em seus cordéis
Eu sou o opúsculo enredo da derrota.
Levanto, encaro o mundo a minha volta:
É tão deserto; - uma só alma entre revéis
Agonias êmulas à despojar lauréis...
_Até na morte hão de ser a minha escolta!
Que desgraça veio mim... Miseráveis,
Que mal vos fiz, pra magoar-me assim?!
Só, à frieza das extremidades: de mim
Me resta dor e silêncio - intermináveis!
Silenciai-me, agora, ó dias de amargura!
Arrasta a minha singular alegoria
Às profundezas, e ali, em agonia,
Torna esquecida minh'alma obscura!
Qu'importa a mim, roer-me a criatura
Toda a matéria insólita, podre, fria,
Se rói-me, agora, tão insana e baldia
Traça voraz, sorvendo-me a quentura?!
Qu'importa a mim esses momentos
Tão vazios de uma vida condenada?!
Somente o mal, com sua estória inacabada,
Refulge às frestas dos meus ferimentos.
Então:
Que dancem frenéticos os fâmulos dançarinos;
Que façam em mim as suas festas sem misérias;
Que comam-me a carne, dissolvam-me as artérias:
E só assim hei de mostrar-lhes meus caninos!