Capítulo 01: Only the young

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Três meses, exatamente 91 (dias) 2190 horas 131400 minutos dentro de um cubículo branco e frio, já deveria estar acostumada com este lugar, com a atmosfera, mas eu odiava estar em hospitais

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Três meses, exatamente 91 (dias) 2190 horas 131400 minutos dentro de um cubículo branco e frio, já deveria estar acostumada com este lugar, com a atmosfera, mas eu odiava estar em hospitais. Seu clima caloroso deixou de ser assim depois de 1 meses. Suas paredes brancas, composta por pequenos quadros com uma flor colorida, como se eles tivessem comprado e colocado direto na parede — se tornou sem graça — os jarros que compunham com rosas e tulipas já sem vida, dava um ar extinto ao local.

O hospital não era um local feio. Se eu fosse uma visitante, este local seria um ambiente de fé e esperança, rodeado de orações pelos entes queridos, mas eu era uma paciente e após tanto tempo aqui, ele parou de ser um espaço de esperança e se tornou um lar antes do fim da linha de uma bela história.

O hospital obtinha aroma de expectativas. O que me faz estar aqui com as orações dos meus pais e familiares, talvez amigos, mas orando para poder haver esperança, uma luz no fim do túnel, uma cura. Eu não ia á igreja, nem e frequentava cultos, mas reconhecia que pudesse haver uma força maior nos guiando lá de cima, entretanto no momento isso parecia ser impossível.

De novo e de novo.

Escutava com atenção a voz do meu pai, conversando com o meu médico Dr. Scott, talvez ouvisse o choro da minha mãe, o grito do meu pai, isso acontecia diariamente. Ele repetia a mesma coisa quase que diariamente em outros ele ficava em silêncio e agradecia pelo cuidado que eles têm com a sua filha mais nova, eu ficava aqui, observando, era o máximo que eu poderia fazer. Eu andava pouco, a cadeira de rodas se tornou minha melhor amiga nos dias que eu tinha dor e outros dias se tornava o meu maior pesadelo, era quando eu não conseguia me manter de pé, não conseguia ficar sentada, eu não sentia forças para mais nada e eu odiava esses dias.

Eu poderia estar cedendo, desistindo, estava cansada de continuar neste ciclo que parecia eterno. Estar doente me fazia passar por altos e baixos, médicos nos enchiam de esperança, diziam que eu iria melhorar a certa quantidade de tempo com os remédios necessário e se preciso fazer as cirurgias, eu acreditava nisso, mas não podia negar que ser otimista com tudo isso era fácil e em certos momentos nem tudo aquilo que me fazia bem poderiam me fazer sempre bem, como os: remédios que em certos momentos foram capazes de me deixar pior.

Cheguei com 60 quilos sendo que o meu peso regular era 52 quilos, agora estou com 56 quilos, minha alteração de peso era devido a doença que devido ao acúmulo de líquidos nos pulmões, pernas e barriga causava dificuldade no coração de bombear o sangue. Eu mal conseguia respirar, me sentia cansada até mesmo deitada, tinha dificuldade para dormir e eu ia tanto ao banheiro na madrugada que eu perguntava se eu tinha infecção urinária.

O tratamento normalmente era rápido, mas por algum motivo desconhecido para mim, foi diferente o que poderia ter sido tratado a meses atrás e que eu provavelmente poderia estar em casa aproveitando os momentos com a minha família, tomando remédios diariamente, mas voltando a viver minha vida espontaneamente, mas eu acreditava que eu iria suportar tudo e melhorar, era o que eu pelo menos esperava. Eu não poderia ficar resmungando, eu irei persistir na minha saúde, caso não, fará sentindo passar por um tratamento extenso sem insistir, poderia estar rodada de uma rotina de remédios, de falsas esperanças ou verdadeiras esperanças, de expectativas. Eu odiava tudo isso e por odiar tudo isso lutaria para melhorar a ponto de sair do hospital e continuar o tratamento na minha casa sem medo de morrer deitada na minha casa e estar futuramente curada com a intenção de retornar ao balé.

Suspirei ouvindo o choro da minha mãe e levantei da cama com cuidado e esforço, me sentei na cadeira de rodas, peguei o meu celular e um fone de ouvido e percorri em direção ao elevador tateei o botão do último andar e em alguns segundos eu estava no telhado do hospital, nenhum paciente poderia transportar-se a está área, mas este era um dos únicos lugares do hospital que eu me sentia em paz, sem lágrimas dos meus pais, eu não me importava nem com a falsa ou verdadeira fé de familiares e amigos e eu poderia finalmente respirar um ar "puro". Sei que o que eu estava fazendo era errado e toda vez que me encontravam ali, eles brigavam comigo, alertando-me que poderia acontecer alguma comigo e não possuiria nenhum médico ou enfermeira para me socorrer. No entanto, a maioria das vezes que eu estava aqui, Alex estava comigo ele também é um paciente do hospital e temos a minha idade, mas diferente de mim Alex é a própria definição de entusiasmos e otimismo. Ele tem câncer no pulmão. Era a segunda vez que ele estava no hospital, a primeira vez foi com 15 anos, ele fez uma cirurgia para tirar o tumor, mas parece que o tumor havia retornado e ele estava passando pelo processo novamente, mas por conta da seriedade ele estava esperando por pulmões novos, porém todos nós que conhecíamos Alex tínhamos esperança que ele logo teria pulões novos e estaria fora do hospital daqui a alguns meses.

Coloquei a música da Daughter — Medicine, fechei os meus olhos sentindo o vento fresco acompanhado do sol quente tocar a minha face e suspirando dou um pequeno sorriso.

Abro os olhos ao escutar a voz de Olivia presente no vasto ambiente, meus olhos também recaem em Cameron, noivo de Oli. O loiro se encostou em uma das rampas que haviam ali e me cumprimentou.

— Pequena Clark.

— Bishop. — Voltei o meu olhar para Olivia que se aproximava para me abraçar. — O que estão fazendo aqui? Vocês não estão tendo ensaio agora?

— Sim, mas fomos dispensados mais cedo para os casais montarem as duplas e iniciarem os ensaios. Eu e Cam viemos te visitar antes de começar nosso dueto.

Observar Olivia no balé desde pequena me incentivou a fazer o mesmo e eu amava dançar mais do que qualquer coisa em minha vida.

— Posso dar algumas ideias?

Eu amava dançar e com os longos meses neste hospital o único contato que tive com a dança foi atrapalhando as tarefas da minha irmã e de meus amigos. O bom era que eles não reclamavam quando eu me oferecia para ajudar e mesmo sabendo que Oli poderia montar uma bela coreografia em menos de 10 minutos. Era muito grata por ela me fazer sentir que o balé estava presente em meu coração e em meu corpo e por trazer sorrisos em dias como estes.

— Claro! Quais são suas ideias?

Falou, puxando Cameron para mais perto.

— Tinsica, giro com arabesco e fish dive. — Falei e repassei os passos na minha mente e fiz uma careta com o resultado. — Esqueçam a Tinsica, iniciem com Adágio, Grand Battement em seguida e Fish Dive, Pas de Deux, giro com arabesco façam uma curvatura, um para o outro, corrida e suspensão. Está a minha ideia para a abertura. O que acham?

Passamos um tempo conversando sobre a coreografia, agora baseada na melodia exposta por Cameron. Quando me senti cansada, eles retornaram comigo para o meu leito e em poucos segundos adormeço.

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A Última DançaWhere stories live. Discover now