❝Quarto Capítulo❞

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❝Conversa de garota para garota.❞


Naquela noite chuvosa de sábado, lá estava Emma em seu quarto, encarando para uma folha de papel com uma redação pela metade por sabe-se lá quanto tempo.

Nem ela tinha explicação do motivo de sua cabeça ter decidido a incomodar agora, ela só sabia que estava a matando.

Então ela solta um suspiro pesado como um resmungo, girando sua cadeira rotatória na direção de sua cama após arremessar a caneta na mesa. Sua cama estava perfeitamente arrumada, a roupa de cama num tom verde-esmeralda e alguns travesseiros e almofadas deixados ali de forma descuidada. No centro, uma pelúcia de girafa foi cuidadosamente posicionada.

Só de olhar a pelúcia o coração da ruiva acelera.

Aquele tinha sido um presente de Norman. O aniversário de Emma foi no período das férias, logo antes da escola começar. Ela não queria fazer nada demais na data por estar exausta, mas o outro não ouviu uma palavra sequer. Afinal, para eles, um aniversário significa não só um ano a mais de vida, mas como de sobrevivência, também. E isso era muito para eles. Então por que deixar uma data assim passar?

— Sabe, teve uma conversa entre nós três que nunca saiu da minha cabeça. Nós tínhamos uns sete anos, eu acho? Enfim, de qualquer forma, você insistiu que iria montar em uma girafa algum dia porque era seu sonho, e ninguém convenceu essa sua cabecinha teimosa de que isso não aconteceria. — Foi o que o mais velho disse antes de estender as mãos na direção dela com a pelúcia em mãos, as bochechas ruborizadas enquanto ele soltava uma risadinha envergonhada. — Sei que não é uma girafa de verdade, não é fácil conseguir uma, mas.. Acho que é um presente adequado. — Ele completa, os olhos vagando por qualquer lugar menos os dela devido ao nervosismo. Então, ele olha para a ruivinha novamente, um sorriso bobo e envergonhado nos lábios. — Feliz aniversário, Emma.

Céus, a forma como a cabeça dela girava apenas ao lembrar daquele sorriso do amigo vai além das palavras.

Foi um presente tão delicado, doce, cheio de significado. Por mais que fosse simples, o sentimento por trás do gesto foi o suficiente para desnortear a coitada.

Era algo que ela admirava nele, o jeito que ele sempre gostava de pôr algo sentimental nas coisas.

Mas por que ela continuava pensando nisso toda a hora? Por que o coração dela acelerava ao perceber que o mais velho a olhava de um jeito tão atencioso e carinhoso? Por que ela se sentia triste quando ele afastava os abraços entre eles? Era algo que ela não podia entender.

Ela se virou violentamente em direção a mesa e simplesmente bateu com a sua cabeça contra a mesma, soltando um resmungo. Ela sempre conseguiu entender o que ela estava sentindo, mas isso? Bem, era algo diferente. Ela nunca chegou a sentir isso com alguém, e para falar a verdade, isso já existia antes de eles chegarem para o mundo dos humanos. Apenas havia se intensificado.

Norman sempre a fez se sentir diferente em um geral. O laço entre os dois sempre foi mais intenso, com mais confiança. Ela sempre achou que fosse por eles serem melhores amigos e nada mais.

E mesmo assim, quando ela o reencontrou, ela sentiu um peso no peito. Uma sensação gostosa, confortável, mas muito confusa. Ela chegou a se chocar ao ver como ele havia crescido e amadurecido, mas foram pensamentos que ela imediatamente dispensou por estar tão focada assim em cuidar dos irmãos.

Mas naquele momento, em que a sua única preocupação era a escola, ela se deixou pensar em coisas casuais, como os próprios sentimentos e vontades.

E pra falar a verdade, ela se encontrava sonhando acordada de tempos em tempos. Imaginando como seria se ela tivesse coragem de se sentar mais próxima ao Norman no almoço da escola, ou o que aconteceria se ela abraçasse seu braço enquanto eles caminhavam. Não é preciso mencionar que isso apenas a deixou mais e mais confusa.

- Seus olhos cor esmeralda - (HIATUS)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora