🍼𝘊𝘢𝘱𝘪𝘵𝘶𝘭𝘰 30🧁

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Ligo a câmera e ajeito para pegar o máximo possível do quarto. Suspiro fechando os olhos, abro novamente e sorrio vendo uma foto da minha garotinha no balanço.

Ela estava tão feliz naquele dia, tínhamos finalmente saído do hospital, ela estava melhorando aos pouquinhos.

- Papai, papai!- escuto sua voz doce.

- Oi pequena.- sorrio para ela que estava na porta do quarto.- Venha aqui!

Minha pequena vem correndo até mim e me abraça. Acaricio seus cabelos loirinhos e sorrio feliz aproveitando os últimos momentos com minha filha.

- Papai conta uma história pra Sina?

- Claro pequena.

Levanto com ela no colo e corro pelo quarto, ficamos brincando por um tempo. Quando cansamos, sentamos no tapete e pego um livro.

- Gosta desse?- mostro o livro com a capa cheia de estrelas.

- Sim.- bateu palminhas animada.

- Certo.... Era uma noite escura no sítio, mas Sina não tinha medo. Pelo contrário, estava bastante ansiosa por uma noite como aquela. A Lua brilhava, assim, como muitas e muitas estrelas. Não tinha uma nuvem no céu! O pai da menina chamou e começou a mostrar algumas das constelações, como são chamados os grupos de estrelas que marcamos no céu, como desenhos. Ele explicou que, onde estamos, no hemisfério Sul do planeta, vemos estrelas que as pessoas que estão no norte não conseguem enxergar, e vice versa. O pai mostrou o Cruzeiro do Sul. Depois, apontou para três pontinhos brilhantes no céu. “São as três Marias!”, ele disse. Era o famoso Cinturão de Órion. Com um aplicativo do celular, as duas percorreram estrelas próximas, e descobriram um pouco mais sobre aquela constelação. Ela é tão fácil de identificar no céu noturno que dá pra ver até mesmo nas cidades.

O que eu mais amava em contar essas histórias é ver minha pequena com o brilho nos olhos, ela fica tão encantada quando o assunto é lua, estrelas e tudo que envolva esse assunto. A vejo levantar e pegar seu ursinho favorito, Eli.

- Eli o papai tá contando histolinha, vuxe quer ouvir?- pergunta baixinho e sorrio com sua fofura.- Continua papai!

- Ao lado de Beltegeuse, chegaram a uma estrelinha chamada HD 43587. Sina pensou que era um nome muito formal e engraçado. Ficou com aquilo na cabeça, e decidiu, que só entre os dois, a chamaria de Guadalupe, como o sítio do avô. Lá de cima, A HD 43587 pareceu ficar satisfeita com o novo nome. E lá longe, no espaço…
A estrela queria contar tantas coisas para a menina Maria… Mas a distância entre as duas era muito grande: 63 anos luz. Isso significa que a luz que ela produz leva 63 anos para chegar aos nossos olhos, aqui na Terra. E olha que nada viaja mais rápido que a luz! O Sol, por exemplo, está a 8 minutos luz de distância. Bem pertinho da gente. Mesmo se a estrela apelidada de Guadalupe quisesse mandar um sinal para Sina, quando chegasse aqui, a menina já não seria mais criança. Nem um pouco! Teria 70 anos de idade. Imagine só! Quando a gente olha para o céu, agora, a Guadalupe de Si está brilhando, mas é um brilho de 63 anos atrás. E, cá entre nós, seria uma baita coincidência se ela olhasse para o céu, para aquela direção, no momento certo.

- A Guadalupe está tão longe que é até difícil imaginar. Se você fosse do tamanho de um grãozinho de areia, o Sol ou a Guadalupe seriam do tamanho de uma bola de futebol! E se você quisesse andar até a HD 43587? Seria como ir e voltar umas cem vezes de Belo Horizonte até Salvador. Ou umas 10 mil vezes até a padaria.  Mas a maior surpresa é que a HD 43587 não estava sozinha. Ela faz parte de um sistema de estrelas. E tem uma companheira! As duas nasceram e ficaram juntas, a vida toda. Uma era muito diferente da outra. Cada uma com seu jeitinho – como é com toda estrela no céu. Mesmo que algumas estrelas se pareçam muito, assim como pessoas, elas são únicas e cheias de características próprias...

𝐌𝐘 𝐒𝐖𝐄𝐄𝐓 𝐆𝐈𝐑𝐋|ⁿᵒᵃʳᵗ [✔︎]Onde histórias criam vida. Descubra agora