Peão

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Passaram-se três dias desde a prisão de Park Chanyeol, mas, para Baekhyun, pareciam semanas.

Nesse período, o detetive negligenciou seu sono. Dormia cerca de três ou duas horas durante a madrugada, era incapaz de fechar os olhos e desligar a mente; descansar tornou-se uma lenda urbana para o ex militar. Por conta disso, se pegava, constantemente, revivendo suas memórias da época no oriente médio, quando serviu por cinco anos como sniper contra terroristas. Embora fossem lembranças conturbadas, o acalmava se recordar em como conseguiu manter a racionalidade naqueles tempos. Acreditava ser imune a qualquer coisa, mas estava enganado. Park Chanyeol tinha conseguido o perturbar em um nível estressante.

Esticou o braço até alcançar seu celular sobre a cômoda. Na tela marcavam quatro da madrugada e ele ainda não tinha pregado os olhos nem por um instante. Desistiu de dormir e se levantou, apanhou um cigarro e foi até a janela aberta. Sentiu o vento frio batendo contra o rosto e observou a fumaça da nicotina ondular no ar antes de ser levada embora. Seus olhos preguiçosos logo recaíram para as ruas escuras sem prestar muita atenção ao que acontecia ali. Via pessoas andando e alguns carros passando, mas sua mente estava distante. Repassava os últimos acontecimentos repetidamente, sem saber o que exatamente estava buscando. Já sabia das intenções de Chanyeol e o que este queria consigo, mas ainda permanecia em dúvida e se sentia escorregando para um estado de paranoia. Revirou todo seu apartamento em busca de escutas ou câmeras escondidas, fez o mesmo em seu carro; desconfiava até da própria sombra.

E como se não bastasse a mania de perseguição, passou a desconfiar até mesmo dos seus companheiros de trabalho. Holden o impediu de prosseguir uma investigação ao assassino copiador, alegando que era uma teoria inválida. Para Baekhyun era ridículo, mas, para os outros, era o correto a se fazer. Eles não queriam prolongar aquele caso e, com Chanyeol preso, tinham tudo que precisavam para encerrar e conseguir o respeito do público. De toda forma, com Chanyeol confessando todos os assassinatos, ou não, ele seria culpado. Baekhyun já viu aquilo acontecer antes, inclusive com o famoso caso dos assassinatos das crianças em Atlanta no começo dos anos 80. Quando tem muita repercussão, o FBI ignora tudo que for preciso para colocar um fim na investigação e dar a ilusão, a população, de que estão seguros novamente.

Mas o que intrigava o detetive era o comportamento de Sehun. Nos últimos dias ele esteve distante e não demonstrou interesse em prosseguir a investigação que o próprio tanto insistiu em iniciar. Baekhyun supôs que poderia ser apenas efeito do estresse que passaram e decidiu deixar o parceiro ter um tempo para pensar e descansar. Enquanto isso, ruminava sozinho em como solucionar aquele caso.

Não demorou para que sua mente traiçoeira o levasse novamente a Park Chanyeol. Baekhyun passou a ter curiosidade em saber coisas sobre o assassino, não apenas sobre seus crimes, mas sobre a pessoa que ele era e o que o levou a se tornar um possível psicopata. Normalmente não se interessava sobre o psicológico de maníacos violentos, mas Chanyeol era diferente; ele não se assemelhava aos terroristas e assassinos que tinha encontrado. Já leu sobre casos parecidos com o do Park, mas encontrar um pessoalmente era diferente. Toda vez que o detetive fechava os olhos, o rosto dele surgia à sua frente, como se tivesse deixado uma cicatriz marcada a ferro para que nunca mais o esquecesse.

Quando amanheceu, Baekhyun seguiu sua rotina diária de maneira automática. Suas olheiras eram o único sinal que denunciava seu cansaço e descaso com o próprio corpo. Mas, como a fadiga era algo comum entre agentes e detetives, passava despercebido pelos colegas de trabalho.

Naquele dia, seguiu direto para a sala do Capitão Holden, que o notificou noite passada que precisava conversar sobre algo importante. Exausto, o detetive sentou-se de frente para a mesa do chefe sem questionamentos.

Xeque Mate [chanbaek]Where stories live. Discover now