Cavalo

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Baekhyun sentia-se extasiado. Durante o restante da viagem descobriu que Park tinha um gosto peculiar — e cômico — quando se tratava de música. Conforme se aproximavam de seu destino, deixaram que o silêncio reinasse dentro do veículo. A estrada tornava-se densa e dificultosa à medida que adentravam uma área rural cercada por árvores altas, que projetavam sombras sinistras com seus galhos afiados. Os faróis iluminavam a frente com sua luz amarelada, revelando um asfalto pedregoso e uma escuridão que parecia infinita aos olhos do motorista, que não podia deixar de se arrepiar com aquele lugar. Por alguns segundos, cogitou a possibilidade de estarem indo em direção ao purgatório para pagarem pelos seus pecados.

O rapaz de cabelos cacheados permanecia quieto e o detetive podia notar que a mente dele estava distante, onde não poderia alcançar, embora tivesse curiosidade em saber o que tanto ele martelava naquele momento. Manteve seu foco no volante e pensou em que tipo de refúgio se escondia naquele lugar tenebroso que, obviamente, deveria abrigar assassinos em série ou fugitivos da polícia. Tinha certeza que, caso saísse do carro e entrasse na mata, encontraria uma vala de esqueletos ou um laboratório de metanfetamina. Isso o fez rir de nervoso internamente.

Roanoke era famosa por seus contos sobrenaturais sobre bruxas e entidades que atormentavam os turistas curiosos, no entanto, o detetive sabia perfeitamente que o perigo ali era o próprio ser humano. Na verdade, o único demônio que existia era o próprio ser humano. Já tinha visto de perto o que os homens são capazes de fazer por razões fúteis, poder, dinheiro e crenças, poucos estavam realmente se defendendo ou protegendo aqueles que amam e isso incluía a si mesmo. Suspirou profundamente antes de avistar um imenso portão de ferro se erguendo à sua frente, não demorou para enxergar os muros que cercavam um local que parecia ser uma propriedade privada.

— Chegamos. — Chanyeol quebrou o silêncio.

Baekhyun franziu o cenho em uma expressão propositalmente engraçada de espanto.

— Vamos nos hospedar com a Família Addams? — zombou, ainda sentia os efeitos da euforia de algumas horas atrás.

— Não seja tolo. — respondeu seriamente e, por um segundo, o detetive temeu que ele não estivesse brincando. Park virou o rosto para encará-lo, as íris castanhas cintilando na escuridão noturna. — É a hospedagem da família Bates. — soltou uma longa risada, o que fez o motorista revirar os olhos.

— Suponho que não irá esclarecer minhas dúvidas. — deduziu arqueando uma sobrancelha enquanto estacionava o carro. Parou a uma curta distância do enorme portão, que não parecia tão assustador visto de perto.

— Pense nisso como uma lua de mel. — debochou o maior. Baekhyun o encarou impaciente com uma mão apoiada na marcha e a outra no volante.

— Seria mais apropriado dizer lua de sangue. — rebateu, o que arrancou outro riso do moreno antes deste sair do carro e seguir, em passos ligeiros, até o interfone que ficava ao lado do portão. Não conseguiu ouvir o que ele disse, porém, Chanyeol não demorou a retornar ao veículo. Não deixou de notar o sorriso presunçoso que repousava na face do rapaz enquanto este voltava a se sentar em seu assento.

Poucos segundos depois um ruído de alarme eletrônico soou e o portão se abriu, lentamente, como se estivesse sendo comandado por um controle remoto. Baekhyun engoliu em seco e trocou um olhar com Park antes de engatar a marcha novamente e adentrar o local cercado. O caminho era menos denso e dava para perceber que não era uma mata abandonada como as anteriores. Logo, uma construção ampla e vistosa se ergueu no campo de visão do detetive, que entreabriu os lábios, surpreso pelo que havia encontrado. Tinha esperado por um casebre ou até mesmo um bunker subterrâneo, mas nunca por uma casa revestida de vidro e concreto branco polido que parecia ter saído de um seriado de Los Angeles. Era uma arquitetura moderna e minimalista, provavelmente construída nos últimos anos ou, no mínimo, recém reformada. Uma entrada para carros se estendia à frente e o ex-soldado notou um veículo prateado de última geração estacionado na garagem aberta. Lançou um olhar questionador para o moreno, que, por sua vez, se limitou a assentir, confirmando que poderia seguir adiante; assim o motorista fez, parando a uma distância segura do carro sofisticado.

Xeque Mate [chanbaek]Where stories live. Discover now