Capítulo quatro.

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Um belo banquete nos aguardava, meu pai sempre amou cozinhar, principalmente quando temos visitas. Ainda fico impressionada com a capacidade de cozinhar tantas coisas diferentes, eu mal sei fazer gelo, cozinhar nunca foi meu forte, e por sermos vegetarianos, deveria ser mais fácil, mas errado, é ainda mais complicado para mim.

- Amor, a janta está ótima. – Diz minha mãe.

-Obrigado preciosa. E então, meninos, como está indo o ensaio?

- Vai até que bem, o Eduardo até me ajudou.

Eu acabei de elogiar o Eduardo Luiz? O que está havendo comigo?

- Quer dizer, ele não tem sido de todo ruim.

Tento reformular minha frase anterior, mas sinto que é tarde.

- Não adianta ratificar o comentário, já me elogiou, agora já era. – O loiro diz triunfante.

- Eu te odeio de verdade, Eduardo Luiz.

Me esforço para falar sussurrando, nossas famílias são paz e amor demais para esse tipo de palavras.

- Isso é um bom sinal, conseguem aprender juntos, Eduardo me disse que você foi bem na prova de trigonometria, poderia ajudá-lo, ele está com dificuldade, o coitadinho passou a noite em claro estudando.

Obrigada tia Clara por me contar algo para usar contra o mal encarnado.

- Mãe, você vai contar tudo ao inimigo?

- Não se incomode, bobinho. Te ajudo nisso, sou boa em trigonometria desde os dez anos, matéria de criança.

A vingança como ela tem um sabor doce e curto, pois minha mãe já me retruca.

- Ma belle, não fale assim, não é você que faz o discurso que a ignorância é uma opção e que não devemos nos envergonhar de nossas dúvidas?

Ótimo! Era o que eu merecia, minhas palavras contra mim.

- Tá bom, merè.

"Merè" é mãe em francês, desde pequena minha merè me fez criar o hábito de chamá-la assim, e consequentemente me ensinou francês, o que é ótimo para implicar com meu pai sem que ele saiba.

Mais um tempo em silêncio, com minha mãe me encarando com os olhos mortais que ela usa para que eu e meu pai sejamos obedientes, eu cedo.

- Eduardo, depois do ensaio, se quiser, eu te ajudo com trigonometria.

- Tão bonito ver dois jovens trabalhando juntos, colaborando... – Meu pai fala já choroso.

- Pai, você tá chorando? – Questiono.

- Tão lindo... – Completa tio Matheus.

- Sério, pai?

Ironia.Donde viven las historias. Descúbrelo ahora