Capítulo 4 - Uma Família

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tt: awnchickens

Mais uma atualização para as três pessoas que leem essa fanfic. Fiz uma pequena modificação no estilo da escrita que não vai afetar em nada a história. Troquei as aspas para marcar os diálogos por travessão. É um motivo pessoal para praticar algumas coisas de escrita e também porque muita gente prefere por achar que com travessão a história fica mais leve.

Boa leitura.

***

Novembro, 2018

Camila

Uma explosão de luzes se formou diante dos meus olhos assim que demos os primeiros passos no topo da escadaria. Eu abaixei a cabeça, tentando respirar fundo e ignorar a sensação de déjà vu com os flashes das câmeras fotográficas e o piscar das lentes de filmadoras apontadas como armas na nossa direção.

A rua em frente à sede do departamento da polícia de Nova York estava tomada pelas vans dos canais de notícia. As antenas de transmissão se erguiam esticadas na direção do céu, preparadas para enviar as primeiras informações até as telas de TV e estações de rádio ligadas pela cidade.

Frank tinha razão. Os abutres estavam prontos e nós éramos o seu tipo preferido de carniça.

Eu me coloquei em pé, parada entre Olivia e Jauregui no fundo do palanque montado para a coletiva. Harvey e Bieber espelhavam a nossa posição no lado esquerdo da estrutura improvisada. Nós fazíamos questão de nos manter alguns passos atrás do púlpito onde os microfones de dezenas de emissoras diferentes estavam amontoados. Aquele não era o nosso show.

Frank e Red caminharam até o centro dos holofotes e eu dei graças a Deus por estar ali apenas para marcar presença.

— Boa tarde — Frank disse antes de roubar um vislumbre do seu relógio e abrir seu sorriso galanteador. Ele sabia como usar a seu favor o mesmo charme que tinha rendido milhões de votos para a sua campanha eleitoral.

Os repórteres se movimentaram apressados ao ouvir o início da fala, suas cabeças se agitaram na multidão como insetos transbordando de um formigueiro. Eles se aglomeraram no limite da grade de segurança, lutando por espaço enquanto se esticavam para conseguir ouvir melhor.

— Ontem, por volta das dez da noite, um corpo foi encontrado em um prédio abandonado no Harlem. Como procedimento padrão, o departamento de homicídios da polícia de Nova York foi acionado. Sob ordens da comandante Dawnson, a detetive Jauregui — Frank apontou com a cabeça na nossa direção —, foi a investigadora responsável pela análise inicial da cena. Durante a madrugada, a legista Allison Brooke confirmou o homicídio. A vítima, identificada como Jessica Davis, tinha 28 anos, e a sua família já foi notificada.

Os jornalistas se entreolharam confusos e um burburinho começou a se formar. Por mais cruel que parecesse, um assassinato em Nova York era apenas um assassinato. Centenas aconteciam todos os meses. Não era uma notícia digna de uma coletiva com o prefeito, o diretor da polícia, o capitão do maior batalhão de bombeiros da cidade e a comandante do departamento de homicídios.

Frank estava amenizando o impacto. Ele respirou fundo e eu fechei os olhos, aproveitando os últimos segundos antes daquilo se tornar um inferno.

— O motivo dessa coletiva é que o modus operandi do homicídio tem traços familiares. Jessica foi encontrada usando um par de lingerie vermelha, com quinze facadas espalhadas pelo corpo e um A marcado no abdômen.

Se as falas de Frank não tinham causado nenhuma reação expressiva até aquele momento, essa definitivamente fez o público entender a razão de todo aquele espetáculo. Assim que as últimas palavras saíram da sua boca, o que antes eram frases trocadas em sussurros se tornaram uma cacofonia de repórteres gritando perguntas entre o choque, o medo e a revolta.

Fire & BloodWhere stories live. Discover now