Capitulo 37

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Sebastian

Abro meus olhos instantaneamente ao ouvir um grito no corredor, seguido de outro que eu conhecia muito bem como o de Mary. Assustado, me levantei e corri em direção a porta com meu instinto protetor a todo vapor.

Abri a porta com veracidade mas fui atingido com algo diretamente no peito, cambaleando dei dois passos para trás mas consegui me estabilizar percebendo que Mary estava assustada, escondendo o rosto em meu peito.

Fechei a porta em um vulto e segurei a garota em meus braços afastando o cabelo de seu rosto observando as lágrimas caindo rápidas.

Meu peito se quebrou ao pensar nas possibilidades pelas quais o terror corria por seus olhos, mas controlei minhas emoções e abaixei um pouco meu corpo, tinha sangue na perna de Mary e um pouco em seu braço, não era um bom sinal.

— Mary, olha pra mim. — Coloquei ambas as mãos em seu rosto e fiz com que seus olhos encontrassem o meu, mesmo que fosse invisível, dava pra ver o pânico em seus olhos. — Você está ferida? O que aconteceu e por que tem sangue no seu corpo?

Mary levantou os olhos mas negou com a cabeça chorando mais ao que a palavra sangue saiu da minha boca, e mesmo se esforçando pra abrir a boca e me contar o que aconteceu nada saia dali.

— Vem cá! Calma, tá tudo bem eu tô aqui. — Levei-a até minha cama e a sentei ali, dando a volta até o frigobar, pegando uma garrafa de água e voltando para entregar a ela.

Ela agarrou a garrafinha e bebeu o conteúdo, o tom vermelho da sua bochecha suavizou e com uma longa respirada ela finalmente falou:

— Manda mensagem pra Amber e diz pra elas não saírem do quarto, e liga pra polícia! — Pediu rápido se encolhendo em sua própria bolha. — Por favor Sebastian.

A dúvida cresceu em meu peito mas eu precisava que ela estivesse calma pra explicar tudo, Amber não respondeu a mensagem mas eu tinha certeza de que ela estava dormindo, porém para tranquilizar Mary disse que elas estavam bem, logo em seguida liguei para a polícia local conversando com a mulher das chamadas, explicando que algo estava acontecendo e ao explicar o hotel e as coordenadas olhei para o corpo de Mary para ver se tinha algum ferimento visível. Felizmente, o sangue não era dela... mas então de quem?

— Estão a caminho daqui, mas agora o que aconteceu lá fora? — Aproveitei a brecha ao vê-la mais calma.

— Eu não sei mas eu escutei os gritos e os barulhos e sai pensando na Charlotte, ai as pessoas correram na minha frente e no susto eu acompanhei e aí alguém atirou atrás de mim e um homem ao meu lado caiu no chão, aos meus pés. Eu estava assustada eu não parei pra ajudar, não parei...

— Shh... ta tudo bem, hey não é sua culpa. A polícia está a caminho e eles vão resolver tudo. Agora deixa eu limpar esse sangue do seu corpo pra você descansar. — Pedi indo até o banheiro pegando alguns lenços umedecidos voltando até ela.

Comecei então a passar os lenços pelo sangue limpando cada gotícula presa ali, até que a garota estivesse livre daquilo. E mesmo calada, as coisas pareciam passar pela sua mente rapidamente.

Ela parecia vulnerável demais. Frágil.

Fechei os olhos por segundos mas deslizei pela cama até onde Mary estava e a abracei fazendo com que deitasse em meu peito, e acariciei seus cabelos devagar na esperança de que aquilo pudesse a tranquilizar dos seus devaneios. Mas sem demora eu pude sentir sua respiração calma ali, mostrando que ela havia dormido. Tirei o cabelo de sua testa e beijei-a antes de me encostar mais em seu corpo e dormir junto com a mesma.

As batidas frenéticas na porta me despertaram do meu bom sono e consequentemente percebi onde estava e com quem, Mary ainda dormia tranquila em meu peito.

Mas tive que perder o calor de seu corpo ao lembrar que tinha alguém a porta, ao abri me deparei com a polícia parada a minha porta.

Havia um caos no corredor, sangue e marca de balas na parede e um corpo no chão. Certo de que era o corpo que assustou Mary escutei o que o policial me perguntava, repeti a história de Mary para ele para que não fosse necessário que a interrogassem e ela passasse pelo terror novamente.

[...]

Mary

Carreguei a mala pelo elevador, com meus olhos pesados e minha mente ainda a mil pelo que aconteceu na noite passada, quando chegue ao hall de entrada a voz de Sebastian era estridente, ele gritava com alguém.

— Eu paguei essa merda de hotel para que ela se sentisse segura! Mas que caralhos vocês deixaram acontecer, e se ela tivesse sido atingida? — Ele gritava com o gerente, então apenas parei onde estava pensando no que poderia acontecer caso parasse ao seu lado.

— Nós sentimos muito pelo que aconteceu com a Sra. Kimbrough, faremos de tudo para que não se repita... — Mesmo que não aparentasse tanto estar assustado, a voz do gerente entregou que ele na verdade estava com muito medo.

— Ela viu acontecer, o corpo caiu ao lado dela! Isso nunca aconteceu antes e não deve acontecer nunca mais. Saibam administrar essa merda de hotel e façam a segurança que foi prometida acontecer!

Avancei porém e segurei a mão de Sebastian fechando os olhos.

— Chega Sebastian. — Disse baixinho para o mesmo. — Vamos embora.

— Nós sentimos muito Sra. Kimbrough, não imaginávamos que algo tão terrível fosse acontecer. — A balconista disse, ela tremia em seu canto.

Eu? Sra. Kimbrough? Aquilo era demais, mas apenas ignorei balançando a cabeça em negação.

— Não se preocupem, foi dias ótimos. Obrigada.

Tentei ao máximo dizer aquilo com sinceridade mesmo que ainda traumatizada e puxei Sebastian para fora dali.

Quando estávamos no avião, encostei a cabeça no vidro, dava pra ver o castelo do parque, fazendo com que eu sorrisse instantaneamente com a possibilidade de um dia voltar com meus filhos e talvez, quem sabe até com Sebastian...

Não deixaria uma noite estragar as boas memórias que o lugar deixava pra mim, era injusto.

— Desculpa pela conversa ontem, sobre a minha irmã e a sua, eu percebi quão imaturo eu fui ao querer proibir algo que não depende de mim, aliás eu percebi como realmente é bonito ver as duas juntas. — Sebastian alcançou minha mão e a beijou. — Não quero nunca te decepcionar.

— Fico feliz que tenha reparado seu erro, mas ao chegar em casa e tiver um tempo, senta e conversa com ela e mostra que ela tem motivos suficientes pra sempre contar tudo em primeira mão pra você. — Sorri encostando a cabeça em seu braço. — Eu sei que ela te ama muito, é impossível não amar.

E com um leve beijo deixado em minha bochecha eu descansei ali, sentindo que meu coração já pertencia a alguém em especial...


Capítulo revisado! 

Temporary Fix [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora