Magia Cigana

Capítulo 5

"Wangji"

– E então, o que está esperando?- Zixuan socou a mesa em revolta – Fale logo!

O homem continuava com um ar de deboche. Ele provavelmente sabia que se estivesse falando a verdade não iríamos fazer por enquanto nada com ele.

Por enquanto.

– Calma aí, ciganos. – puxou o copo vazio a sua frente – Aceito mais uma dose. – bufei irritado.

Não estava mais agüentando olhar a cara daquele verme. Por isso somente meu pai, Cheng e Song Lang participavam das negociações. Participávamos apenas quando as vontades dos malditos haviam sido atendidas.

Xichen embora calado, de segundo em segundo soltava um silvo e serrava os punhos.

Estávamos na biblioteca do castelo. Após a conversa na praça nosso pai decidiu trazê-lo até aqui para pegar a quantia e termos mais privacidade.

Tínhamos ido chamar Song Lang, mas não o encontramos em lugar algum da praça.

– Ouça, já demos o que queria - meu pai se levantou e circulou a mesa. - Sou muito benevolente, mas a paciência de meus filhos já está se esgotando, e temo não ser possível controlar a todos no mesmo tempo.

Fitávamos com grande fúria o lobo e sorri em satisfação quando um arrepio percorreu seu corpo ao fitar os olhos negros de Zixuan tão próximo a ele.

– Tudo bem, afinal quanto mais tempo ficar aqui, eles podem sentir minha falta e fugir do local.

Meu coração perdeu uma batida com essa possibilidade.

– Fale logo seu miserável! – segurei seu pescoço apertando firmemente.

– Solte-o, Wangji! - meu pai puxou meu braço. Suspirei derrotado passando minhas mãos pelo meu cabelo.

– Esse filho da puta está brincando com a gente! – berrei.

Alguém bateu na porta e o lobo pareceu se assustar. Trocamos um olhar com nosso pai e em seguida, Xichen foi abrir.

– Tio Fengmian, não encontrei Song Lang em nenhum lugar no castelo – Cheng disse ao entrar na sala.

–Ok, não podemos mais esperar - virou para o lobo - e então?

Vi quando Cheng que estava ao meu lado apertou um botão vermelho embaixo da mesa. Provavelmente ligando alguma câmera para gravar a conversa.

–Há algum tempo atrás... – o lobo finalmente resolveu falar dando uma risadinha como se fosse uma grande piada - um cigano chamado Zhuliu veio me procurar. Disse que precisaria de alguns lobos para um servicinho fácil e rápido, que está levando a porcaria de dezoito anos. – sorriu e puxou outro cigarro.

Após o desaparecimento de sua família eles decidiram ir embora para outro país por temerem alguma reação de outros lobos e embora meu pai tivesse oferecido o castelo para morarem, não aceitaram. E nem mesmo levar Cheng.

Vinham apenas nas reuniões anuais como todos os pertencentes do clã espalhados pelo mundo.

– Ele levou dois lobos e eu numa clareira, que não era muito longe daqui na época. Lá estavam três crianças, dois meninos e uma menina sendo cuidadas por uma cigana idosa.

–Pensei que quisesse que a devorássemos. – soltou uma gargalhada.

– Filho da puta! – Xichen e eu dissemos juntos partindo pra cima dele. O homem deu um salto da cadeira, indo parar em cima da enorme estante. Como se a altura fosse nos deter.