E Se Eu Estiver?

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Queridos leitores do futuro.

Viver durante um apocalipse é horrível, espero que vocês estejam vivendo bem... Que não haja mais monstros ou que vocês morem em lugares flutuantes, sei lá. Só não desejo isso para ninguém.

Conor foi morto pela formiga gigante e todos estão de luto. Infelizmente, consigo imaginar a dor de Kale. Eles estavam tão apaixonados... E essa merda de formiga atrapalhou tudo.

Eu sei muito bem o que é viver com um luto constante. Não é nada fácil você ter disposição para levantar de manhã, só estou me mantendo bem porque encontrei uma válvula de escape.

Escrever me ajuda.

Joel saiu agora pouco do nosso quarto improvisado e eu sei exatamente para onde ele foi, o rádio está sendo sua distração desde que achou Aimee. Me dói saber que nunca vou tê-lo. Mesmo já tendo aceitado isso.

Na verdade, não sei se aceitei...

Eu não tenho nada com ele além de amizade e imaginar que algum dia posso perdê-lo para esses monstros meu coração se rasga. Posso parecer trouxa mas acho que faria tudo por ele. Ele merece ser feliz.

Levanto indo até Joel que já está conversando com a garota que ele tanto ama. Me encosto no batente da porta e ele sorri para mim.

— Sinto muito... — ela fala. — Ouvi no canal aberto que um de vocês morreu.

— É. Invadiram o abrigo. — a expressão de Joel é de tristeza, suspiro alto.

— Nossa, entraram mesmo?

— É, foi a primeira vez. Foi meio assustador.

Reviro os olhos entediada. Sinto que estou invadido a privacidade dos dois, dou outro suspiro cansada e me viro para sair.

— Teve que combatê-los também? — estanco na porta curiosa para a resposta de Joel.

— É. Um pouquinho. Participei um pouco do combate. Ganhei músculos desde que nos vimos. Ah... Ohana está aqui. — me chama e eu quase reviro os olhos.

— Oi, Ohana. — ouço Aimee dizer. — Como você está?

— Olá, Aimee, estou bem. — mal termino de falar e Joel já começa a contar como tudo aconteceu. Balanço a cabeça em negativa e saio de perto.

Estou triste, triste por Conor, triste por saber que posso perder as pessoas que amo a qualquer momento, triste com a possibilidade de ficar sozinha.

Entediada vou até Gertrudes que está olhando para o nada, se aqui embaixo é um tédio para mim, imagina para uma vaca que não sai desse cômodo já faz muito tempo. Coloco mais capim para ela comer e faço carinho em sua cabeça.

— Come tudo. — sento no chão e a observo mastigar, mastigar... E mastigar. — Deve ser chato ficar só aqui não é?

Ela levanta a cabeça enquanto ainda mastiga.

— É, da primeira e última vez que tentei te tirar daqui não deu muito certo... — dou, de ombros. — Eu não sabia que você ia fazer cocô por todo o abrigo. Foi você que vacilou.

Suspiro, a que ponto cheguei... Talvez meu medo de ficar sozinha me leve ao extremo.

— Ah, não me olha assim Gertrudes. Você sabe que te entendo. — tiro um pequeno pedaço de pele do canto da minha unha. — Joel me deixa sozinha, ainda mais quando fica namorando via rádio com a Aimee. Não, não estou com ciúmes, mas ele é meu amigo né? Me esqueceu, agora sou sua segunda opção, sei lá. Ei! Eu não estou te tratando como segunda opção também, eu sempre venho ficar com você. Eu te amo, G.

Survive Or Love  [Love And Monsters] Onde histórias criam vida. Descubra agora