Capítulo 1: Nosso sonho e o divórcio.

1.1K 87 57
                                    

(Sugestão de música: Fica - Anavitória)

Sábado

O dia amanheceu frio, mas ainda assim a claridade invadiu o cômodo através das frestas das cortinas. Juliette se mexeu na cama, abrindo levemente os olhos que levaram certo tempo para se acostumar com a luz. Um pouco mais consciente, porém ainda levemente sonolenta, passou seus dedos pelos lençóis ao seu lado na cama, procurando por sua esposa, mas confirmando sua solidão. Olhou em direção ao rádio relógio em sua mesa de cabeceira, constando que já se passava das 8h e a loira já estava a caminho do trabalho.

Suspirou triste por mais uma vez não acordar ao lado de Sarah ou nem ao menos ser surpreendida com um bilhete deixado por ela, como costumavam fazer quando se casaram. Suspirou derrotada, jamais imaginaria que seu casamento esfriaria após somente 5 anos que estavam oficialmente juntas, caminhando no mês seguinte para seu 6º ano juntas. Mas, logo se arrependeu pelo simples ato, o cheiro doce de Sarah, impregnado nos lençóis, encheu suas narinas, acendendo uma pontada em seu estômago, o que a fez se levantar para vomitar.

Tais enjôos vinham se tornando muito comuns nas últimas duas semanas e não demorou muito para que uma "lâmpada" acendesse em sua cabeça e num estalo ligou os fatos. Estavam há quase 1 ano tentando ter filhos, mas todas as inseminações anteriores deram errado, até que a morena se cansou de tentar e ambas decidiram que era melhor "darem um tempo'' nas tentativas. Já estavam desgastadas demais pelos últimos acontecimentos em suas vidas e a ausência do positivo nos testes de gravidez tornava tudo ainda mais doloroso. Haviam feito a última inseminação há menos de 2 meses, pouco antes da morte de Evandro, sogro de Juliette.

Já no outro cômodo, a mulher se levantou lentamente, ainda entorpecida pelo cansaço e pela dor em seu estômago, apoiando-se nas paredes do banheiro, se sentia fraca e desorientada. Se aproximou da pia delicadamente, escovando seus dentes e jogando uma água em seu rosto, precisava sair e comprar um teste de gravidez antes de ir ao trabalho.

Se arrumou rapidamente com as roupas que Sarah havia deixado organizadas para ela, ao menos aquele hábito de sua esposa não havia se perdido. Pegou sua bolsa, alguns arquivos que havia analisado no dia anterior, as chaves do carro e desceu escada abaixo. Pensou em tomar café da manhã, mas seu estômago se embrulhou pela possibilidade, pegou somente uma maçã e saiu em direção a seu carro.

Dirigiu tranquilamente pelas ruas de São Paulo, batucando uma música qualquer que passava no rádio e encarando os faróis vermelhos que preenchiam sua rotina na Cidade Cinza. Normalmente ela e Sarah saiam juntas para trabalhar, mas ultimamente a loira tem ido cada vez mais cedo para a empresa do casal. Um ponto positivo de trabalharem juntas, era poder ver sua esposa o dia todo, apesar de Andrade parecer evitar a menor.

Aproveitou que estava pela rua e parou rapidamente em uma farmácia, comprou pelo menos 5 tipos de testes de gravidez diferentes e um remédio para aliviar seu enjoo.

Logo, Juliette já estava adentrando o estacionamento da "Big Fame", empresa de Relações Públicas fundada por Sarah alguns anos após se casarem. Graças ao esforço de ambas, logo a empresa se destacou no mercado e ganhou enorme credibilidade. Estacionou seu carro ao lado do de Sarah, confirmando que sua esposa havia ido trabalhar bem cedo.

Rapidamente, pegou suas coisas, saiu do carro e o trancou. Em seguida, caminhou pelo estacionamento vazio em direção aos elevadores e por um instante teve a sensação de estar sendo observada, mas olhando em volta percebeu que estava sozinha naquele lugar. Juliette detestava estacionamentos, principalmente quando estava sozinha, como naquele momento e se lamentou por não ter chego com Sarah, não tinha medo algum ao lado de sua esposa.

Em poucos segundos a porta do elevador se abriu, Freire apertou o último andar onde ficava sua sala e a de sua amada. Enquanto o mesmo subia lentamente, se encarava no espelho observando a própria barriga, tentando observar se havia ali algum volume. Sorriu para si, ansiosa para fazer os testes de gravidez que comprara. As luzes indicaram que já estava próxima de seu andar, se arrumou rapidamente e observou as portas se abrirem, saiu do elevador já dando de cara com Vitória, secretaria de sua esposa:

Não olha assim pra mim - SarietteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora