Capítulo 5: Nosso bebê!

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(Sugestão de música: Abaixo do nó - Manso)

POV Juliette ON:

Sinto meu corpo todo dolorido, flashes dos últimos acontecimentos vêm em minha mente, mas quase não consigo raciocinar pela velocidade que os mesmos acontecem, ainda tento distinguir se tudo que vivi foi real ou sonho, inclusive aquela conversa que pareci ter escutado. Me remexi um pouco, logo sentindo um leve "peso" em cima de minhas mãos, o que me faz abrir os olhos lentamente, ainda incomodada com a luz que entrava pelas frestas das cortinas do quarto. Olho em volta e logo me dou conta que estou em um quarto de hospital e não demorei para avistar Sarah deitada próxima de meu ventre. Seu rosto aparentava estar tranquilo, embora estivesse com as pálpebras visivelmente inchadas e em uma posição que parecia ser desconfortável na cadeira, certamente ela deveria estar muito cansada para dormir daquela maneira.

Suspirei pesadamente e as lágrimas vieram com intensidade em meus olhos, não queria acordar Sarah, mas estava assustada e com medo, acabei me mexendo mais do que deveria, fazendo com que minha esposa acordasse. A gratidão de poder encontrar os olhos dela novamente fez com que mais lágrimas saíssem de meus olhos, acompanhadas por soluços.

Sarah percebe que estou assustada e se levanta rapidamente para me abraçar, o que me conforta, mas ainda assim, eu tinha muitas perguntas que precisavam de respostas, mas não naquele momento. Busquei seus olhos cor de esmeralda para tentar lhe perguntar do bebê, mas a voz me falha e como se lesse meus pensamentos ela diz:

— Você está bem, meu amor e o nosso bebê está bem também! - afirma segurando meu rosto com uma das mãos, enquanto a outra desliza para fazer um leve carinho em minha barriga, colando nossas testas - Nosso pequeno pacotinho está bem, meu amor, pode ficar tranquila. Vocês dois estão bem! - Sarah me dá um beijo no ombro e automaticamente comecei a soluçar mais pois, esta era a forma que encontramos para dizer "eu te amo" sem dizer, no início de nossa relação, quando a timidez ainda era grande demais para proferir tais palavras. Essa galega, mesmo depois de tanto tempo, se recordou disso e eu, como a besta que sou, não pensei duas vezes em retribuir-lhe com um beijo em seu ombro.

Busquei seus braços e permaneci em silêncio até que me sentisse mais calma, estava aliviada por saber que nosso pacotinho estava bem, mas como o mundo é injusto, logo flashes dos acontecimentos da última noite vieram me assombrar e recordei-me que Sarah havia me pedido o nosso divórcio. Naquele momento, assumi uma expressão mais tensa e instintivamente desfiz o contato com a galega. Nada dissemos, apenas nos encaramos em silêncio, ambas sabíamos que precisávamos falar e quebrar aquele doloroso silêncio, preenchido somente pelos barulhos dos aparelhos a mim conectados.

Era nítido a afobação de minha esposa, suas mãos e pernas não paravam quietas, sinal de sua ansiedade se manifestando, Sarah não costumava ficar calada, nenhuma de nós. Seus olhos me fitam inquietos como se ansiasse por uma palavra minha. Então, ela, finalmente, quebra o silêncio:

— Como se sente? - perguntou minha... esposa? Ainda relutante, como se tivesse medo de mim.

— Como tu acha que eu me sinto, Sarah? - digo ríspida e irritada - Ontem era pra ser o dia mais feliz de nossas vidas. Nós desejamos tanto esse filho, não, eu desejei muito esse filho!

— Eu desejei essa criança tanto quanto você, Juliette! - ela diz com uma pontada de desespero - Eu também sou a mãe desse bebê! É o NOSSO bebê! - ela diz frisando bem o "nosso" e logo as lágrimas começaram a escorrer de seus olhos, mas isso não me amoleceu não. Eu estou realmente magoada com ela, não posso ser infiel aos meus sentimentos. Me mostrei pensativa e ficamos em silêncio por mais alguns minutos até que minha amada decidiu quebrá-lo mais uma vez.

Não olha assim pra mim - SarietteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora