Au revoir maman

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Tédio, como sempre estava entediada, todos os meus dias aqui são assim, olhando o branco velho nessas paredes o teto com frases motivacionais e ouvir: "Não levante sem ajuda, não faça movimentos bruscos, cuidado ao se sentar", o mesmo discurso todos os dias, programas de tv chatos, e pessoas me olhando com um maldito olhar de pena; que me irrita mais que tudo.

Minha vida nem sempre foi assim, eu era uma mulher normal antes de ser condenada a ficar numa cama e morrer nesse quarto de hospital, meus cabelos eram enormes e bonitos, eu tinha um trabalho, amigos que eu saía sempre pra encher a cara, um marido incrível e um bebê lindo, esse que eu creio ouvir os passinhos apressados e suas batidinhas na porta em alguns minutos, meu Jiminnie.

Que sempre depois da escola vem aqui pra conversar comigo sobre seu dia, ele me tirava do tédio infernal que me consumia todos os dias, na maior parte do tempo. Conversamos sobre tudo, comemos o lanche que as enfermeiras trazem, brincamos com seus bonecos e eu conto histórias pra ele; e sempre que ele ia embora me dando aquele tchau com suas mãozinhas pequenas dizendo que me amava, eu chorava. Chorava porque sabia que não poderia ver meu pequeno crescer, se formar e viver uma vida feliz ao lado da pessoa que ele escolheu pra cuidar e fazer feliz também. Pensar nisso sempre me faz querer arrancar esses fios que mantém viva, eu não quero deixar meu marido e filho tristes com minha partida, mas eu não estou aguentando mais.

Ouvi batidas na porta e ela ser gentilmente aberta por uma enfermeira que ao me ver acordada me abriu um sorriso carinhoso.

- Park Sunmi, seu filho chegou.-

Anunciou abrindo o resto da porta, revelando um Jimin emburrado com um bico enorme.- Era pra ela ter dito que era o homem da sua vida!- falou cruzando os braços fazendo eu e a enfermeira rimos do seu rostinho corado.- Ele é uma graça Sunmi.

Volto em duas horas.- Saiu fechando a porta.- Ownt meu anjo vem cá, senta com a mamãe.- Ele sorriu indo deixar a mochila em cima da poltrona, tirou os sapatos e subiu na cama; me enchendo de beijinhos no rosto.- mamãe, eu e o papai te fizemos uma coisa.- sussurrou baixinho como se fosse o maior segredo do mundo enquanto esfregava os pezinhos cobertos pelas meias de um dos bonequinhos do space jungle. Falei pra ele ir pegar e ele desceu do meu colo indo pegar o tal presente na mochila.- Fecha os olhos mamãe!- Coloquei minhas mãos na frente do rosto e ouvi uma risada travessa como resposta.

Ele andou até a cama, subindo no meu colo e foi quando senti algo felpudo ser colocado sobre minha cabeça e ele ainda sorrindo me mandou olhar.

Quando abri os olhos, ele me estendia um espelho de mão que ficava no criado mudo ao lado da poltrona, peguei o espelho e olhei pela primeira vez em anos meu reflexo, minha garganta ardeu pelo grito que prendi junto com o choro. Eu estava muito diferente, pálida, com meus lábios ressecados, sem cor nenhuma na minha face, agora, anoréxica.

Não aguentei me ver assim e comecei a chorar; eu estava tão sem vida e apagada quanto aquele quarto de hospital.

- Mamãe! Mamãe não chora, desculpa, não chora.- Meu pequeno enxugava minhas lágrimas com os olhinhos marejados.

- Você não gostou? Tira mamãe.- Levantou as mãozinhas pra tirar o gorro da minha cabeça; eu impedi com um abraço, me sentindo pior ainda por ter feito ele se sentir mal por algo tão inofensivo quanto um gorro.- Não é isso meu anjo, eu adorei!

- Falei sorrindo e enxugando minhas lágrimas.- É que aperta muito a cabeça da mamãe.- quando tirei o gorro eu vi o quanto era lindo, era cinza com uma florzinha amarela. Park Seo-Joon você não existe.- Ele é muito lindo amor, obrigada.- dei um beijo na testa dele e um carinho nos seus cabelos.- Só diga ao papai que me apertou um pouco e que precisa folgar mais um pouco.

☆゚.*・。゚Neverland☆゚.*・。゚|| JJK+PJMWhere stories live. Discover now