✓ NOSSO INFERNO | Loki [2]

Capítulo 6

Acordei no sofá macio, encarando o teto branco engessado da minha sala de estar.

Franzi o cenho pensando em todas as coisas que havia visto, nas coisas que Loki me havia feito ver.

Elas pareceram cenas de um sonho, um sonho ruim e muito distante. Desfocado, como se estivesse em uma parte escura e enevoada do meu cérebro.

Olhei ao redor e encontrei quem estava procurando logo no sofá à frente, deitado de peito para cima, os dedos das duas mãos cruzados acima do peito, subindo e descendo com sua respiração, encarando o teto branco, assim como eu.

— Aquilo foi terrível.

Ele concordou minimamente com a cabeça, ainda encarando o teto.

— Foi uma surpresa, na verdade — falou como se pensasse naquele momento também. — Vocês são frágeis demais, foi como lhe soprar para longe.

Revirei os olhos e o encarei, enquanto me sentava.

Ele me olhou de esguelha rapidamente, mas logo decidiu que o teto acima era bem mais interessante.

— Não estou falando sobre como o corpo do ser-humano resiste a balas perdidas! Estou falando sobre como parece uma loucura eu ter vivido outra vida!

E era realmente uma loucura! Uma grande maluquice!

Passei minhas mãos em meu rosto e foi uma péssima idéia, por que em frações de segundos, quando fechei os olhos, pareceu que tudo voltou daquele pesadelo horrível.

Quer dizer, eu não me lembrava do fato de ter vivido aquela vida ou de ter me encontrado com Loki antes, mas definitivamente aquela ali era uma versão minha!

Eu senti tudo nela.

Sua dor, desespero, o escuro, frio e finalmente, o alívio.

Mas ele pareceu durar pouco, antes de me sentir ser puxada novamente para cá, onde pertenço, foi como se aquela Eveliyn ainda continuasse a cair em agonia.

Neguei com a cabeça.

— Aquela era mesmo eu, não era?

Loki estalou a língua no céu da boca e virou seu rosto em minha direção.

— Sim, mas é claro que era você — e logo depois voltou a encarar o teto novamente, como se pensasse.

— Certo, senti que era mesmo eu, não sei dizer bem como ou por que — revelei, voltando a me deitar e encarar o gesso branco também, tentando achar as respostas. — Depois daquilo eu morri?

A resposta era certa, mas ainda era péssimo pensar que de alguma forma eu já havia morrido antes.

— Sim — ele respondeu simplesmente, como se não prestasse muita atenção em mim, o que me deixou irritada.

— E você logo depois fez o que?

— Voltei para Asgard.

— O que você estava fazendo ali daquela vez? Como foi parar ali, comigo?