14- Baile real

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Depois daquela noite desastrosa em que Anastásia viu Cinderella com seu vestido, a menina não conseguia tratar a irmã postiça tão bem. Era algo que Anastásianão conseguia evitar, toda vez que olhava para Cinderella, se sentia pequena e insignificante. E a maior arma que Anastásia usava para acabar com esse sentimento dentro de seu peito, era fazendo Cinderella se sentir exatamente daquela maneira, insignificante.

E a maneira que Anastásia usou para realizar isso, foi a mesma que sua mãe. Toda vez que olhava para Cinderella e sentisse aquela mesma angústia do outro dia, Anastásia  dava mais tarefas domésticas, como limpar todos seus sapatos regularmente e ajuda ela e sua irmã a se arrumar para os bailes.

Não era que Anastásia se sentia tão bem dando tanto trabalho para Cinderella. Ela se sentia culpada por fazer coisas tão maldosas, se sentia a vilã, assim como nos antigos livros que lia. Mas mesmo com essa culpa em suas costas, Anastásia achava bem melhor o sentimento de insignificancia que Cinderella a fazia sentir toda vez que olhava para seu lindo e perfeito rosto.

Mas Anastásia se irritava por ver que mesmo com todo o trabalho que lhe era dado, Cinderella jamais parecia feia um pouco sequer. Além de não parecer se abalar ou se entristecer com todos os trabalhos que lhe era dado.

Anastásia sabia que Cinderella era muito bonita, mas também sabia que a irmã postiça era bem estranha as vezes. Por Deus, ela parecia cantar enquanto lavava o chão, quase com alegria. Quem faz isso? Sem falar nas vezes que Anastásia tinha certeza que Cinderella parecia falar sozinha, e ainda agir como se a tal pessoa respondesse. Anastásia se perguntou se era possível que todo aquele trabalho estivesse enlouquecendo Cinderella.

Mas Anastásia não deveria se preocupar, não é mesmo? Quer dizer, não estava preocupada com a saúde mental de Cinderella. Só estava meio curiosa com suas atitudes estranhas. O que será que tinha de diferente em Cinderella?

***

As quatro estavam na cidade para fazer compras. Na verdade, Tremaine e suas filhas estavam ali para fazer compras, Cinderella estava ali para carregar as sacolas. Mas para a sorte de Cinderella e para o desespero de Tremaine, não eram tantas compras. 

Conforme os dias foram se passando, Tremaine ficava cada vez mais amedrontada com seu futuro e o das meninas. O dinheiro que Gustaf lhes deixou estava por um fio, e a renda do que vendiam não estava sendo suficiente para conter os gastos da casa. A mulher ficava cada vez mais desesperada e amedrontada de ficarem sem nada e ela e as meninas tivessem que viver em uma situação precaria. Ela precisava arranjar bons casamentos para suas filhas o mais rápido possível, não suportaria ver suas filhas em situação de pobreza. 

O pior que tinha coisas que ela tinha que gastar dinheiro, como roupas e sapatos para suas filhas. Os vestidos que usavam em casa não eram um problema, Cinderella era uma boa costureira então conseguia arrumar os vestidos das meninas. Mas os de baile precisavam ser bonitos, se não suas chances de arranjar um bom pretendente ficariam ainda mais baixa.

Tremaine estava cada vez mais se aproximando de um beco sem saída. O que faria se suas filhas não conseguissem um bom casamento em dois ou três meses? O que ela faria para sustentar aquelas meninas? Trabalharia? Quem contrataria uma mulher que julgava não fazer nada bem? Já não tinha idade para conseguir um novo casamento. O que faria então? Só lhe restava fazer todo o possível e o impossível para conseguir um bom pretendente para suas filhas.

Nesse momento as quatro estavam andando pela cidade. Cinderella estava apenas com duas sacolas com novos sapatos para Anastásia e Drizella. Tremaine gostaria de comprar algo para si, mas sabia que suas filhas eram a prioridade e não deveria desperdiçar dinheiro consigo mesma a não ser que fosse muito necessário.

Será Ella?Onde histórias criam vida. Descubra agora