04. o adeus

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Quando Jungkook acorda esparramado no tapete velho e meio encardido da sala no dia seguinte, o corpo de Taehyung ainda o abraça morno e suave. Sua pele ainda é macia como no dia anterior, seu cheiro amadeirado ainda paira no ar e o resquício do aroma salgado e forte de sexo da noite passada ainda está colado em suas curvas. E ele gosta muito disso.

Depois de levantarem, cansados e meio doloridos, tomaram café segurando sorrisos tímidos e palavras que queriam desesperadamente sair, mas não sabiam como. Jungkook não era muito bom com palavras e Taehyung não era bom com silêncio, mas suas conversas não eram só verbais. Os olhares pesavam sob a mesa simples e fajuta onde tomaram café e se encararam como se guardassem um segredo mútuo e precioso.

— Tem mais uma ponte que preciso ver hoje — Taehyung havia dito horas atrás, encarando Jungkook como se estivesse vendo-o e o analisando pela primeira vez. — Vem comigo.

Jungkook assentiu prontamente, levantando-se e prontificando-se em se ajeitar. Taehyung, então, encostou na cadeira e esboçou um leve sorriso de canto. Murmurou algo que Jungkook não entendeu.

— O que disse? — Ele perguntou.

— Disse que tenho outras coisas pra registrar também — Taehyung respondeu.

Jungkook não entendeu muito bem, mas assentiu enquanto engolia em seco e ia se trocar.

Ao se olhar no espelho, Jungkook não sabia bem dizer se reconhecia quem via ou não. Sentia que estava ignorando todos os motivos que o levaram à casa em primeiro lugar, mas não se sentia mal por isso. A noite passada com Taehyung foi intensa, no mínimo, e repleta de cores e sensações que há muito tempo ele não sentia. Por um momento, pôde esquecer dos problemas que o trouxeram até ali e prestar atenção apenas no homem com a pele escorregadia colada na sua e a respiração sôfrega em seu ouvido.

Suspirou. Sorriu e abaixou para lavar o rosto. No fim das contas, estava tudo bem. As coisas não estavam saindo como planejado, mas foi bom, afinal. Jungkook queria se distrair, clarear a mente e estava conseguindo.

Taehyung era a melhor distração possível.

(...)

Ainda parecia estranho chamá-lo de Taehyung, mesmo sendo seu nome. O ar ao redor deles era espesso e carregado de palavras não ditas, ainda que externalizadas na noite anterior. Jungkook sentia que estava conhecendo outra pessoa completamente diferente da que bateu na sua porta há quase quatro dias, mas não. Ainda era o mesmo homem que lhe pediu um pedaço de sofá pra dormir, o mesmo que lhe deu flores e o mesmo que o chamou de amor enquanto suor escorria da testa. O mesmo homem, o mesmo olhar, e um nome diferente. Mas ainda ele.

Das pontes que Jungkook conheceu no tempo que passou com ele, essa era, provavelmente, sua favorita. Era de pedra, claramente antiga, e ao seu redor um vasto campo se estendia. Pequenas flores desabrochavam há poucos metros e as árvores eram altas, cobrindo quase todo o céu sob o lugar. Quando chegaram, Jeongguk logo estendeu uma toalha velha de mesa no chão e se sentou. Taehyung foi tirar algumas fotos — seu trabalho ali — e Jeongguk permaneceu no pequeno piquenique, observando o local. Era completamente em tons de verde, marrom e cinza pedregoso, e o fez pensar na Itália.

Queria poder voltar pra lá, um dia.

Mas não sozinho.

Taehyung voltou depois do que pareceram poucos minutos pra Jeongguk, imerso em pensamentos, e sentou-se ao seu lado. Jeongguk continuou observando o campo ao seu redor, registrando mentalmente como era e pensando em voltar, no futuro. Ouviu o barulho da câmera e um flash estourar em seu rosto, mas não se virou. Continuou atento às fotos e aos componentes, mas Taehyung não parava de fotografá-lo.

bridges | jjk + kthWhere stories live. Discover now