Capítulo 9

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Se alguém lhe dissesse há anos atrás que, em algum momento de sua vida, se encontraria em tal situação, talvez daria um soco na cara do sujeito e lhe dissesse pra procurar o que fazer. Mais por mais insano que pudesse parecer, alí estava. Ao lado da pessoa que havia tentado matá-la a menos de um ano atrás, e agora juntas lutavam para sobreviver ao que parecia uma agulha invisível que perfurava seus tímpanos como o som da própria campainha do inferno.

Yelena caiu ao chão, agonizando de dor, e ela tentou manter-se firme, mesmo que suas pernas fraquejassem  e seu nariz respingasse sangue. Precisava sobreviver.  Para sua sorte, a KGB a havia preparado para ter resistência.

Master apertou um botão, que aumentou a frequência do som, ele provavelmente já as teria matado se fosse o plano, mas as deixou agonizante de dor antes de deixar o laboratório ao lado do tal doutor. Estavam planejando algo, mas elas não saberiam dizer o que.

Haviam pouquíssimas chances de escapar. Uma criança de sete anos em uma gaiola, extremamente doente, embora não parecesse e ninguém pudesse dizer quanto tempo tinha de vida. O som agudo perfurava os tímpanos da espiãs como uma afiadissima agulha, parecia não ter efeito sobre Natália, enquanto estivesse longe, mas o barulho aumentava gradativamente com sua proximidade.

A menina olhou em volta, buscando algo que lhe pudesse servir a algum propósito, mexeu no cabelo, encontrando uma pregadeira tic tac. Numa hora dessas agradecia por ser tão cuidadosa com as próprias coisas. A fechadura era antiga como nos filmes de ação.

Ela abriu após remexer a pregadeira dentro da abertura e silenciosamente, saiu da gaiola, sentindo uma aumento de pressão nos ouvidos. Mordeu o lábio inferior com força a ponto de arrancar sangue, ignorando o que parecia ser uma maldita dor de dente, aguda e insuportável, entretanto perfurava seus ouvidos, olhando para o dispositivo deixado sobre a mesa e jogou o com força contra a parede, aliviando as mulheres.

Correu até Natasha, que estava ajoelhada no chão, notando que escorria sangue das narinas da ruiva.

— Nat, você tá legal?

— Sim... Eu só preciso de um minuto, baixinha. — Romanoff a olhou orgulhosa. — Ótimo trabalho.

A menina sorriu.

— O que a gente faz agora? — Yelena se levantou parecendo que havia sobrevivido ao pior show de música de sua vida.

— Vou atrás do treinador. Leve a Natália para o mais longe que puder deste lugar.

— Não vou a lugar nenhum sem você! — Esbravejou a loira.

— Eu não estou pedindo! — Respondeu séria. 

Yelena ficou alguns segundos a olhando, e com aquelas palavras ecoando em sua mente, assentiu. Tomou a menina pelas mãos e correu o máximo que podia e direção a saída. Haviam ainda alguns guardas no caminho, mas nada do que não pudesse cuidar, não é mesmo?

— Rendam-se! Não há como escapar. — Ordenou um dos guardas, Yelena levantou as mãos fingindo rendição enquanto Natália pegou um cano de ferro que estava no chão e acertou a cabeça do mesmo.

— Não fui eu que te ensinei isso, viu?

A ruivinha sorriu jogando o ano no chão.

A coisa só ficou complicada, quando chegou na porta, que por sua vez estava repleta de guardas.  Elas recuaram. Yelena sacou as armas e olhou para a menina.

— Isso não vai ser nada fácil, baixinha. — Deu um passo a frente e estalou o pescoço. — Eu gosto de desafios.

De fato um dos maiores desafios que já tivera na vida, fora reconhecer que além do que havia sido criada para ser, ela era algo mais. Natasha a ensinara isso sem sequer fazer idéia do conceito. Era uma menina aparentemente frágil e ingênua, criada para ser uma máquina perfeita de destruição e morte, mesmo que ninguém nunca tivesse lhe dito o significado daquilo. Até a noite em que atirou contra o guarda no pátio da Sala Vermelha, não fazia idéia do peso que tinha um assassinato, ou de como aquilo a assombraria por anos.

Operação Volgogrado | Natasha RomanoffOnde histórias criam vida. Descubra agora