Capítulo Trinta e Quatro

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—Ian!

—Não. Um zilhão de vezes não.

—Um zilhão não existe. —Digo.

Meu meio-irmão me mostra a língua e minha mãe mande que ele pare.

—Espere só seu pai chegar que você vai tomar banho.

—Não vou não. Eu já tomei ontem.

—Quer virar Cascão? É isso?

De novo, ele me mostra a língua. Ian com certeza adora fazer isso tanto quanto eu adoro chamar ele de Cascão. Da entrada da cozinha, vovô ri de nós e depois volta para o sofá, pois agora ele está interessado em programas sobre a vida animal e sobrevivência no Alasca. São programas interessantes se você dedicar um tempo e paciência.

Continuo segurando a toalha de Ian, que é do Ben10, o tema também da festa dele. Tinha enchido as bexigas há uma hora e agora tenho que colocar o aniversariante no banheiro antes que ele decida se trancar lá e não ligar o chuveiro até que seus amigos cheguem.

—Mas eu não quero. Meu pai disse que...

—Não me importo, Ian! —Mamãe grita e eu prendo uma risada —Vá para o banheiro ou vou ligar para seus amigos e dizer que não vai ter festa nenhuma.

—Mas eu fiz todos os deveres.

—Não fez mais que sua obrigação. Estou certa?

—Não! —Gritou ele, revoltado e começando a ficar com lágrimas nos olhos e o rosto todo vermelho.

—Pare de chorar. Você nem levou uma chinelada ainda. Vá para o banheiro.

Ele foi, finalmente. Lhe entreguei a toalha antes que ele decidisse bater a porta e se trancar. Voltei à cozinha e encontrei minha mãe tentando controlar a respiração, mas ela está calma. Pelo menos parece calma.

—Mãe?

—O quê? Ele não foi para o...

—Ele foi. Escuta, eu... Posso ir na casa de um amigo no sábado?

—Que amigo?

—O mesmo do trabalho da escola. Robson foi me deixar lá.

—Só se Robson tiver dinheiro para gasolina. Aí você pode ir. Eric, posso te perguntar uma coisa?

—Acho... Pode, claro. —Meu pulso acelerou de repente.

—Algum dos seus amigos... é... Entendido? Digo, eles sabem do que gostam e o que querem?

—Ah... Não. Não sei.

—Não?

—Não. A gente não conversa sobre isso.

—E conversam sobre o quê?

Sobre tudo, mas havia coisas que minha mãe não precisava saber que eu conversava.

—Sobre a escola e poucas vezes sobre sair, como agora. Por favor. Fala com Robson.

—Porque você não fala?

—Porque eu não gosto dele. —As palavras escaparam muito rápido, foi um erro não ter pensado antes ou ter usado um eufemismo.

Minha mãe se virou segurando uma colher melada de brigadeiro. Ela bufou e jogou a colher na pia com agressividade. Mas que bom que não decidiu jogar em mim ou na minha direção. Encarei-a como sempre acontece quando vamos discutir, puxei isso dela, então ela não pode simplesmente reclamar.

—Não entendo seu problema com ele.

—Robson também não gosta de mim, mãe. Está na cara que não gosta. Apenas me atura.

Nos Vemos à Meia-noite (Romance Gay)Where stories live. Discover now