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» You have no idea how much I care about you «

(André)

8 de dezembro de 2021

Apesar de hoje ser feriado, acordo pouco depois daquela que é a hora normal, por força do hábito. Levanto-me para tomar o pequeno-almoço e, depois da refeição mais importante do dia, eu finalmente sigo os conselhos da minha mãe e vou retirar as decorações de Natal das caixas para enfeitar a casa.

Sempre adorei o Natal, é a minha época favorita, mas nunca fui propriamente a pessoa com mais paciência para enfeitar a casa, tarefa que cabia sempre à minha mãe, visto que eu e o meu irmão só ajudávamos mesmo a decorar a árvore. Desde que vivo sozinho, a minha mãe costuma vir sempre ajudar-me, mas, este ano, temos andado os dois muito ocupados, por isso ela veio cá apenas deixar os caixotes e incumbiu-me da tarefa de decorar o meu apartamento sozinho. Os caixotes têm estado na sala há mais de uma semana, mas ainda não tinha tido tempo nem vontade, por isso tenho de aproveitar este tempinho que tenho para arrumar este assunto.

Enquanto estou a montar o pequeno pinheiro artificial, o meu telemóvel dá sinal de chamada, por isso eu interrompo a minha tarefa para ir atender o telemóvel. O nome da Carolina aparece no ecrã e um sorriso surge automaticamente no meu rosto.

- Bom dia! – cumprimento, ao atender a chamada.

- Bom dia, André. – ela cumprimenta de volta e a sua voz não me soa nada bem.

- Que vozinha é essa? Aconteceu alguma coisa? – pergunto, preocupado.

- Não aconteceu nada, exceto o facto de eu estar com uma constipação descomunal. – ela funga – Ontem vim embora do trabalho a meio do dia, porque estava com umas dores de cabeça infernais. Dormi pessimamente e sinto que me passou um camião por cima. – ela queixa-se e eu quase me rio com a sua descrição – Acho que vamos ter de cancelar os nossos planos de hoje. – ela murmura, tossindo.

Eu e a Carol tínhamos combinado aproveitar o feriado para irmos almoçar juntos, passear pela baixa do Porto para ver as luzes e decorações de Natal, depois irmos dar uma volta pelo ringue de patinagem e beber um ótimo chocolate quente. Tínhamos planeado o dia perfeito para passarmos algum tempo juntos, aproveitarmos a companhia um do outro e, simplesmente, desfrutarmos da relação que temos construído. Acima de tudo, neste momento, sinto que voltámos a estar num ponto em que somos bons amigos e acho que a Carol já confia mais em mim e isso é bom. Sinceramente, acho que, no ponto em que estamos, nem me importo se ela nunca chegar a olhar para mim como mais do que um amigo.

- É uma pena, mas fica para outro dia, Carol. O que importa agora é que tu fiques bem. Ninguém quer que andes aí doente a cair pelos cantos. – gracejo.

- Eu não ando a cair pelos cantos. – ela riposta e eu gargalho – Mas sim, tenho de me pôr boa. Vou passar aqui o dia embrulhada em mantas, deitada no sofá a ver uma série ou um filme para deprimir.

- Esse plano é uma treta. Não vais ficar sozinha. – decido.

- A menos que me tragas um animal de estimação para me fazer companhia, eu vou ficar sozinha. – ela afirma.

- Eu não sei exatamente o que achas de mim, mas sou eu quem te vai fazer companhia. – digo – Não te vou deixar ficar aí o dia todo sozinha a deprimir. Que me dizes de eu te levar algum almoço quente e passarmos a tarde a fazer uma maratona de Harry Potter?

- Não, André, ainda ficas doente também. – ela nega.

- Não fico nada. E se ficar, paciência. Não há forma nenhuma de eu te deixar aí sozinha o dia todo. – afirmo, convictamente – Eu sou mais teimoso do que tu.

Flirtationship | André Silva ✔️Where stories live. Discover now