Prólogo

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E lá estava ela passando por aqueles malditos corredores numa pressa assustadora.

Miranda Priestly, O Diabo em Prada ou Rainha de Gelo.

A mulher de cabelos nevados e paciência limitada havia pedido seu café escaldante àquela manhã, mas Andrea tinha esquecido completamente. Na verdade, não ela, mas sim Emily! E era um atitude totalmente impensada já que ambas as mulheres estavam inundadas de afazeres graças ao mau humor de Miranda.

Porém, por um milagre divino, e com o copo na mão, Andrea seguiu até a sala de Miranda colocando calmamente o vidro reciclável em sua mesa. Hoje ela estava ardentemente nervosa. A última experiência com Miranda não havia sido nada agradável, ouviu poucas e boas da rainha da moda. Entrar naquela sala era um desafio a ser enfrentado. E graças a Nigel, ouviu e aprendeu os mais sábios conselhos, não cairia em maus lençóis novamente.

Depois de ter a brilhante idéia de ir para o famoso 'armário', agora Andrea se encontrava voltando para sua mesa totalmente diferente de antes. Podia-se dizer que até irreconhecível. Uns pensariam ser exagero, mas aquela não era a mesma Andrea. De forma alguma seria!

Depois de Miranda a chamar de gorda e até mesmo estúpida, Andrea decidiu que deveria tomar uma providência. Dar a volta por cima e urgente! Não havia feito nada de tão grave para tal ação, mas até que entendia de certa parte. Porém, jamais Miranda precisava chamá-la daquele jeito. Óbvio que ela sabia da importância das meninas para Miranda, mas ela não queria que surgisse por aí que Miranda Prieslty havia sido morta em uma queda de avião. Ela fez o possível e o impossível, mas ainda assim não se arrependia de tal fim.

Com lágrimas escorrendo pelos seus doces olhos castanhos, Andrea seguiu até a sala de Nigel com o rabo entre as pernas. Desabafou com o homem que, além de passar a mão em sua cabeça, simplesmente lhe deu um sermão de quase uma hora. Ali não era um trabalho de esquina, mas sim uma das revista de moda mais famosas de toda a cidade e país! Aquilo foi o necessário para abrir os olhos de Andrea para que ela pudesse ver que ali não era um parque de diversões mas sim um trabalho sério e lucrativo. De valor bilionário!

Foi ali, aparentemente tarde demais, que Andrea notou que não importa o que ela fizesse, ela tinha que surpreender Miranda cada vez mais. A idéia aguçou seus sentidos e ela soube que não era mais sua assistente quem prevalecia ali. Era Andrea Sachs, uma mulher que Miranda jamais conhecera. Ela entendia desde muito tempo que o que se passava consigo não era apenas desejo de lealdade ao trabalho. Ela queria impressionar Miranda, como pessoa, não como assistente.

E foi por isso que com a ajuda de Nigel ela se encontrava impecável. Estava sexy, se sentindo confiante e intocável naquelas botas Chanel. Não apoiava muito a idéia, mas de alguma forma, ter todo aquele glamour e dinheiro em seus dois pés era maravilhoso. Se sentia bonita, irresistível e queria fazer jus à situação.

Quando ouviu os passos tão conhecidos naquele andar silencioso, seu coração começou a acelerar. Seu ponto de pulso estava elevado, não entendia perfeitamente, mas adorava aquele efeito intimidador que Miranda tinha e ela só estava andando!

Com o seu sorriso inocente, mas por dentro carregado de luxúria e sedução, Andrea viu a mulher jogar sua bolsa e casaco em sua mesa sem ao menos a olhar. E essa atitude a fez revirar os olhos. Uma mulher muito complicada e difícil! A frustração ficou clara no rosto de Andrea, de certa forma. Havia se preparado aquele tempo todo para nada? Era isso? Ela havia falhado miseravelmente na sua tentativa de conquista?

Respirou fundo e seguiu seu plano que de impressionar, havia se tornado um plano de pura sedução. Ela sabia que Miranda também sabia jogar e ela sabia muito bem que a mulher não era de perder nenhum jogo! Mas com Andrea as coisas eram diferentes... Ou ao menos gostaria de pensar que fosse assim.

Ela não era como os outros que abaixavam a cabeça facilmente para Miranda por conta de seu medo. Ela persistia, enfrentava. Não era de ferro, certas coisas a machucaram de fato, mas ela jamais perdia. Ou ganhava, ou era um empate. Não se deixava ficar para trás!

Respirando fundo, guardou o casaco e bolsa da mais velha. Em seguida, Andrea andou até a sala de Miranda como se não quisesse nada e parou em frente a sua mesa. Seu corpo agora mais elevado, costas erguidas, cara de coragem e bravura.

Aliás, agora ela era uma nova Andrea, não?

Assim que a chamada foi encerrada, Miranda ao olhar pra cima sentiu o ar sair de seus pulmões. Andrea notou, ela conhecia cada detalhe de Miranda mesmo que em pouco tempo habitando daquele prédio como sua assistente. 1×0 para ela.

- Deseja algo, Miranda?

Sua voz aparentemente estava mais doce, até meio sensual. Não queria deixar tão claro, mas ter os olhos azulados dançarem por cada curva do seu corpo era demasiadamente quente. E logo sentiu o calor crescer por cada pedaço de seu ventre. A pergunta tinha sim, o seu segundo sentido, mas que Miranda o descobrisse!

- Sim, Andreah. - Miranda respondeu com aquela voz que derrubava todas as suas barreiras. - Eu tenho.

Aquele sotaque. Maldito sotaque! 1×1, era um empate. Andrea praguejava internamente. Se Miranda já havia notado o seu jogo, seria um extremamente complicado mais tarde. Miranda tinha um efeito desconhecido e assustador sobre seu corpo, deixando Andrea mais entregue ainda.

Bom, por enquanto.

- O que posso fazer por você?

Os olhos da mais velha subiram por seu corpo numa lentidão torturante. Os olhos azuis observavam cada mínimo pedaço, focando mais nos pontos de relevo. Como quadril, seios, ombros. Andrea estava adorando aquilo! Pelo jeito havia servido de alguma coisa toda a sua produção.

A idéia de ter Miranda hipnotizada em si, em seu corpo, era tudo o que mais queria!

- Quero que vá atrás dos lenços Hermes, que chame Nigel aqui em menos de sete minutos e peça flores das mais belas para serem entregues na residência de Donatella. - As ordens tiravam Andrea de seu eixo, seria difícil. O jeito que Miranda era exigente, mandona. Ah, esquentava cada molécula de seu corpo. Será que ela também era uma cretina na... - Mande também o almoço de minhas filhas. Elas desejam lasanha. Uma enorme bomba calórica, mas fazer o quê? São minhas Bobbseys!

Andrea sorriu, anotando cada detalhe em sua agenda mental. Já havia começado a treinar seu cérebro a aceitar as inúmeras exigências de Miranda, e não estava sendo tão difícil assim.

- Algo mais? - Mordeu sutilmente os lábios e Miranda observou o movimento que mais parecia em câmera lenta.

Os dentes retos e grandes largaram lentamente a carne rosada. Miranda suspirou, olhando para Andrea com uma intensidade de atravessar sua carne e tocar a alma. Mas sem que ela falasse algo a mais, Miranda simplesmente sussurrou:

- Isso é tudo!

Com essa deixa, Andrea seguiu para fora da sala sem antes esquecer de elevar seu quadril, dando a Miranda uma bela visão de seu traseiro em um rebolado sedutor e atraente. A mais velha apertou em punho a sua mão, uma possessividade e desejo crescendo em seu corpo. Andrea estava lhe provocando, e ela sabia disso muito bem.

É jogo sujo que Andrea deseja fazer? Miranda também sabe, e sabe muito bem!

Provocação e Desejo  • MirandyWhere stories live. Discover now