Capítulo 31: Por que você está sorrindo tanto?

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Pov Bianca

Está me traindo?@diogomelim

Devo dizer que não esperava por isso.

Pov Rafaella

Não que eu não estivesse bem hoje, mas fiquei até tarde conversando com Manu e Daniel, separadamente, mas ao mesmo tempo. Dessa vez Bianca não escondeu o destino, eu soube logo de cara que visitaríamos um instituto Árabe, uma espécie de museu, e à noite... Ópera da Bastilha. A sede da Ópera Nacional. E eu sei lá como ela soube, mas eu sou apaixonada por ópera.

O tempo passou, nos encontraríamos bem em frente à agência. Dessa vez Miguel estava bem na porta.

— Bom dia!— ele era bem sorridente, quase contagiante.— Hoje a maninha vai arrasar com vocês.— ele sorriu, e eu fiz o mesmo pelo modo como ele a chamou.

— Ela sempre arrasa!— isso não saiu de mim.— Não é, mamãe?

— Sim! Ela sempre arrasa.— concordei com veemência e ao fundo, Bianca surgia.

— Bom dia!— esse bom dia foi o mais animado desde... sempre? Por milésimos de segundos eu franzi a testa.— Como estamos? Por que hoje vou arrasar!

E assim ela ficou andando para lá e para cá, dentro da agência ainda.

— Você está sóbria por acaso?— perguntei na cara de pau assim que saímos. Nicholas riu da pergunta junto com Bianca.

— Claro que sim! Sou profissional!— ela me olhou incrédula, porém aquele sorriso não abandonava seu rosto.— Vamos, daqui a pouco chegaremos.

Esse daqui a pouco parecia uma eternidade. E talvez Bianca não tenha largado seu celular. O que eu não ligo, ontem fiquei ao telefone por horas... mas qual é?

— Não que eu tenha dir—

— O Diogo te mandou um beijo.— ela soltou do nada. Então esse é o motivo do sorrisinho dela durante esse tempo todo?

— O Diogo?— pergunta retórica.

— Ele me chamou ainda ontem, esse bobo... perguntou se eu estava o traindo com você. Vê se pode? Tem cabimento uma coisa dessas?— ela questionou. Senti algo no peito.

— Assim você me ofende, sabe?— respondi de ego ferido. Mas ela não percebeu, está ao celular.

— E...— ela guardou o celular.— Chegamos!

Nem notei o caminho percorrido até aqui, mas estamos agora no Instituto Árabe.

— Vamos conhecer um pouquinho da cultura deles...— ela me puxou, sorrindo ainda.

— Um lugar que você não domina?— perguntei surpresa. Ela me olhou de relance, sorrindo.

— Talvez... considere que sim. Então vamos aprender juntas.

Pov Bianca

Mergulhamos juntas em um verdadeiro mar de conhecimento. Eu não costumo trazer clientes aqui pois eles próprios falam que preferem outra coisa. Estamos na Europa, lidando em maioria com norte-americanos... sabe o preconceito? Então. Mas Rafaella é diferente. Eu soube desde o início que ela veria Paris como é. Veria a França como é. Um lugar de todos, absolutamente todos.

O Instituto conta a história de vários países, rolam exposições fixas e temporárias. Um grande espaço cultural parisiense dedicado à civilização árabe, mantido em parceria da França com 22 países da região entre a Ásia Ocidental e o Norte da África.

Sabe o que fizemos? Pegamos um encarte, cada uma, e lemos.

"O centro cultural possui uma coleção permanente, que conta a história da civilização árabe e mostra ao público a diversidade desta cultura – religiões, multiplicidade de línguas, comportamento, etc. As coleções temporárias também são interessantíssimas, sobre os mais diversos temas. Além dos espaços para as exposições, o também conta com um elegante no 9º andar e uma imensa biblioteca para quem quiser conhecer e compreender melhor a cultura e a história os países árabes, além de salas para eventos como shows de música, projeções, encontros e debates.

O edifício, projetado pelo renomado arquiteto francês Jean Nouvel, é uma atração à parte e chama a atenção de todos que passam por ali. Seu estilo mistura a modernidade com os traços tradicionais da cultura árabe. A fachada de vidro é inspirada em , com pequenos círculos que se abrem ou fecham ao longo do dia para controlar a entrada de luz no prédio. Do outro lado, desenhos e arabescos que lembram a caligrafia islâmica."

— Nós definitivamente vamos ao restaurante!— eu falei mais empolgada do que o normal. Rafaella me olhou.

Está sendo hilário! Eu só estou feliz por estar conversando com o Diogo novamente. Ele praticamente me acolheu na faculdade. Jamais esquecerei. Estou feliz de verdade! E por falar nele...

— Me deixe ser profissional!— foi a única coisa que falei assim que atendi. Rafaella não estava perto de mim, estávamos subindo para o restaurante, já que havíamos explorado grande parte do lugar. Depois iríamos ao terraço do lugar, que dizem ter uma vista fascinante.

O restaurante era no 9° andar, estávamos no 8°, então não houve a necessidade do elevador.

— Ligarei assim que você terminar com a Kalimann, então.— e assim ele desligou na minha cara com a mesma educação que usei ao atender. Isso mesmo, nenhuma.

— É um baita restaurante.— ouvi Rafaella e me aproximei.

É, era um baita restaurante.

(...)

— Eu não sei nem pronunciar shawarma.— Rafaella me olhou rindo.

— Comer comida árabe em qualquer outro lugar com certeza não se compara a fazer isso dentro de um restaurante árabe.

— Eu acho que nunca tinha experimentado algo assim... como é o nome disso, mesmo?— ela apontou para uma espécie de pasta.

— Homus.

— É magnífico!

— E é simples! Comida boa, é a comida simples! Digo com propriedade. Os pratos mais vendidos na França são simples. Turista que idolatra tudo.

— Você é a patriota mais esquisita que eu já vi! Sério! Você ama esse lugar mas não perde uma oportunidade de falar m—

— A verdade! Amo esse lugar, mas não sou hipócrita.

— O que é hipócrita?— Nicholas abre a boca em momentos certos mesmo....

— Hm... quando alguém cobra uma postura que essa pessoa mesmo não tem.— respondi.— Entendeu?

Para a minha surpresa sim, ele entendeu de primeira.

— Me conta... você e o Diogo?— Rafaella me olhou com AQUELE olhar.

Me defendi na mesma hora!

— Não! Credo! Eu e ele?— minha expressão pode ficar mais incrédula do que está agora? Por que se sim, que fique!— De onde tirou isso?

— Foi apenas uma pergunta! Você está sorrindo o dia todo desde que ele te chamou ontem... apenas curiosidade.— ela também se defendeu, do que?

— Embora ele seja bonitinho... sabe que você me deu uma nova visão agora, Kalimann?— a olhei sorrindo.

Não, não me deu.

Pov Rafaella

O celular dela vibrou sobre a mesa.

@diogomelim

— Não temos que ir para a ópera?— perguntei e levantei. A conta já estava paga.

— Rafaella! Hey! O que foi?— ela me virou pelo braço, sem entender.

— Nada? Realmente vamos perder o espetáculo.— mostrei o horário e ela viu que eu estava certa.

O Diogo me paga!

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